Produtor derrama 300 litros de leite por falta de energia

O agricultor Arualdo Honorato dos Santos, que mora no Ramal Cachoeira, distante 20 quilômetros da sede do município de Xapuri, derramou 300 litros de leite na semana passada. O motivo do desperdício foi a falta de energia que, por ser frequente, está desestimulando os produtores de leite da localidade. Eles estão pensando em devolver um tanque de resfriamento, que foi cedido pela Secretaria Estadual de Agricultura e Pecuária (Seap).

As interrupções, segundo o morador, são por causa da ausência de um dispositivo de segurança chamado por ele de “canela”. “Este ramal tem 16 quilômetros. Quando cai um pau sobre a fiação, toda a rede é deligada. Eu, que moro a dois quilômetros da BR 317, sofro as mesmas consequências de todos os moradores porque só existe uma canela em toda a extensão do ramal”, justificou Arualdo, que estava acometido por um misto de desolação e revolta.

Morando em uma propriedade de 92 hectares, o produto possui um rebanho de 70 vacas, que lhes dá uma renda mensal de R$ 1.500. Ele cogita a possibilidade mudar de atividade, pois fez um empréstimo no Banco da Amazônia (Basa). “Primeiro eles 9governo] estimularam a pecuária leiteira que não precisa desmatar. Depois melhoram o ramal, dão financiamento e trazem um tanque pra cá. Esse problema é tão pequeno”, questiona Arualdo, dizendo que já perdeu o produto inúmeras vezes.

A reportagem procurou a direção da Eletrobrás Distribuição em Rio Branco. O gerente de serviços da empresa, Danilo Klein, disse que o problema é causado pelos próprios moradores. Segundo ele, não é a ausência de chaves de proteção. “Toda vez que acontece um problema, o dispositivo é acionado normalmente. Aí acontece o seguinte: as pessoas vão até lá com um artefato caseiro, apelidado de ‘peia’, e religam a energia. Dessa forma, os técnicos não sabem o exato local do problema”, explicou Klein.

Além dificultar o trabalho dos técnicos, as “gambiarras”, feitas com arames ou correntes de motocicletas, colocam em risco a vida dos moradores. “Eles não sabem o risco a que estão submetidos”, alertou o gerente, anunciando que a empresa iniciará uma campanha educativa nos meios de comunicação. “Iremos também pessoalmente às comunidades”, acrescentou ele.

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Publicado por
Alexandre Lima