“Por muito tempo plantaram ideias no Acre que prejudicaram seu desenvolvimento”, diz pesquisador

De acordo com ele, por ser tão rica em biodiversidade, a área gera disputas fora do país, e poderosos tentam impedir que a nação usufrua daquilo que a pertence, vendendo falsas ideologias que são abraçadas por aqueles que lucram com o subdesenvolvimento do país.

Luiz Carlos Baldicero Molion é PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin/Foto: ContilNet

Wania Pinheiro e Agência Aleac

Com contestações polêmicas e um discurso que contradiz as últimos posicionamentos a respeito do desmatamento na Amazônia e o desequilíbrio do ecossistema, o pesquisador, metereologista e PhD Luiz Carlos Baldicero Molion segue no Acre realizando suas palestras sobre questões ambientais e práticas humanas.

Foi realizada uma palestra no plenário da Assembleia Legislativa do Acre (Aleac), com a temática: Amazônia, clima global e desenvolvimento regional, com o físico PHD em meteorologia pela Universidade de Wisconsin (USA) Luiz Carlos Molion.

Luiz Carlos Molion foi cientista-chefe nacional de dois experimentos com a NASA sobre a Amazônia, também possui diversos artigos publicados em revistas, onde em especial aborda sobre os impactos do desmatamento da Amazônia no clima e previsibilidade das secas do Nordeste, mudanças climáticas globais e regionais. O pós-doutor é uma referência nacional e internacional em questões climáticas.

O secretário de Produção e Agronegócio do Estado, Edvan Maciel, falou sobre a importância de se promover debates que desmistifiquem falsas ideias sobre o agronegócio e ajudem a alavancar a economia. “O Acre precisa avançar na economia e nós entendemos que a médio e curto prazo só temos uma opção, que são as atividades do setor primário, ou seja, a produção rural, e temos que encarar isso ou ficaremos fadados ao subdesenvolvimento para sempre. Assim teremos um estado melhor, usufruindo tudo de bom que tem a nos oferecer.”

Luiz Carlos Molion iniciou a palestra falando sobre a satisfação em retornar ao Acre após 25 anos depois de sua primeira visita ao Estado. Disse ainda que sua intenção é estimular as pessoas a refletirem sobre alguns assuntos polêmicos e que por muito tempo a região viveu dentro de uma filosofia retrógrada que travou seu desenvolvimento.

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Luiz Carlos Baldicero Molion é PhD em Meteorologia pela Universidade de Wisconsin, USA (1975), pós-doutor em Hidrologia de Florestas pelo Instituto de  Hidrologia, Inglaterra (1983), e acadêmico do Instituto de Estudos Avançados de Berlin (Wissenschaftskolleg), Alemanha, desde 1989.

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“Por muito tempo plantaram ideias nesse Estado que prejudicaram seu desenvolvimento, mas ainda é tempo de modificar isso. É dito que o desmatamento da Amazônia pode interferir nas chuvas e causar impactos globais, e quem fala isso é nada mais nada menos que o Papa Francisco. Quero mostrar a vocês que nada disso possui base cientifica sólida. Quero fazê-los pensar em ações de desenvolvimento que de fato possuem embasamento”, afirmou.

O palestrante seguiu dizendo que não gosta da locução “desenvolvimento sustentável”, uma vez que, de acordo com ele, a frase é um pleonasmo, pois todo desenvolvimento exige sustentabilidade, caso contrário seria destruição. Falou também que o Brasil tem sido taxado em todo o mundo por seu possível problema com o desmatamento, mas na realidade o país é o que mais preserva.

“Falam muito do desmatamento no Brasil, mas nós somos os que melhor cuidamos das nossas florestas. Na Califórnia as florestas estão em chamas, a mídia não fala sobre isso, se fosse aqui a imprensa mundial estaria nos condenando, porque a floresta amazônica é fruto de disputas. 87% do bioma amazônico está preservado, nós preservamos mais que qualquer outro país no mundo.

O pós-doutor seguiu apresentando dados referentes à produção na Amazônia e tambémcomo outros países faturam em cima de produtos advindos daqui.

De acordo com ele, por ser tão rica em biodiversidade, a área gera disputas fora do país, e poderosos tentam impedir que a nação usufrua daquilo que a pertence, vendendo falsas ideologias que são abraçadas por aqueles que lucram com o subdesenvolvimento do país.

“A Amazônia não é fonte de unidade para a América do Sul, é o Oceano Atlântico. O desmatamento total da Amazônia não afetaria o clima global, mas afeta o clima local. A floresta absorve 9G1C/ano pela fotossíntese, 100% das emissões humanas atuais. Teremos desenvolvimento quando investirmos em produção de energia e minérios”, concluiu.

Do evento participaram como convidados especiais o governador Gladson Cameli (Progressista), o chefe da Casa Civil, Ribamar Trindade, o presidente da Federação das Indústrias do Estado do Acre (Fieac), José Adriano, o secretário de Saúde, Alysson Bestene, o secretário de Educação, Mauro Sérgio, o técnico-diretor do Sebrae, Lauro da Veiga Santos, o secretário de Produção e Agronegócio, Edvan Azevedo, o secretário Estado de Indústria Comércio e Tecnologia (Seict), Anderson Lima, a secretária de Empreendedorismo e Turismo, Eliane Sinhasique, e Tião Bicalom, presidente da Emater.

“Quero agradecer o Adriano e os demais envolvidos, incluindo meu amigo e governador Gladson Cameli, pela oportunidade de ter uma referência aqui para falar de um assunto que não discutíamos há anos, pela enganação e mentiras envolvidas no trato com a nossa Amazônia, que precisa ser compreendida e vista como ela é de fato”.

Disse mais. “Queremos pensar em estratégias e caminhos para ver o Acre progredir”, disse Marcio Bittar.

Na ocasião, Gladson seguiu o sentimento de gratidão de Bittar e falou sobre importância da construção de um espaço em que as diferenças e as opiniões sejam compartilhadas, principalmente sobre um assunto tão polêmico como o desenvolvimento sustentável.

“A ideia do Marcio de trazer uma pessoa para discutir essas questões ambientais, envolvendo a Amazônia e os nossos interesses econômicos, mostra que existe uma pluralidade considerada no nosso governo, um respeito às diferenças e às opiniões no trato com nossos demais representantes e com a sociedade. Pelo interesse de mostrar um governo que apoia a liberdade de crenças e de expressão, defendemos como legítima esta prática. Por isso, quero agradecê-los por essa oportunidade e dizer que somos a favor do desenvolvimento”, explicou.

O teórico foi convidado pelo senador Marcio Bittar (MDB)/Foto: ContilNet

O secretário de Saúde, Alysson Bestene, aproveitou a oportunidade para saudar os presentes e abordar a necessidade de eventos desta natureza para o progresso do estado.

“Eu agradeço a todos que estão aqui e podem prestigiar um momento de tamanha importância como esse. O senador Márcio foi inteligente quando fez essa proposta de receber no nosso Acre uma pessoa que vem com outra perspectiva, nos acrescentar novas formas e mudar, de certa forma, nosso entendimento. Esse é o modelo de governo que queremos: o que agrega conhecimento e põe em prática o que planeja”, enfatizou.

Do evento participaram vários convidados especiais/Foto: ContilNet

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Assessoria

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