Um estudo divulgado este mês pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que o Acre avança no desenvolvimento regional a patamares semelhantes ao vivenciado pelo Mato Grosso e o Rondônia. Os pesquisadores afirmam que é preciso ficar atento aos impactos negativos dessa expansão agrícola já experienciados em outras regiões.
“O Acre está prestes a viver uma grande transformação, de magnitude similar à que ocorreu no Mato Grosso e que está em curso em Rondônia. O desafio é aprender rapidamente para evitar as externalidades negativas da expansão agrícola do Mato Grosso e do Matopiba (parte do Maranhão, Tocantins, Piauí e Oeste da Bahia), reforçar o uso organizado e consciente do solo e coibir a devastação ilegal”, diz o estudo, que tem entre os coordenadores o professor Cristovão Henrique Ribeiro da Silva, da Universidade Federal do Acre.
Ainda de acordo com os pesquisadores, as pontes entre Brasileia e Cobija, na Bolívia, e Assis Brasil e Iñapari, no Peru, trouxeram um dinamismo comercial na fronteira oeste do Brasil. A respeito da ponte do Abunã, acrescentam que esta “tende a dar novo fôlego à dinâmica econômica da região. A conclusão da infraestrutura rodoviária bioceânica poderá estimular o papel do Acre como um hub logístico e produtivo do Arco Norte, exercendo uma função muito além de mera passagem de cargas”. E acrescentam: “Nesse sentido, as obras de integração poderão possibilitar que os volumes de produção e de comércio do Acre, junto aos dos estados vizinhos, acumulem ganhos de escala, fator fundamental para tornar viável a rota interoceânica rumo aos mercados regionais e da Ásia-Pacífico”.
Segundo o estudo, a elaboração e execução de políticas públicas de desenvolvimento regional e inovação, que promovam a criação de cadeias de valor nos mais diversos setores, da bioeconomia aos circuitos produtivos agrossustentáveis, serão fundamentais para a materialização da nova realidade prestes a ser vivenciada pelo Acre.
Neste sentido, algumas iniciativas regionais ganham notoriedade à medida que são pensadas para facilitar a articulação entre o desenvolvimento produtivo e as demandas socioeconômicas regionais.
Os pesquisadores destacam que a saída pelo Peru vai permitir dinamismo no comércio internacional do Acre. Eles citam como exemplo Hong Kong, isoladamente o maior sócio comercial do Acre, que tem 93,1% das exportações feitas pelo Acre certificadas no porto de Santos-SP, no aeroporto de Guarulhos-SP (2,3%), no porto de Paranaguá-PR (2,2%), em Itajaí-SC (1,4%) e em Assis Brasil-AC (0,9%).
“Ou seja, quase 97% das exportações acreanas destinadas a Hong Kong saem do país pelos portos brasileiros das regiões Sul e Sudeste. Chama a atenção que 1% do montante destinado àquele país registre saída do Brasil na Ponte da Integração, entre Assis Brasil-AC e Iñapari-Peru”, ressalta o estudo do Ipea.