Jorge Viana defende mais recursos e investimentos em Ciência e Tecnologia

Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) realiza audiência pública interativa para debater a fuga de capital humano do Brasil e oportunidades de “circulação de cérebros”.
À bancada em pronunciamento, senador Jorge Viana (PT-AC).
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Para senador, investimentos no setor de pesquisas e inovações são fundamentais para crescimento de um país no cenário de globalização que o mundo vive

O senador Jorge Viana (PT-AC) participou nesta quarta-feira (25) de uma audiência pública na Comissão de Ciência e Tecnologia do Senado Federal que discutiu a fuga de capital humano do Brasil. Citando o corte de 44% no orçamento de Ciência, Tecnologia e Inovação feito pelo governo federal neste ano, o parlamentar criticou a falta de investimentos neste setor que, segundo ele, é a chave para o crescimento e desenvolvimento de um país.

“Mais da metade das crianças que estão estudando hoje vão trabalhar em atividades que não existem hoje, que nós desconhecemos. Eu estou impressionado com a chegada da internet das coisas. Algumas profissões vão desaparecer e acho que debates como esse são muito oportunos porque precisamos trabalhar para fazer do Brasil o endereço de pesquisadores”, defendeu Viana.

Participantes do debate apontaram que a falta de investimentos e a burocracia na aprovação de projetos científicos resultam na fuga de cérebros para outros países e impedem o desenvolvimento do Brasil. A expressão “fuga de cérebros” refere-se à emigração de profissionais qualificados em busca de melhores condições em outros países. O corte drástico no orçamento da ciência, tecnologia e inovação, a partir de 2016, contribuiu para essa evasão, segundo o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Mário Borges.

Para o diretor do Projeto I-2030, Tadao Takahashi, a injustiça social é a segunda causa de emigração de cientistas. “Na verdade, o problema do cientista, ou do engenheiro, ou do médico que quer sair, não é só de carreira. É o entorno social no qual ele vive e que vai ficando intolerável e vai fazendo com que ele comece a pensar que exista algum lugar melhor onde ele pode conciliar a vida pessoal com a vida profissional”, disse.

Automação

Jorge Viana citou como exemplo das mudanças tecnológicas e da necessidade de investimentos no setor, a venda de carros elétricos. “Nós estamos preparados para isso? Estamos discutindo estrategicamente este novo cenário do comércio automobilístico? Não, nós estamos na contramão, desmontando orçamento social”, criticou.

O parlamentar, que foi relator do novo Marco da Ciência e Tecnologia e também do novo Marco da Biodiversidade, destacou que o país tem todas as ferramentas para fazer da biodiversidade uma grande fonte de pesquisa para o setor de cosmético e fármacos no mundo.

“Nossa biodiversidade é fundamental para nossa indústria de fármacos e cosméticos. Mas a gente teima em não estudar, em não investir em pesquisa. O corte no orçamento de ciência e tecnologia vai refletir na diminuição da oferta de bolsas de mestrado e doutorado. Vamos sentir o reflexo disso no futuro”, lamentou.

Dados oficiais do CNPq demonstram que foram pagas em julho de 2017, 45% menos bolsas de mestrado e doutorado em relação a 2015. Em julho deste ano, uma audiência pública convocada por requerimento do senador Jorge Viana discutiu maneiras de convencer o Congresso a incluir ciência, tecnologia e inovação nas exceções ao teto de gastos previstas na Emenda Constitucional 95, promulgada no ano passado. A partir de 2018, os gastos federais só poderão aumentar de acordo com a inflação. As áreas de educação e saúde ficaram fora desse limite.

“Será que a área de ciência e tecnologia não merece um tratamento diferenciado? Acho que ela tem que ser uma das escolhas do País. Essa é uma realidade que choca e nos impõe a tomada de alguma atitude”, disse Viana na ocasião.

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Publicado por
Alexandre Lima