A aposentada Maria de Jesus também se preocupa com a alta dos preços: “Sempre preferi peixe, mas agora está difícil. A gente tem que escolher bem o que pode levar.” Foto: cedida
Redação Juruá Online
Nos últimos meses, os consumidores de Cruzeiro do Sul têm enfrentado um aumento significativo no preço do peixe, tornando-o até mais caro do que a carne vermelha. Esse aumento tem sido atribuído a diversos fatores, incluindo o custo da ração utilizada na piscicultura e o aumento nos preços do transporte.
O matrinxã, que antes era repassado a R$ 18 ou R$ 19, agora está sendo comprado pelos comerciantes por R$ 22 ou R$ 23 e vendido por até R$ 27. O tambaqui, por sua vez, que antes era adquirido por até R$ 19 pelos vendedores, está sendo repassado ao consumidor por cerca de R$ 25 a R$ 26.
De acordo com José Francisco do Carmo, que vende peixes no mercado há cerca de 18 anos, a alta no custo da ração tem sido um dos principais fatores para o aumento dos preços. “Esse valor tem que ser repassado para nós também. A venda caiu um pouco porque os consumidores sentiram o impacto,” afirma o comerciante.
Outro vendedor, José Oliveira, compartilha a mesma preocupação: “A gente comprava esse peixe por R$ 20, agora está a R$ 22. A ração aumentou bastante, e o transporte também. No final, é o consumidor que acaba pagando a conta.”
Segundo os comerciantes, o preço na ração chegou a aumentar até R$ 21 por cada tipo.
José Cleiton da Silva, também comerciante, destaca que os consumidores estão comprando quantidades menores: “Antes, levavam um peixe inteiro. Agora, levam pedaços menores para não pesar tanto no orçamento.”
As donas de casa Ana Lúcia de Freitas e Raimunda Marques sentem diretamente esse impacto.
“O peixe está mais caro do que a carne. Estou comprando menos e economizando,” lamenta Ana Lúcia. Já Raimunda Marques destaca que, apesar do preço elevado, o peixe continua essencial na mesa dos acreanos. “Não deixo de comprar porque é um alimento saudável, mas o valor está muito alto.”
A aposentada Maria de Jesus também se preocupa com a alta dos preços: “Sempre preferi peixe, mas agora está difícil. A gente tem que escolher bem o que pode levar.”
Luis Fahrenheit, professor da Universidade Federal do Acre (UFAC), explica que a dependência do peixe do rio Juruá diminuiu.
“Hoje, a maior parte do peixe consumido em Cruzeiro do Sul vem de criadouros em tanques. Isso garante a presença do produto no mercado, mas também aumenta o custo devido à necessidade de ração. O preço do peixe supera até mesmo o da carne bovina e suína,” esclarece o professor. Segundo ele, os peixes que mais tiveram aumento foram a pirapitinga, o dourado e a tilápia, com reajustes de 10 a 20%.
O consumidor segue sentindo no bolso a alta dos preços e buscando alternativas para manter o peixe na mesa sem comprometer o orçamento. Foto: cedida
Francisco Valdeci Rodrigo dos Santos, presidente do Mercado do Peixe, também ressalta o impacto dos custos operacionais:
“O aumento da gasolina e do óleo diesel afeta o transporte, elevando os preços. Além disso, estamos no período do defeso, o que reduz a oferta de peixes do rio. Quando esse período passar, acreditamos que a demanda do mercado possa estabilizar e possivelmente diminuir os preços,” afirma.
Enquanto isso, o consumidor segue sentindo no bolso a alta dos preços e buscando alternativas para manter o peixe na mesa sem comprometer o orçamento. Resta aguardar as próximas movimentações do mercado para ver se os preços voltam a um patamar mais acessível.