Brasil

Presidente da ApexBrasil critica juros altos e rotatividade entre BC e mercado financeiro

Jorge Viana diz que Selic elevada é “injustificável” com inflação controlada e critica carreiras milionárias de ex-autoridades monetárias no setor privado

O ex-governador também mirou a migração de ex-presidentes do BC para cargos em bancos privados: *”Todo ex-presidente do Banco Central vira banqueiro. Foto: cedida 

Em entrevista coletiva, o presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), Jorge Viana, atacou a política de juros do país e a proximidade entre ex-dirigentes do Banco Central e o setor financeiro. Para ele, a taxa Selic atual, uma das mais altas do mundo em termos reais, é incompatível com a inflação controlada e prejudica a competitividade da economia.

“Temos quase 200 países no mundo. Por que o Brasil precisa ter a maior taxa de juros com uma inflação de 4,5%, 5%? Nenhum outro país faz isso”, questionou Viana, que já foi prefeito, governador do Acre e senador. Ele destacou sua trajetória no setor público e acadêmico para reforçar a crítica: “Não consigo entender essa política, que desestimula investimentos e produção”.

Relação com o mercado financeiro

O ex-governador também mirou a migração de ex-presidentes do BC para cargos em bancos privados: “Todo ex-presidente do Banco Central vira banqueiro, ganhando 1, 2, 3 milhões por mês quando sai. Isso é uma ação difícil de explicar”. A declaração surge em meio ao debate sobre a independência da autoridade monetária e possíveis conflitos de interesse.

Viana defendeu que o Brasil poderia reduzir os juros sem risco de descontrole inflacionário, liberando crédito para empresas e fortalecendo a indústria nacional. A Selic atualmente está em 10,5% ao ano, enquanto a inflação acumulada em 12 meses fica em 4,6%, dentro da meta do regime de metas.

A fala do presidente da ApexBrasil ecoa críticas de setores produtivos, que pressionam por um afrouxamento monetário para estimular o crescimento. O Banco Central, no entanto, mantém cautela, citando incertezas externas e pressões domésticas sobre os preços.

Viana ainda alertou sobre os impactos negativos dos juros altos sobre o crédito e o desenvolvimento econômico. “Você perde competitividade. Vão pegar dinheiro no banco, a que custo? Isso atrasa um país”, completou.

A fala do presidente da ApexBrasil se alinha às pressões que o governo federal vem fazendo sobre o Comitê de Política Monetária (Copom) para a redução dos juros, em meio ao desafio de estimular o crescimento sem comprometer o controle da inflação.

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Publicado por
Marcus José