Lenda do basquete também fala da importância da força da torcida para o país que joga em casa e revela otimismo: “Confio no título da seleção brasileira”
Após 38 anos, o Brasil volta a receber uma edição da Copa América de Basquete. Agora a sede será a cidade Recife, em Pernambuco, a partir do dia 2 de setembro. A última vez havia sido em 1984, quando a cidade de São Paulo viveu a primeira conquista brasileira na competição. Aquele time contou com a presença da lenda Oscar Schmidt, que também esteve no ouro em 1988 e no bronze no ano seguinte. Experiência de sobra para o Mão Santa, que acredita no título e fala como jogar em casa é fundamental para alcançar esse objetivo.
– Vai… e como vai ser o diferencial, ainda mais em Recife que os caras torcem para caramba. Eu estou muito otimista e confio no título da seleção brasileira. Estou torcendo muito, temos técnico novo, jogadores novos, aliás, bons jogadores novos – disse Oscar, em entrevista ao ge antes das derrotas nas Eliminatórias da Copa do Mundo, realizadas nesta segunda, contra o México, e semana passada, contra Porto Rico.
Até hoje o maior cestinha da seleção brasileira, com 7693 pontos, Oscar contribuiu para as conquistas em sequência do país. Aliás, década foi muito boa para o basquete nacional que, além dessas três medalhas, também foi ouro no Pan-Americano de 1987 em uma das maiores vitórias no esporte ao derrotar os EUA, o primeiro revés da seleção norte-americana em casa na história.
O Mão Santa detém até hoje um dos maiores recordes que um atleta de basquete pode ter: a melhor média de pontuação da história da competição – 32,8 pontos na edição de 1989. Marca que se mantém mais de 30 anos depois – mais precisamente 14 edições – mesmo com a nova dinâmica do esporte, participação dos Estados Unidos e de astros da NBA.
– Cara, não sei nem o que te dizer, nem sabia da marca – brinca Oscar com o tradicional bom humor.
– É um orgulho ter essas grandes marcas. Nunca pensei em fazer isso, sempre jogava com objetivo de ganhar o jogo e aí os números foram crescendo – disse o Mão Treinada, como gosta também de ser chamado.
Oscar também falou sobre a nova geração brasileira comandada por Gustavo de Conti e já elegeu um craque.
– Eu gosto muito do Yago, para mim, é o melhor jogador do Brasil. Ele que tem a bola na mão e ninguém vai tomar a bola dele – disse Oscar.
O armador vem de duas excelentes temporadas pelo Flamengo e, no fim de julho, anunciou a transferência para o basquete alemão. Mesmo com a pouca idade, 23 anos, Yago já acumula conquistas importantes como o NBB 2021 e Copa Intercontinental FIBA 2022. O título mais recente foi na disputa do Globl Jam – primeira competição de Tiago Splitter como treinador principal – sendo o melhor jogador da competição (MVP) decidindo partidas importantíssimas como a decisão contra os Estados Unidos com uma cesta nos últimos segundos.
Para agregar experiência, Marcelinho Huertas também foi chamado para a Copa América. O armador de 39 anos será uma das referências da seleção comandada pelo técnico Gustavo de Conti e, para Oscar, esse é um fator importante.
– É uma mescla boa. Huertas é o papai da turma, ele vai ser titular e espero que o Yago junto dele.
– Estou bastante otimista com o basquete brasileiro porque a gente tem um presidente excepcional e uma estrela do basquete, a Paula, como vice-presidente. Não dá pra dizer nada. Tudo que eu disse no passado, agora não tá valendo – finaliza ele com o tradicional bom humor e esperança no futuro da modalidade.
Oscar Schmidt em ação pelo Brasil. Até hoje, é o maior cestinha da seleção, com 7693 pontos — Foto: Doug Pensinger
O Brasil está no grupo A ao lado de Uruguai, Colômbia e Canadá. A estreia na Copa América é contra os canadenses, nesta sexta, às 20h10.
É início de uma tarefa que não será nada fácil. Atualmente, o Brasil é 14° no ranking mundial e 3° no continente, ficando atrás somente dos EUA e da Argentina. A seleção precisará também superar o baixo desempenho nas últimas edições, quando terminou em 9° lugar em 2013 e 2015 e um 10° lugar em 2017, sendo a pior exibição da história.
*Estagiário, sob supervisão de Lydia Gismondi