Jornalista divulga depoimento policial sobre apuração noticiosa do caso dos “tapurus”

Da redação, com Edmilson Alves

O jornalista Altino Machado, do blog da Amazônia (Terra Magazine), divulgou em sua página pessoal no Facebook na manhã dessa terça-feira (19) o depoimento por ele prestado ontem à noite ao delegado Nilton César Boscaro sobre como teria se dado à apuração da notícia sobre o caso das marmitas servidas aos pacientes do Hospital das Clínicas do Acre com larvas, vermes ou tapurus no jantar da sexta-feira (15).

Segundo o depoimento, o furo de reportagem teria sido de Lenilda Cavalcante, do site policial ecosdanoticia. Insegura com a gravidade do fato, Cavalcante teria solicitado ajuda dos jornalistas Machado e Ray Melo de ac24horas para acompanharem o registro dos fatos.

A denúncia partiu da presidente da Associação dos Pacientes Renais Crônicos e Transplantados, Berenice Sales da Silva, e o secretário de Comunicação do Estado do Acre, Leonildo Rosas, acusa os jornalistas de sabotagem, por noticiarem o fato à sociedade acriana.

A repórter Lenilda Cavalcante sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC), quando prestava depoimento sobre o caso na noite desta segunda-feira (18). Lenilda foi demitida da TV Gazeta, afiliada de Rede Record no Estado, tempos após de ter realizado furo de reportagem no caso das marmitas com carnes de tatu servidas aos presos do G7, outro caso no qual o secretário Rosas acusa de armação.

Com a proximidade das eleições de 2014, noticiar qualquer assunto que possa comprometer a imagem do governo estadual pode virar caso de polícia no Acre. Antes do início da apuração dos fatos, a Secretaria de Saúde, Suely Melo, esbravejou: “Isso foi armação e garanto que vamos provar para vocês”, disse a secretária. É um caso inédito no cenário policial brasileiro – no qual a conclusão do inquérito parece anteceder à apuração dos fatos.

Mesmo com a democracia e o livre exercício de imprensa em perigoso, o Sindicato dos Jornalistas do Acre (Sinjac) contribui para agravar os fatos, nenhuma nota contestatória foi divulgada pela instituição que é presidida por Jane Vasconcelos, editora da estatal Agência de Notícias do Acre, cargo de confiança no governo.

Para o advogado constitucionalista, Ednei Muniz, a postura do governo sobre o caso é “ridícula, absurda e criminosa. A tentativa de criminalizar o fato é um dos maiores atentados à liberdade de expressão que já se viu no Acre nos últimos tempos”, diz.

Leia o depoimento em formato pdf.

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Publicado por
Alexandre Lima