“Não sabemos até quando a violência se limitará aos muros das prisões e ao círculo das facções”, diz coronel da PM

Gina Menezes

O coronel da Polícia Militar do Acre, Ulysses Araújo, usou as redes sociais na manhã deste sábado (7) para afirmar que a violência que domina Rio Branco é o retrato do descaso com que os governantes tratam a área de segurança pública, e para afirmar que se sente preocupado por não saber até quanto a violência se limitará aos muros dos presídios e ao círculo das facções.

“O mal tende a crescer se não for cortado pela raiz, espero está errado, mas se as rédeas da segurança não forem tomadas, imediatamente, posso vislumbrar a curto prazo os cidadãos acreanos pagando um preço altíssimo e sujeitos a qualquer momento a atos de violência com os mesmos requintes de crueldade que estamos assistindo hoje no seio das facções”, frisou.

Ulysses também acusou as instituições de serem subservientes e classificou o sistema prisional como falido.

“Vivenciamos a falência do atual Sistema de Segurança Pública e com o ápice da subserviência das Instituições que o compõe. Pois as relações das Instituições com o Executivo são marcadas pelo escamoteamento das informações a troco de migalhas”, diz.

Os números daqui são os mesmos dos de países em guerra civil, diz Coronel

Ulysses rebateu as críticas recebidas da cúpula da segurança pública ao revelar o número de assassinatos em 2016, e frisou que os números da violência no Acre são comparados aos de países em guerra.

“o Acre, num contexto mundial, só perde para Honduras, Venezuela e El Salvador. Nem o Iraque, Congo e Colômbia alcançaram esse patamar (todos esses países estão em guerra civil, ditadura ou dominados por guerras dos cartéis de tráfico de drogas”, diz.

Ulysses também desmentiu a informação da Polícia Civil de que as 350 mortes ocorridas em 2016 e divulgadas por ele, incluem as de acidentes de trânsito.

“Fechamos o ano passado com mais de 350 homicídios. Quase um por dia. Neste ano que já chegamos a dois por dia. Saliento que ao falar em 350 mortes, não inclui os acidentes de trânsito, muito menos os homicídios culposos, nem latrocínios, senão seriam bem mais! Falo por conhecimento de causa, sem maquiagem e com fontes fidedignas comparando os dados de 2015, publicados no 10° anuário do Fórum Brasileiro de Segurança Pública”, diz.

Ulysses afirmou, ainda, que a crise não pode ser a apontada como a única culpada pelo aumento da violência no estado.

“A título de exemplo, pra não culparmos a “crise”, o Estado de São Paulo comemora o índice histórico de redução de violência com 9,8 homicídios por 100 mil habitantes, abaixo do nível epidêmico tolerado pela Organização Mundial de Saúde que é de 11″, diz.

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Publicado por
Alexandre Lima