Apesar de ser o estado dentro da Amazônia Legal com a menor porcentagem de desmatamento (1%), durante o mês de abril, o Acre tem uma área de desmatamento três vezes maior do que no mesmo período do ano passado, saindo de 2 km² para 6 km² de desmatamento, um aumento de 200%.
Os dados são do Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD), do Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), e foram divulgados nesta segunda-feira (18) e mostra os dados do desmatamento na região durante o mês de abril.
O estudo aponta que a maior parte do desmatamento ocorreu em áreas privadas ou em outras situações de posse. O restante do desmatamento foi registrado em Unidades de Conservação, Assentamentos e Terras Indígenas.
No apanhado geral, a região fechou o balanço com 529 km² da floresta derrubada. O aumento é de 171% em relação a abril de 2019.
Depois do Pará (32%), o segundo estado que mais registrou desmatou foi o Mato Grosso, que respondeu por 26% da área desflorestada; em terceiro lugar ficou Rondônia (19%), seguido pelo Amazonas (18%), Roraima (4%) e Acre (1%).
No acumulado dos meses de janeiro a abril de 2020 o desmatamento é de 1.073 quilômetros quadrados e também aponta um aumento de 133% em relação ao mesmo período de 2019, quando o desmatamento totalizou 460 quilômetros quadrados.
Para combater o desmatamento ilegal, grilagem de terras e descumprimento de decisões judiciais no período de queimadas no Acre, as Forças Armadas começaram, na última semana, a operação Amazônia Legal.
Com o início das ações vão ser realizadas operações contínuas de fiscalização em terras de interesse federal, com o objetivo de combater o avanço de crimes ambientais nestas áreas.
A operação foi desencadeada logo após governo do Acre confirmar que a campanha de combate e prevenção ao desmatamento ilegal e queimadas seria antecipada para o mês de maio. A antecipação é para evitar fumaça no ar durante a pandemia da Covid-19. A preocupação é que os pacientes infectados ou com sintomas da doença piorem com a qualidade do ar ruim.
O Acre registrou, até segunda, 2.234 casos de Covid-19 em todo estado. Ao todo 67 pessoas morreram vítima da doença.
O SAD, do Imazon, é um dos sistemas mais usados para monitorar o desmatamento da Amazônia, juntamente ao Prodes e ao Deter, que são mantidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
O SAD também usa imagens de satélites mas, diferentemente do Prodes e do Deter, não é um dado produzido por agências de governo.
O objetivo do SAD é ter um registro mensal do desmatamento e também da degradação florestal, combinando imagens produzidas por diferentes satélites: Landsat 7, Landsat 8, Sentinel 1A e 1B e Sentinel 2A e 2b.
O SAD foi desenvolvido pelo Imazon em 2008 para produzir alertas independentes sobre o desmatamento.