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Brasil

Medo da criminalidade afasta negócios e leva regiões do Brasil à desindustrialização

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Fuga de investimentos, trabalhadores e turistas é consequência da insegurança; turismo é um dos setores mais prejudicados

Insegurança afeta a economia baseada no turismo, com viajantes evitando alguns destinos, apesar do potencial de lazer e de atratividade Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Os gastos diretos das empresas brasileiras para evitar episódios de violênciapodem ser mensurados por meio dos custos com segurança patrimonial e seguros, sem contar as perdas causadas por roubos de produtos e equipamentos. Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea)mostram que as companhias do País gastam, por ano, cerca de R$ 171 bilhões com segurança, o equivalente a 1,7% do PIB de 2022.

Mas há uma série de outros custos intangíveis que também afetam as empresas e a economia brasileiras. E eles são de diversas naturezas. Devido aos homicídios, por exemplo, trabalhadores precisam ser substituídos. A troca exige treinamento e tempo para uma pessoa nova ocupar a mesma função da anterior. Regiões violentas afastam investimentos, empresas e indústrias, que precisam migrar para locais mais distantes ou menos estratégicos.

A violência pode levar à desindustrialização de certas regiões. E fazer com que terrenos se desvalorizem. “Além de perda por subtração, por roubo, existe a perda de desvalorização. Por questões de segurança, o valor de um imóvel chega a ser 30% menor do que outro com as mesmas amenidades e espaço”, diz o economista Daniel Cerqueira, pesquisador do Ipea e membro do conselho do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

Além disso, a mão de obra disponível no futuro também poderá apresentar falhas em sua formação, em um cenário, por exemplo, em que crianças precisam faltar às aulas ou encontram escolas fechadas devido à criminalidade. Áreas consideradas mais violentas também podem afastar trabalhadores e executivos e, para contornar isso, empresas podem ter de pagar salários maiores para convencê-los a ficar na vaga.

A insegurança afeta ainda a economia baseada no turismo, com viajantes evitando alguns destinos, apesar do potencial de lazer e de atratividade. Como efeito, restaurantes e empresas de serviços perdem receita. O medo de ataques criminosos pode interromper a circulação de cidadãos à noite, gerando o fim da vida noturna em algumas regiões.

Os gastos com proteção, segurança patrimonial e seguros poderiam também ser mais bem empregados em atividades que trazem produtividade. Esse aspecto é chamado de custo de oportunidade, conceito que representa o valor perdido ao se fazer uma escolha entre diferentes alternativas de investimento.

Ainda não foi feito no Brasil um estudo amplo abarcando tantas variáveis, mas pesquisas sobre alguns aspectos isolados e análises de estudiosos dão a dimensão do problema. Estudos de 2007 e de 2014 de Cerqueira, reconhecidos pelo Prêmio BNDES e pela Associação Nacional dos Centros de Pós-Graduação em Economia (Anpec), estimaram em 2,3% o custo para o PIB com os homicídios.

O custo intangível é medido pela disposição à tomada de ações por indivíduos e empresas para evitar violência letal. Em relação ao PIB de 2022, o último com dados completos disponíveis, esses custos chegariam a R$ 252 bilhões ao ano.

“Devido ao risco para as pessoas que vivem numa sociedade violenta, há um custo intangível que gera perdas econômicas, à medida que os indivíduos mudam o padrão de consumo e a forma de consumir”, diz Cerqueira. Exemplo disso são quando as pessoas evitam certas regiões ou sair à noite.

“Quantas pessoas deixaram de viver no Rio de Janeiro ou deixaram de investir na cidade por conta da violência?”, questiona a economista Joana Monteiro, coordenadora do Centro de Ciência Aplicada a Segurança da Fundação Getulio Vargas.

Em sua tese de doutorado, a economista estudou como o fechamento de escolas devido a incidentes de segurança prejudicam o aprendizado. “É a violência causando uma armadilha de pobreza. Ela afeta todo mundo”, diz. “É difícil pensar em cidade mais afetada do que o Rio de Janeiro, desde a qualidade de aprendizado dos seus habitantes mais pobres até o turismo.”

Procurada, a Secretaria de Segurança do Estado do Rio informou que ocorrências de crimes contra o patrimônio e contra a vida caíram no ano passado e que estão sendo feitos investimentos.

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O turismo, inclusive, é um dos setores mais citados quando se fala de perdas intangíveis. “Infelizmente, o Brasil acabou sofrendo por décadas com uma percepção de insegurança, que muitas vezes era pior até do que de outros países até mais inseguros”, diz a presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) Nacional, Ana Carolina Medeiros. “Agora, o País está trabalhando cada vez mais a sua imagem, mas ainda é um país que atrai menos viajantes do que o México e do que o Chile, relativamente ao seu tamanho, potencial e população.”

