Maduro rechaça ultimato europeu e diz apoiar reunião de grupo de contato da UE

Presidente venezuelano instou líder opositor a ‘abandonar estratégia golpista’

Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro discursa para militares em base naval de Turiamo Foto: Palácio de Miraflores / REUTERS

CARACAS — O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, rechaçou o ultimato europeu, cujo prazo se encerra neste domingo, e descartou a convocação de novas eleições presidenciais. Em entrevista à rede espanhola La Sexta, o líder venezuelano disse apoiar a reunião do grupo de contato internacional, anunciada para quinta-feira com presença de ministros da União Europeia e de países da América Latina.

Diante do ultimato europeu, que deve se transformar nesta segunda-feira em uma onda de apoio internacional ao líder opositor Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino do país, Maduro afirmou que não dará seu “braço a torcer por covardia”.

— Por que a União Europeia tem que dizer a um país do mundo que já fez eleições que tem que repetir suas eleições presidenciais porque não ganharam seus aliados de direita? — questionou Maduro, entrevistado em Caracas pelo jornalista Jordi Évole.

Espanha, França, Alemanha, Reino Unido, Portugal e Holanda advertiram que, caso Maduro não convocasse novo pleito presidencial, reconheceriam a autoridade de Guaidó.

— Tentam nos encurralar com ultimatos para nos obrigar a ir a uma situação extrema de enfrentamento — denunciou Maduro, que insistiu em sua proposta de antecipar as eleições legislativas. A oposição controla desde 2015 a Assembleia Nacional, hoje presidida por Guaidó e com poder anulado pela convocação chavista da Assembleia Nacional Constituinte, em 2017.

No dia em que se encerra o prazo, a União Europeia anunciou que será coanfitriã de uma reunião do grupo de diálogo criado pelo bloco para a crise da Venezuela, ao lado de Uruguai. Estarão presentes ainda chanceleres da Bolívia, da Costa Rica e do Equador na reunião inaugural de quinta-feira, em Montevidéu. Maduro destacou apoiar a “boa iniciativa” do grupo.

— Eu apoio esta conferência. Torço para que, desta iniciativa, venha uma mesa de negociações, de diálogo entre os venezuelanos, para resolver nossos assuntos, para agendar um plano, uma rota de solução aos problemas da Venezuela — disse.

Durante a entrevista à La Sexta, Maduro enviou uma mensagem a Guaidó.

— Que abandone a estratégia golpista. Se quer conseguir algo, sente-se em uma mesa de negociação cara a cara — desafiou o presidente.

Guaidó já disse que não se engajará em diálogos “falsos” que deem oxigênio ao governo e o permita ganhar tempo. O líder opositor diz que os venezuelanos continuarão nas ruas “até que cesse a usurpação” de poder de Maduro. O líder bolivariano assumiu em 10 de fevereiro um segundo mandato presidencial após eleições marcadas por denúncias de fraude e abstenção de 54%.

O Globo e AFP

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O Globo