O homem passará por julgamento em júri popular/Foto: Reprodução
A Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Acre determinou que o policial civil alagoano Jaelson dos Santos Silva, de 40 anos, será levado a júri popular pelos crimes de tentativa de homicídio, ameaça e disparo de arma de fogo em via pública. Expulso da Polícia Civil de Alagoas por diversas acusações criminais, ele agora enfrenta a Justiça acreana pelos atos cometidos em março de 2023, no município de Assis Brasil. A informação é do site 7 segundos.
O caso teve início após um acidente envolvendo o carro de Jaelson e uma motocicleta conduzida por Willes Santos da Silva, na Rua Juvenal Duarte, por volta das 6h30. Após a colisão, Willes deixou o local, mas foi perseguido pelo policial, que utilizou uma motocicleta emprestada de um morador. Durante a perseguição, Jaelson efetuou pelo menos dois disparos com uma pistola calibre .40 contra a vítima, sendo um deles em frente ao quartel do Exército Brasileiro, na BR-317.
Ao chegar ao Ramal Icuriã, Willes perdeu o controle da moto e caiu. Mesmo desacordado, foi agredido com chutes pelo policial. Francisco Américo Santos, irmão da vítima, tentou intervir, mas foi ameaçado e teve um disparo efetuado em sua direção.
O Ministério Público do Acre (MP-AC) recorreu da decisão inicial do juiz da Comarca de Assis Brasil, que havia impronunciado o réu por falta de indícios suficientes para tentativa de homicídio. No julgamento do recurso, o desembargador Elcio Mendes destacou que os elementos probatórios indicavam a autoria do crime, sendo acompanhado pelos demais magistrados da Câmara Criminal.
Jaelson dos Santos já havia sido afastado das funções por 90 dias, em outubro de 2023, a pedido do MP-AC, e teve sua arma recolhida. Além disso, possui uma condenação definitiva por importunação sexual, cometida dentro da delegacia de Assis Brasil.
A decisão da Justiça do Acre reformou a sentença inicial, que havia impronunciado Jaelson, e acatou o recurso do Ministério Público do Estado (MP-AC), que argumentou haver provas suficientes para levá-lo a julgamento. O relator do caso, desembargador Elcio Mendes, justificou a decisão afirmando que “os elementos probatórios não deixam dúvidas de que o réu praticara o crime”.
Jaelson dos Santos Silva já possui histórico de outras acusações. Ele foi condenado por importunação sexual dentro da delegacia de Assis Brasil e afastado das funções em outubro de 2023, por 90 dias, com o recolhimento de sua arma. Além disso, nas eleições de 2022, tentou se candidatar a deputado pelo MDB, utilizando o nome “Negão da Churrascaria”, mas teve a candidatura cassada.
Atualmente, o policial está lotado no setor de depósito de veículos da Polícia Civil, na Vila Acre, em Rio Branco. O júri popular será responsável por definir seu destino, em meio a preocupações sobre sua conduta e o impacto de seu histórico de violência na segurança pública.
O que disse o policial na época?
Em entrevista exclusiva ao ContilNet, dada em 2023, Jaelson informou que deveria recorrer da decisão da Justiça e negou as acusações de de tentativa de homicídio, ameaça e disparo de arma de fogo.
‘Mima’ é policial civil concursado do Acre e está lotado na Delegacia de Assis Brasil/Reprodução
“O cara bateu no meu carro, eu segui ele e ele disse que eu dei tiro nele. Tem testemunha, tem tudo. Vou recorrer”, disse.
O policial disse ainda que as acusações não passam de ‘politicagem’. “Porque eu lancei a minha candidatura a vereador”, declarou o agente sobre as eleições municipais de Assis Brasil no ano que vem.
Carreira em Alagoas
O ContilNet também revelou uma lista extensa de acusações que o policial tem no Tribunal de Justiça de Alagoas, onde foi eleito vereador pelo município de São Brás, com mandato a ser exercido entre os anos de 2017 e 2020.
Em 2019, uma denúncia pediu a cassação do mandato do policial. De acordo com o Tribunal de Justiça de Alagoas, Jaelson teria agredido um cidadão de São Brás, usando do cargo público que ocupava. Ainda no processo, o vereador teria arremessado R$ 500 em direção a Mesa Diretora durante uma sessão da Câmara Municipal de São Brás, proferindo palavras ofensivas aos seus integrantes. Em março de 2020 ele teve o mandato cassado. Jaelson era conhecido no município como ‘Mima’.
Sobre essas acusações, o policial alega que sofria perseguição política no município alagoano. “Eu denunciei a Câmara. Todos os vereadores de lá foram presos”.
Além disso, em 2020, várias denúncias fizeram com que o Conselho de Segurança de Alagoas decidisse devolver Jaelson à Polícia Civil do Acre. Entre elas, pesaram acusações de agressão, comunicação falsa de crimes, desobediência e porte ilegal de armas.
Em relação à essas denúncias, o policial disse que todos os processos já foram arquivados na Justiça de Alagoas.
Jaelson disse ainda que é aprovado por 95% da população de Assis Brasil e que foi homenageado por várias instituições nacionais e internacionais. “Tenho família, filhos. Sou um cara de bem. Combato a corrupção. Tenho trabalho social com crianças”.
Ainda falando sobre o trabalho na Segurança Pública, o policial informou que já foi ameaçado diversas vezes por facções criminosas por combater o crime na região. “Eu sou inimigo do CV e do B13, já recebi várias ameaças por combater a criminalidade na fronteira”.