Nova ligação do Acre ao Peru é desnecessária porque Estrada do Pacífico é subutilizada

O projeto de construção de uma rodovia no Parque Nacional da Serra do Divisor, no Sudoeste do Acre, representa ameaça para a biodiversidade e a qualidade de vida da população indígena -mas não apenas isso: a estrada de Cruzeiro do Sul a Pucallpa, no Peru, é desnecessária porque a rota existente, conectando o Acre aos portos peruanos pela Estrada do Pacífico, é subutilizada.

É o que diz o estudo de pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, da Universidade Federal do Acre e da University of Richmond publicado na revista “Environmental Conservation” na sexta-feira (22).

“O benefício econômico utilizado como justificativa para esta rodovia, que faz parte do IOC, é questionável, principalmente tendo em vista a existência do IOS no leste do Acre, que liga a capital do Acre (Rio Branco) aos portos do Pacífico no Peru desde final dos anos 2000. O IOS tem sido um mecanismo decepcionante para o crescimento econômico legítimo e produziu um escândalo de corrupção em andamento no Peru que implicou quatro dos presidentes do país”, diz o estudo assinado pelos pesquisadores Diogo Mitsuru Koga, Irving Foster Brown, Philip Fearnside, David Salisbury e Sonaira Souza da Silva.

“De fato, afasta o argumento de que a rodovia Cruzeiro do Sul–Pucallpa é necessária para a integração do coração agrícola do Brasil com os portos peruanos, especialmente porque a rota existente é subutilizada”, completa o diagnóstico, afirmando que essas áreas de conservação como o Parque Nacional da Serra do Divisor desempenham na manutenção da floresta e, assim, na mitigação das mudanças climáticas e na proteção da biodiversidade.

Estudos mostram a inviabilidade econômica do projeto rodoviário e os prováveis impactos no desmatamento, na biodiversidade e no regime climático regional e continental.

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ac24 Horas