Como não se trata de desperdício calculado, Lúcia afirma que a situação tende a piorar.
Da redação, com Contilnet
Não é de hoje que a cultura do desperdício em hospitais e unidades de saúde incomoda algumas pessoas. E esse incômodo também parte de pessoas que trabalham na área. Por conta disto, a coordenadora do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência, Lúcia Costa, fez um desabafo.
“Quero desabafar um pouco da minha angústia com relação à cultura do desperdício nas unidades hospitalares”. Foi com estas palavras que Lúcia deu início a um longo desabafo. Em sua declaração, ela afirma que grande percentual de gastos hospitalares vão para o lixo.
“Ela [a cultura do desperdício] é evidente e, atualmente, objeto de estudos em diversos trabalhos publicados, e nós, profissionais de saúde e gestores hospitalares, temos que nos alertarmos para esta problemática, considerando que entre 30% a 40% dos gastos hospitalares são perdidos pelo ralo causando um impacto no orçamento do serviço público”.
Como não se trata de desperdício calculado, Lúcia afirma que a situação tende a piorar.
“Este problema torna-se ainda mais agravado pelo fato do desperdício não ser medido; ele é um custo invisível, e isso dificulta muito a sensibilização dos envolvidos e ações para minimizar ou eliminar as perdas”.
Lúcia enumera, ainda, exemplos que evidenciam o que ela chama de ‘cultura do desperdício’.
“Poderia aqui citar milhões de exemplos do que é presenciado no dia a dia: respirador ligado para carga de sua bateria, que de imediato é desligado para utilização da carga de um celular, prejudicando a durabilidade da bateria; seringas, para cada 3 utilizadas, 1 é desperdiçada; raios X repetidos várias vezes por falta de calibragem ideal da ampola do raio-x; oxigênio ligado na parede sem o paciente estar utilizando (paciente sendo transportado para o exame); baixa rotatividade do leito (longa permanência), uso excessivo de material de consumo, ambulâncias com o ar condicionados ligados, e as portas abertas até a entrega do paciente, e outros. É preocupante!”.
O apelo continua, e Lúcia afirma que tomará providências para que as pessoas tenham conhecimento dos desperdícios.
Segundo ela, “temos que combatermos o desperdício, sob pena de corrermos o risco de trabalharmos com insuficiência na quantidade e qualidade do material, e atribuirmos nossas falhas a outros”.
“Faço aqui um convite aos colegas enfermeiros, que queiram compor um grupo de trabalho pensando em uma pós-graduação relacionada à auditoria, e que este assunto não se esgote apenas nesta mensagem e que nós possamos mostrar que é possível oferecer uma assistência de qualidade com eficiência e eficácia, agregando valores aos mesmos e eliminando os desperdícios”.
Lúcia termina desejando um feliz ano novo a todos: “[…] E feliz Ano Novo, que Deus abençoe todos nós!!!”.