O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, disse esta segunda-feira 22, estar assustado com as advertências do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, que afirmou que uma vitória da oposição nas eleições de domingo resultaria num “banho de sangue”.
Fiquei assustado com as declarações de Maduro, de que se perder as eleições haverá um banho de sangue. “Quem perde as eleições toma banho de votos e não de sangue”, disse o veterano político em referência ao golpe que significa perder eleições.
Maduro tem que aprender: quando você ganha, você fica (no poder). Quando você perde, você vai embora. E vocês estão se preparando para disputar mais uma eleição”, acrescentou Lula ao responder uma pergunta sobre o processo eleitoral venezuelano durante coletiva de imprensa com agências internacionais em Brasília.
“Espero que seja isso que aconteça, para o bem da Venezuela e para o bem da América do Sul”, acrescentou.
O país caribenho celebra neste domingo as eleições presidenciais que representam o maior desafio para o chavismo em seus 25 anos no poder, com uma oposição que pela primeira vez parece favorita.
Maduro, 61 anos, presidente desde 2013 e aspirante a um terceiro mandato de seis anos, apresentou o processo como uma escolha entre “paz e guerra” e disse que uma vitória da oposição resultaria num “banho de sangue”.
“Já falei duas vezes com Maduro (…), ele sabe que a única forma de a Venezuela voltar à normalidade é haver um processo eleitoral respeitado por todos”, continuou Lula.
Para ajudar “as pessoas que deixaram o país a regressar e a estabelecer um estado de crescimento económico”, Maduro “tem de respeitar o processo democrático”, acrescentou o Presidente brasileiro.
Lula subiu recentemente o tom ao criticar uma série de obstáculos à oposição por parte da autoridade eleitoral venezuelana, com uma linha pró-governo, e apelar a uma maior observação internacional depois de a União Europeia (UE) ter sido impedida de observar as eleições.
O presidente confirmou esta segunda-feira que seu governo enviará dois representantes do tribunal eleitoral brasileiro e seu assessor de relações exteriores, Celso Amorim, para observar o processo no país vizinho.
Lula apelou, por outro lado, ao levantamento das sanções internacionais contra a Venezuela.
No início de julho, Lula disse esperar que os resultados do próximo domingo sejam reconhecidos “por todos” e que isso permita o rápido regresso de Caracas ao Mercosul, que a suspendeu em 2017.