Jornalista do Acre tatua carta achada no dia da morte da mãe escrita para ele há seis anos: ‘sou um privilegiado’

Jornalista tatuou carta achada após a morte da mãe – Foto: Arquivo pessoal

Por Tácita Muniz

Um legado de amor estendido a 15 filhos, 56 netos, 37 bisnetos e 10 tetranetos. A grande família da idosa Ralime Said Assen, de 93 anos, teve que se despedir dela nessa segunda-feira (23). Já debilitada devido à idade, ela morreu de causas naturais em casa, na capital acreana, após a falência múltipla dos órgãos.

E foi procurando alguns documentos que um dos filhos achou uma carta direcionada ao irmão, escrita cerca de seis anos atrás, quando Adelcimar Carvalho completava 50 anos.

Com uma caligrafia trêmula e assinada por ela em uma página de agenda dedicada aos aniversários, ela escreveu ao filho:

“Hoje está fazendo 50 anos que Deus me presenteou com uma linda criança, que cresceu e tornou-se este filho bom, bom irmão e bom amigo de quem o procura. Que Deus te abençoe e te livre de todos os males. Com votos de felicidades, paz e amor da mãe que te quer muito.”

Após ter acesso à carta que só chegou em suas mãos após a morte da mãe, o jornalista então decidiu eternizá-la na pela com uma tatuagem. A ideia inicial de todos os irmãos era tatuar a assinatura da mãe, mas Carvalho decidiu tatuar toda a carta como uma forma de gravar na pele o amor de sua mãe por ele. E foi assim que aos 56 anos ele fez sua primeira tatuagem.

“A primeira ideia era todos os filhos fazerem a assinatura dela no braço, mas o meu irmão que achou a carta disse que se fosse para ele, faria a carta como tatuagem e aí decidi tornar isso real e eternizar esse amor da mamãe por todos nós. Essa carta me marcou muito e me mostra que o amor que sempre tive por ela não era em vão, porque ela tinha um coração muito grande e deu muito amor para as pessoas com quem conviveu e eu sou um dos privilegiados que tive esse amor de mãe, de protetora e zeladora. Então eternizei isso para que todos que convivem comigo lembrem que eu tive, tenho, uma mãe e que ela me marcou muito”, diz emocionado.

Mesmo com a dor da perda, o jornalista diz que se sente grato por ter tido Ralime como mãe. Ele diz que pretende levar o legado da mãe para a eternidade e a tatuagem sempre vai transbordar o amor incondicional dela aos filhos e toda a família.

“Sei que ela cumpriu com esmero sua missão terrestre e só nos resta agradecer a Deus por ter tido ela esse tempo todo conosco. Faz e fará falta, mas merecia descansar.”

Ralime morreu aos 93 anos de causas naturais – Foto: Arquivo pessoal

A dona de casa morou em Cruzeiro do Sul até o início dos anos 90 quando seguiu para Rio Branco, mas até hoje é bastante lembrada e querida em Cruzeiro do Sul, onde era muito assídua na Catedral Nossa Senhora da Glória.

Na carta a mãe exalta as qualidades do filho:

Adelcimar 29/9/2014

Hoje está fazendo 50 anos que Deus me presenteou com uma linda criança, que cresceu e tornou se este filho bom, bom irmão e bom amigo de quem o procura.

Que Deus te abençoe e te livre de todos os males com votos de felicidade, paz e amor da mãe que te quer muito.

Ralime

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Publicado por
G1 Acre