Para conter Bolsonaro, Meirelles e Alckmin intensificam campanha

Enquanto os partidos se dedicam a divisões internas, Bolsonaro segue distanciando-se de situações que o tirem de sua zona de conforto.

Com Exame

Os recorrentes bons resultados do deputado federal Jair Bolsonaro (PSL) nas pesquisas eleitorais tem feito MDB e PSDB se mexerem. Nesta terça-feira o site Poder360 mostrou Bolsonaro com 21% a 25% das intenções de voto em três cenários eleitorais. No MDB, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, pré-candidato à Presidência, se reúne nesta quarta-feira com deputados federais em busca de apoio interno para ser confirmado como candidato na convenção do final de julho.

Meirelles está no partido há apenas dois meses, e foi confirmado como postulante ao Planalto depois da desistência de Michel Temer. O problema é que Temer e seus aliados planejavam ser Meirelles o nome a defender o legado do governo, enquanto o ex-ministro reluta em adotar o discurso e prefere focar em seu histórico pessoal. Segundo o jornal Folha de S. Paulo, Meirelles chegou a ligar duas vezes para Temer nos últimos dias para explicar declarações recentes de que sua candidatura não “representa especificamente” a gestão atual.

A partir de sexta-feira, segundo o jornal O Estado de S. Paulo, Meirelles deve iniciar uma agenda de viagens pelo país para conversar com emedebistas nos Estados. O PSDB também se vê às voltas com divisões internas. Em evento com lideranças do partido chegou a perguntar, segundo a Folha, se eles preferiam outro candidato, dadas as dificuldades de organização de sua campanha e seu desempenho ruim nas pesquisas. Afirmou, em evento, que jornalistas se impressionam com pesquisas “antes da hora”.

O problema, para MDB e PSDB, é que enquanto os partidos se dedicam a divisões internas, Bolsonaro segue em campanha, distanciando-se de debates e de situações que o tirem de sua zona de conforto. Aproveitou a greve dos caminhoneiros para apoiar o movimento e criticar a independência da Petrobras, em declarações que o afastaram do liberalismo defendido por seu assessor econômico, Paulo Guedes.

Segundo escreveu Lucas de Aragão, sócio da consultoria Arko Advice, em artigo recente em EXAME, o temor sobre a inviabilidade eleitoral de Alckmin e Meirelles cresceu após a greve. Meirelles, segundo ele, pode até mesmo ser derrotado na convenção do partido, em junho. O enfraquecimento do centro, para Aragão, dá força não apenas a Bolsonaro, mas também a Ciro Gomes (PDT) e Marina Silva (Rede).

Nesta quarta-feira Ciro, Marina, Meirelles, Alckmin e outros pré-candidatos, como Álvaro Dias (Podemos), Manuela D’Ávila (PCdoB), Flávio Rocha (PRB), Paulo Rabello de Castro (PSC) e Rodrigo Maia (DEM) participam de uma série de entrevistas do jornal Correio Braziliense. Faltam quatro meses para as eleições.

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Publicado por
Marcus José