O movimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tentar atrair partidos do Centrão para a base aliada no Congresso vem desde 2023. A questão é um problema para o governo desde que o petista assumiu este terceiro mandato, em um contexto desafiador no Legislativo.
Isso porque a “base fiel” de Lula — composta por exemplo por partidos como PT, PSB, PCdoB e PSOL — é formada por apenas cerca de 130 dos 513 deputados.
A chave para tentar reverter o cenário adverso inclui conquistar aliados no Centrão, nome como é chamado o bloco informal de partidos que não são totalmente alinhados à esquerda ou à direita.
Esses partidos integraram, por exemplo, os governos Dilma Rousseff, Michel Temer, Jair Bolsonaro e agora estão com Lula. Mesmo assim, o fato de essas legendas comandarem ministérios não significa que sejam efetivamente da base.
Conforme a discussão, os votos desse bloco podem corresponder até à metade do total de parlamentares, e serem decisivos na aprovação ou rejeição de uma matéria (entenda mais abaixo).
Na última segunda-feira (20), durante reunião ministerial, Lula comentou a relação do governo com o Congresso e fez um comentário que foi visto, entre analistas, como um recado ao Centrão.
Ministros, parlamentares e até presidentes de partidos do Centrão ouvidos pela reportagem dizem, no entanto, que apesar da cobrança pública de Lulanão é possível cravar, neste momento, que as legendas estarão com o presidente em 2026.
Mesmo assim, informações de bastidor dão conta de que as siglas têm cobrado do presidente mais ministérios na Esplanada.
Ainda na eleição de 2022, o então candidato Lula costumava dizer em seus discursos que deveria governar com o Congresso que fosse eleito.
Iniciado o novo governo, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), fez chegar ao Palácio do Planalto diversos alertas sobre a necessidade de o governo reorganizar a base.
Conforme os números informados no site oficial da Câmara, as atuais bancadas dos partidos podem ser divididas da seguinte maneira:
Para aprovar projetos de lei, por exemplo, são necessários 257 votos.
Isto quer dizer que o governo, para aprovar projetos, precisa contar com o apoio de cerca de 130 votos de partidos que não integram a base “fiel”, mas, em tese, podem votar com o governo por ocupar ministérios.
Para este ano, por exemplo, o governo quer aprovar os projetos de regulamentação da reforma tributária sobre a renda e de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.
Quando a votação é de proposta de emenda à Constituição (PEC), o cenário é ainda mais difícil: são necessários 308 votos na Câmara, em dois turnos de votação.