Pastor é assassinado ao ter casa invadida durante arrastão em rodovia na zona rural de Rio Branco

Pastor Raimundo de Araújo Costa, de 62 anos, foi morto com um tiro durante arrastão na Estrada Transacreana, em Rio Branco — Foto: Arquivo da família

Por Aline Nascimento

O pastor e colono Raimundo de Araújo Costa, de 62 anos, foi assassinado com um tiro ao ter a propriedade invadida na noite dessa sexta-feira (9) na Estrada Transacreana, Rodovia AC-90 no km 70, zona rural de Rio Branco. Os suspeitos do homicídio teriam praticado um arrastão e roubado diversos moradores desde a quinta-feira (8) na rodovia.

A ação criminosa teria se estendido durante o dia e a noite de sexta (9). Um motorista de aplicativo foi preso na entrada do Ramal Macarajuba, no km 68 da rodovia. A polícia conseguiu ainda recuperar alguns bens roubados durante o arrastão.

A reportagem, uma filha do colono, que pediu para não ter o nome divulgado, contou que os bandidos entraram na propriedade de Costa entre 18h30 e 19h de sexta. O pastor estava do lado de fora da casa e foi baleado. Ao perceber a ação dos bandidos, um dos filhos do colono fugiu para a mata e a mãe e a mulher dele ficaram trancadas dentro de casa.

“Meu irmão mandou uma mensagem pedindo socorro à Polícia Militar. Foram chegar na casa depois de 23h30 a meia-noite depois que tudo tinha acontecido. Não levaram nada [bandidos], mas não sei bem como foi tudo. Na casa estavam meu irmão, que conseguiu fugir, minha mãe, que ficou presa dentro de casa, minha cunhada, meu sobrinho e quatro vizinhos. Mas, não consegui conversar com ninguém depois do que ocorreu. Os [bandidos] que mataram meu pai foram os mesmos que fizeram 25 pessoas reféns na Estrada Transacreana”, lamentou.

A mulher acredita que o pai não tenha reagido. Segundo ela, mesmo ferido, o pai foi espancado pelos criminosos e morreu no local. “Atiraram no meu pai e correram atrás do meu irmão quando viram que ele correu, mas não conseguiram pegar ele. A polícia disse que não conseguiu chegar logo porque a estrada é de difícil acesso, sendo que gastamos 30 minutos de carro e a polícia de caminhonete não conseguiu chegar logo”, criticou.

Polícia faz buscas com ajuda de helicóptero na Transacreana — Foto: Asscom/Sejusp

Arrastão

Segundo a polícia, um grupo de criminosos fez 25 pessoas reféns em uma propriedade da Estrada Transacreana, na Rodovia AC-90. Os bandidos teriam levado motocicletas, dinheiro, roupas, gerador de energia, eletrodomésticos, rifle de pressão, celulares, roçadeiras e armas.

Três equipes da Polícia Militar (PM-AC) foram para a localidade e na entrada do Ramal Macarajuba encontraram o motorista de aplicativo parado. Ele tentou explicar o que fazia no local, mas aparentou nervosismo e desconversou. Diante da suspeita, a polícia deu voz de prisão e deixou uma equipe com ele.

O registro policial informa ainda que o local era de difícil acesso e parte do trajeto foi feito a pé pelos policiais. Após mais de um quilômetro de ramal, as equipes encontraram uma casa com 25 pessoas que foram feitas reféns desde às 16h de quinta-feira (8). A polícia teria sido informada do ocorrido por outros moradores da região.

Com a chegada das equipes, os criminosos fugiram para dentro da mata. O motorista de aplicativo confessou que ajudou os bandidos a levar os objetos roubados até o bairro Caladinho, na capital acreana.

Segurança Pública do Acre montou força-tarefa para fazer uma varredura na Rodovia AC-90 após arrastão — Foto: Asscom/Sejusp

Força-tarefa

Na manhã deste sábado (10), a Segurança Pública do Acre (Sejusp) montou uma força-tarefa para fazer uma varredura na rodovia em busca dos criminosos. As equipes contam com ajuda do Centro Integrado de Operações Aéreas (Ciopaer).

Em janeiro de 2020, a Estrada Transacreana foi palco de uma chacina que vitimou seis pessoas. Na mesma noite, os moradores enfrentaram outros tipos ações de criminosos. Após o ocorrido, representantes da Segurança Pública do Acre, entre eles o vice-governador, major Wherles Rocha, estiveram na região para anunciar que iriam montar uma base integrada da polícia no local.

A base da polícia iria funcionar em um antigo prédio da Secretaria de Estado de Produção e Agronegócios do Acre (Sepa). Após reforma e reajustes, a expectativa era de que o posto passasse a funcionar depois de 60 dias. Contudo, até o momento a base não funciona.

O secretário da Segurança Pública do Acre, Paulo Cézar Santos, explicou que a base está montada, mas não foi possível manter o policiamento fixo por falta de efetivo. Sobre as buscas, Santos disse que as ações visam reforçar a segurança na região.

“Estaremos também viabilizando o sistema de comunicação naquela região para facilitar as ações policiais, bem como verificaremos o aporte do efetivo necessário para que a Polícia Militar possa, definitivamente, manter um policiamento fixo no km 58 da Transacreana. Hoje, esse policiamento é móvel, apesar de a Secretaria de Segurança já ter construído uma base na Vila Verde, mas por falta de efetivo ainda não foi possível manter o policiamento fixo”, argumentou.

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Publicado por
Marcus José