Ex-governador de Pando, Leopoldo Fernandez, visita terra natal com forte aparato policial
Alexandre Lima
O que era pra ser uma grande festa em Cobija, Capital do estado de Pando (Bolívia), mas ficou restrito a visitações de amigos e parentes, além de uma manifestação de apoio ao ex-governador deposto em setembro de 2008, Leopoldo Fernandez.
Leopoldo não visitava sua terra natal a pouco mais de sete anos, quando foi deposto de seu cargo, fato ocorrido a mando da presidência e executado pelo atual Ministro de Governo, Ramon Quintana, que articulou o cerco ao palácio e o levou para La Paz de avião.
O ex-governador é acusado pelas mortes ocorrida na cidade de Porvenir, distante 29km de Cobija, quando houve confrontamento armado entre simpatizantes de Evo e do governo do Leopoldo, resultando em ao menos 18 mortes, vários feridos, desaparecidos e centenas de foragidos para a cidade de Brasiléia, lado brasileiro no Acre, por medo de represália política. O episódio ficou conhecido como “O Massacre de Povenir”
Durante esses anos, Leopoldo ficou preso em um presídio por um tempo sem qualquer julgamento, sempre negando qualquer envolvimento com o confronto e sem poder visitar sua terra natal, até conseguir prisão domiciliar por conta de um câncer de próstata.
Como preso político, Leopoldo ficou sem poder falar muito de sua situação para a imprensa, mas conseguia receber visitas constantes de amigos e ficar perto de sua família em La Paz. Sempre que podia, mandava notícias através de mensagens aos que nunca o abandonou e acreditam em sua inocência.
Leopoldo terá sua primeira audiência para tratar do caso em Povenir. Sua chegada em Cobija neste domingo, dia 19, foi marcada por um forte aparato policial e foi marcado pelo ato do ex-governador se inclinar para beijar o chão de sua cidade natal. Após sair do avião que chegou por volta das 10h00 (horário do Acre), recebeu um colete a prova de balas e conduzido para um hotel localizado próximo ao aeroporto.
“Estou feliz por estar aqui na minha cidade natal, apesar de toda essa segurança e privações. Mas estou podendo receber visitas constantes de amigos e parentes e estou perto de minha família”, comentou ao receber o jornal oaltoacre.com para uma conversa rápida.
Antes, para poder entrar no hotel, foi preciso o apoio de uma senadora e de suas filhas. A segurança não permite a entrada de ninguém sem que deixe um documento na recepção e o tempo é vigiado por policiais até a saída. Apesar de todos esses anos detido como prisioneiro político e perca visível de peso, Leopoldo demonstrava uma grande felicidade em receber visitas e rever velhos e fieis amigos.
“Desejo que tudo se resolva o mais rápido possível. Estamos aqui para que a Justiça seja feita apesar de todos esse tempo. Nesta quarta-feira, dia 22, serei ouvido no Tribunal de Justiça de Pando”, finalizou.