Pânico pode atrapalhar combate ao novo coronavírus, alertam especialistas

Passageiros e funcionários circulam vestindo máscaras contra o novo coronavírus (Covid-19) nos Aeroportos (Fernando Frazão/Agência Brasil)

Preço do álcool em gel e das máscaras cirúrgicas disparam após OMS decretar pandemia global

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Na última quinta-feira, a OMS declarou que o novo coronavírus já representa uma pandemia. A palavra, que até pouco tempo era desconhecida pela maioria dos brasileiros, gerou ainda mais pânico. Nas ruas, as pessoas já andam de máscara, os estoques de álcool gel nas farmácias estão baixos e o preço do produto disparou.

Segundo o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, essa situação já era esperada diante da circulação global do vírus.

O medo da contaminação pode atrapalhar outros pacientes que precisam de mais atenção e ainda, em alguns casos, pode criar uma neurose desnecessária. Para a psicóloga Juliana Gebrim, o pânico, associado às notícias falsas, pode, na verdade, estimular a disseminação do coronavírus. “A questão do pânico é prejudicial porque as pessoas focam nos sintomas, então gera um efeito manada”, lembra ela.

A especialista analisa que o medo excessivo pode gerar uma corrida às farmácias e criar um ambiente de escassez. Movimento que já é visível no mercado. De acordo com a Associação Nacional de Hospitais Privados, o preço das máscaras cirúrgicas subiu 569% desde o início do surto. Já o preço da embalagem de meio litro de álcool em gel, que antes custava menos de R$ 20, já chega R$ 50, segundo levantamento do site de preços “Já Cotei”.

A psicóloga Juliana Gebrim explica ainda que o receio de contrair a doença faz com que as pessoas interpretem erroneamente qualquer sintoma como coronavírus. “A pessoa fica com essa tensão concentrada em reconhecer sintomas dessa doença. A pessoa fica hipervigilante e ansiosa”, analisa.

Essa hipervigilância sobre os sintomas da doença pode gerar uma corrida aos hospitais, que dificulta o atendimento de quem realmente precisa. A infectologista Heloisa Ravagnani esclarece que só uma tosse não é motivo para procurar ajuda médica.

“Se ele estiver só com tosse, mas tiver comendo bem, dormindo bem, respirando bem, não tiver febre, não precisa ir ao hospital só por ter tosse. Agora, se tiver tosse, associada a febre, estiver dormindo mais que o normal, estiver desanimado, aí são sinais de que algo não está certo e precisa ir ao hospital”, recomenda.

Para dados oficiais sobre os casos e mais informações sobre sintomas e prevenção contra o coronavírus, acesse saude.gov.br/coronavirus.

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Publicado por
Agencia 61