O bloco de esquerda seria composto de Venezuela, Brasil, Argentina e Colômbia, patrocinado por China e Rússia
Existem teorias da conspiração, quase sempre engraçadas e perigosas, que se espalham rapidamente. E existe a realidade, raramente divertida, quase sempre ardilosa e que demora tempo para ser assimilada.
O Foro de São Paulo, por exemplo, de fato foi realizado, em 1990, e depois usado como fantasma ideológico até ganhar ares de lenda e anedota com as seguidas derrotas da esquerda na América Latina, culminadas com a eleição Jair Bolsonaro, em 2018.
Pois Nicolás Maduro, ele mesmo, ditador da Venezuela, está disposto a ressuscitar a ideia de criar um bloco de esquerda no continente sul-americano e no Caribe. Sim, ele quer, sob o patrocínio dos “irmãos mais velhos” Rússia e China, criar um clube de países boliviarianos aqui pelas nossas bandas.
Para a Intentona Socialista, convidou Lula a se juntar aos colegas Alberto Fernández e Gustavo Petro. O papo é sério, por mais que a realidade não ajude.
O presidente argentino sabe que tem os dias contados diante da tragédia econômica que impôs ao seu país, que ostenta 94,8% de inflação anual. Terra arrasada, credibilidade no chão, o futuro já escavado.
O ex-guerrilheiro Petro deu início à sua contagem e tem se mostrado um fenômeno eleitoral que até o momento não entregou nenhuma promessa de campanha. Tornou-se mais espectador de seus graves problemas do que protagonista de novos tempos à Colômbia.
Resta saber se o recém-empossado Lula dará ouvidos às trombetas do ditador fanfarrão que sucedeu Hugo Chávez e incorpora uma das personalidades políticas mais tóxicas e a se evitar no mundo. Nunca se sabe. O recado foi dado, pessoalmente.
Mas não nos cabe tratar a fanfarronice com negligência. Ao contrário, as bravatas são queronese na fogueira das vaidades dos autoritários e devem ser recebidas com toda a atenção, ainda mais vindas de quem veio.
Mas fica a teoria da conspiração para nos divertir, tomadas as devidas preocupações já expostas. O “Foro de Caracas” tem cara de piada e toda a realidade mundial contra ele. Como diziam os esquerdistas de antigamente: “No pasarán”. Haverá resistência.