A violência também afasta empresas e investimentos de regiões, mesmo que elas tenham localização estratégica próxima a mercados consumidores e a outros elos da cadeia de produção. O bairro do Jacarezinho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, por exemplo, se expandiu devido a um polo fabril que contava com a fabricante de fósforos Cruzeiro, a produtora de vidros Cisper e até uma unidade da gigante industrial americana General Electric, a partir dos anos de 1960.

O polo industrial se beneficiava por ser atravessado por uma linha ferroviária. Mas, com o crescimento desordenado da população no entorno e o aumento das incidências de crimes, as empresas foram deixando a região a partir da década de 1990.

“Segurança pública é uma questão de competitividade. Melhores regiões tendem a reter e atrair investimentos. Onde há mais crimes, existe maior dificuldade para isso. As empresas locais postergam investimentos ou até mudam de região”, diz o gerente de Infraestrutura da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), Isaque Ouverney.

“A segurança é um fator preponderante para a tomada de decisões econômicas.” Para três em cada quatro indústrias do Rio de Janeiro, as decisões de investimentos, em termos de localização, são afetadas pelas condições de segurança, segundo sondagem industrial de 2018, da Firjan.

Concebido na década de 1970, mas inaugurado em seu primeiro trecho apenas em 2014, o Arco Metropolitano do Rio de Janeiro é um exemplo. Ele foi um projeto longamente pensado como um indutor de desenvolvimento para o entorno da cidade e para desviar o tráfego das principais vias da capital fluminense.

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Arco Metropolitano do Rio de Janeiro foi pensado como indutor de desenvolvimento para o entorno da cidade e para desviar o tráfego das principais vias da capital fluminense  Foto: Fabio Motta/Estadão

Agora, no entanto, os objetivos de atrair fábricas e centros de distribuição para as redondezas estão sendo prejudicados pelo alto nível de ocorrências de roubos ao longo do seu trajeto. “A cidade perde, a população da região perde e a concessionária da via perde com um menor tráfego”, diz Ouverney.

Os roubos podem causar até falências. Foi o que aconteceu com diversas transportadoras, durante o pico de roubo de cargas no Rio de Janeiro, em 2017. Segundo o estudo Atlas da Violência, do Ipea, 13% das empresas transportadoras faliram, ao mesmo tempo que os preços de algumas mercadorias podem ter aumentado até 30%, devido ao custo do frete e do seguro.

A Secretaria de Segurança Pública do Estado do Rio informou que os números de roubos de cargas “estão em constante queda”, chegando em 2023 ao menor patamar desde 1999, e que os crimes contra a vida também vêm registrando redução.

“A letalidade violenta (homicídio doloso, lesão corporal seguida de morte, morte por intervenção de agente do Estado e roubo seguido de morte) apresentou queda significativa em 2023, alcançando a menor marca em 32 anos”, informou a secretaria.

“As reduções dos crimes contra o patrimônio e contra a vida são resultado do forte investimento — R$ 2,5 bilhões — que o governo do Estado do Rio vem fazendo em tecnologia, inteligência e treinamento das forças policiais e do trabalho integrado das polícias Civil e Militar”, concluiu.

A segurança no Arco Metropolitano, ainda segundo o governo fluminense, é de atribuição da Polícia Rodoviária Federal.

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Brasil

Bocalom admite disputar governo do Acre em 2026, mas só como candidato de união da direita

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Prefeito de Rio Branco diz que pode apoiar Mailza Assis, mas exclui aliança com Alan Rick em possível sucessão de Cameli

O gestor municipal não descarta apoiar a vice-governadora Mailza Assis (PP), mas foi categórico ao vetar qualquer aliança com o senador Alan Rick. Foto: captada

Em entrevista ao programa “Bar do Vaz” nesta quarta-feira (14), o prefeito Tião Bocalom revelou que aceitaria ser o nome de consenso da direita para o governo do Acre em 2026, mas sob uma condição: “Se for convocado, vou aceitar. Não vou me lançar, quero ser aclamado”, declarou ao jornalista Roberto Vaz.

O gestor municipal não descarta apoiar a vice-governadora Mailza Assis (PP), mas foi categórico ao vetar qualquer aliança com o senador Alan Rick:

“Só não apoio o Alan Rick”.

A decisão final dependerá do cenário eleitoral que se desenhar, com Bocalom acompanhando seu desempenho nas pesquisas de intenção de voto – onde atualmente aparece à frente de Mailza nos levantamentos pré-eleitorais.

A declaração acirra o jogo sucessório no Palácio Rio Branco, mantendo em aberto as possíveis configurações para a disputa que definirá o sucessor do governador Gladson Cameli. O prefeito capitalino posiciona-se como peça-chave na articulação de um bloco oposicionista coeso para 2026.

