O poder nãs mãos dos Rodrigos.
Procurador-geral da República, que denunciou Michel Temer no caso JBS, afirma que sem a delação de integrante da organização ‘não seria possível identificar o complexo esquema de pagamento de propina envolvendo o presidente da República, um deputado federal, um senador . O procurador-geral da República Rodrigo Janot avalia que sem a delação do empresário Joesley Batista, da JBS, não seria possível identificar ‘o complexo esquema de pagamento de propina’ envolvendo o presidente Michel Temer. Com 33 anos de Ministério Público,Rodrigo Janot trava um embate histórico com o presidente, a quem acusa formalmente por corrupção passiva no caso JBS.
Rodrigo Janot está convencido de que Temer era o destinatário real da propina de R$ 500 mil – 10 mil notas de R$ 50 – que o ex-deputado Rocha Loures (PMDB/PR) recebeu em uma mala preta na noite de 28 de abril no estacionamento de uma pizzaria em São Paulo.
O deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) já era um homem resignado depois da conquista da presidência da Câmara dos Deputados em 2017. Aos 47 anos, dizia a interlocutores que não voltaria a disputar cargos para o Poder Executivo, depois que eleitores só lhe deram 2,9% dos votos válidos na briga pela Prefeitura do Rio de Janeiro em 2012.
Espreitado pela Operação Lava Jato, estava mais preocupado em se preservar do que em arriscar. Mas se prepara, agora, para assumir interinamente a presidência da República em caso de afastamento do presidente Michel Temer (PMDB). Enquanto Temer luta pela sobrevivência e pelo apoio minguante do Congresso, Maia faz um jogo duplo: posa de fiel aliado do presidente sem mover um dedo para salvá-lo.
O presidente da Câmara dos Deputados evita despontar nos holofotes como interessado na cadeira de Temer. Mas deixou Temer à própria sorte. Nos bastidores, influenciou na escolha do deputado federal Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) como relator da proposta de ação penal contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), afirmou ser “constrangedor” ter um presidente da República denunciado no Supremo Tribunal Federal (STF). Encarregado da escolha do relator da denúncia por corrupção contra Michel Temer (PMDB) na comissão, o parlamentar disse ainda que sua decisão levará em conta critérios técnicos, como conhecimento jurídico.
“É constrangedor para todo brasileiro ter um presidente da República denunciado criminalmente no STF. A pura existência da denúncia já é um fato grave e que tem que ser encarado com a maior responsabilidade possível”, declarou Pacheco.
Loures foi gravado em conversas com o empresário Joesley Batista, em que demonstram, para a PGR, tráfico de influência. Ele foi flagrado em uma das ações controladas da PF recebendo uma mala com R$ 500 mil da JBS, que seria parte de uma propina a ser paga a ele e a Temer. O presidente e Loures foram gravados pelo empresário Joesley Batista, dono da holding J&F, que acusa ambos de cobrarem propina em troca de favores no governo. Eles negam as acusações.
Para assessores próximos de Michel Temer, Janot tem sido irresponsável nas acusações a Temer, omitindo, nas gravações e e-mails trocados entre Loures e Batista, trechos que inocentam o presidente.