Neste ano, mais de cem mulheres já foram assassinadas na Bolívia, um dos países mais violentos para as mulheres na América Latina, de acordo com a ONU (Organização das Nações Unidas).
Mas no meio de uma onda de ataques a elas – que incluem corpos abandonados, queimados e até decapitados -, um grupo de mulheres conseguiu o que parecia impossível.
O movimento colocou o machismo como uma questão central da campanha para as eleições presidenciais e parlamentares do próximo domingo.
Com o lema “Machista, fora da lista”, várias organizações foram às ruas em uma mobilização contra o machismo. Além disso, diversas ações foram feitas pela internet, nas mídias sociais.
O resultado da campanha, por enquanto, foi a renúncia de dois candidatos ao Congresso envolvidos em casos de violência contra a mulher.
Um deles foi Adolfo Mendoza, senador do Movimento pelo Socialismo eleito por Cochabamba – ele foi acusado de abuso por sua esposa.
O outro foi Jaime Navarro, candidato do partido de oposição, a Unidade Democrática, também denunciado pela esposa por ter batido nela.
Ambos negam as acusações.
No passado, era comum ouvir em campanhas expressões e discursos sexistas de todos os tipos de candidatos, e não acontecia nada, escreveu a analista e ex-senadora Erika Brockmann no jornal “El Diario”.
“Neste ano, surpreende a intensidade e o conteúdo da série de reações antimachistas que invadem a atmosfera eleitoral”, acrescentou.
“O ponto positivo sobre esse movimento antimachista é que é a primeira vez na história que esse tema é tratado como central na eleição.”
Segundo os defensores da campanha “Machista, fora da lista”, o objetivo era denunciar e punir os partidos que trazem em suas listas eleitorais candidatos acusados de violência contra as mulheres ou que tenham protagonizado atos machistas.
Algo, aliás, comum na política boliviana.