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Bujari recebe 50 casas populares rurais do Minha Casa, Minha Vida

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Município é o único do Acre contemplado em nova etapa do programa federal que prioriza agricultores familiares e comunidades tradicionais

A expectativa é fortalecer a permanência das famílias no campo, melhorando as condições de vida e estimulando o desenvolvimento das comunidades rurais. Foto: cedida

O município de Bujari, no Acre, foi selecionado para receber 50 unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida na modalidade rural, destinadas a agricultores familiares, trabalhadores rurais e comunidades tradicionais.

O anúncio integra uma nova fase do programa federal que distribuiu 2.713 moradias em todo o país, sendo 1.137 unidades específicas para a zona rural.

Na região Norte, apenas três estados foram beneficiados: Acre, Amazonas e Pará. Enquanto o Amazonas e o Pará tiveram três municípios contemplados cada (Anori, Coari, Manacapuru no AM; Santa Luzia do Pará e São Sebastião da Boa Vista no PA), o Acre teve apenas Bujari incluído no programa.

A versão reformulada do Minha Casa, Minha Vida permite adaptações dos projetos às realidades locais, com o objetivo de melhorar as condições de vida no campo e fortalecer o desenvolvimento das comunidades rurais.

As novas moradias representam um avanço na política habitacional para populações que tradicionalmente enfrentam dificuldades de acesso a moradia digna no meio rural.

Veja a portaria:

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Polícia Civil realiza palestra educativa em escola de Porto Acre como parte da Operação Caminhos Seguros

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As crianças puderam tirar dúvidas e conhecer um pouco mais sobre o funcionamento do trabalho da Polícia Judiciária

Crianças da Escola Novo Horizonte aprenderam sobre direitos, deveres e como se proteger de situações de risco, durante palestra da Polícia Civil na Operação Caminhos Seguros. Foto: cedida. Foto: cedida

Em continuidade às ações da Operação Nacional Caminhos Seguros, a Polícia Civil do Acre (PCAC) promoveu, na última quarta-feira, 14, um ciclo de palestras educativas para alunos e servidores da Escola Infantil Novo Horizonte, localizada na Vila do Incra, em Porto Acre. A iniciativa integra o esforço nacional voltado à prevenção e ao combate aos crimes sexuais contra crianças e adolescentes.

A atividade foi direcionada a alunos do 2º ao 5º ano do ensino fundamental e contou com a presença do delegado Leonardo Meyohas, que conduziu a palestra de forma lúdica e acessível, adaptada à faixa etária das crianças. Durante o encontro, foram abordados temas como direitos e deveres das crianças, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e orientações sobre como reconhecer e denunciar situações de abuso sexual.

Além das explicações sobre proteção e segurança, o momento foi marcado por um espaço de diálogo aberto entre o delegado e os estudantes, professores e funcionários da escola. As crianças puderam tirar dúvidas e conhecer um pouco mais sobre o funcionamento do trabalho da Polícia Judiciária, despertando o interesse e fortalecendo a confiança dos pequenos nas instituições de segurança.

A atividade foi direcionada a alunos do 2º ao 5º ano do ensino fundamental e contou com a presença do delegado Leonardo Meyohas, que conduziu a palestra de forma lúdica e acessível, adaptada à faixa etária das crianças. Durante o encontro, foram abordados temas como direitos e deveres das crianças, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), e orientações sobre como reconhecer e denunciar situações de abuso sexual.

Além das explicações sobre proteção e segurança, o momento foi marcado por um espaço de diálogo aberto entre o delegado e os estudantes, professores e funcionários da escola. As crianças puderam tirar dúvidas e conhecer um pouco mais sobre o funcionamento do trabalho da Polícia Judiciária, despertando o interesse e fortalecendo a confiança dos pequenos nas instituições de segurança.

Em Porto Acre, a Polícia Civil segue com ações educativas da Operação Caminhos Seguros, promovendo informação e proteção para nossas crianças. Foto: cedida.

“A informação é uma das principais ferramentas para proteger nossas crianças. Falar sobre seus direitos de forma clara, acessível e acolhedora é fundamental para criar um ambiente seguro e consciente”, destacou o delegado Leonardo Meyohas.

A Operação Caminhos Seguros segue em andamento até o dia 30 de maio, com ações integradas entre instituições de segurança pública e órgãos de proteção social. O objetivo é fortalecer a rede de acolhimento, ampliar a conscientização da sociedade e intensificar o combate aos crimes sexuais contra menores. A operação atua em três eixos principais: prevenção, educação e investigação, alcançando escolas, comunidades e áreas de maior vulnerabilidade.

A atividade foi direcionada a alunos do 2º ao 5º ano do ensino fundamental e contou com a presença do delegado Leonardo Meyohas, que conduziu a palestra de forma lúdica e acessível, adaptada à faixa etária das crianças. Foto: cedidas 

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