Brasil

Jorge Viana critica apagão político do Acre e alerta: “Estado perdeu protagonismo e enfrenta crise estrutural”

Presidente da ApexBrasil defende novo modelo de desenvolvimento em conferência do PCdoB; ex-governador aponta deficiências em logística e infraestrutura

Em conferência do PCdoB, presidente da ApexBrasil defende novo modelo de desenvolvimento baseado em bioeconomia e integração logística. Foto: captada 

Em discurso durante a Conferência Estadual do PCdoB neste sábado (20), no auditório da Fecomércio em Rio Branco, o presidente da ApexBrasil e ex-governador do Acre, Jorge Viana, criticou a falta de protagonismo político do estado nos últimos anos e alertou para problemas estruturais que impedem o desenvolvimento regional. Sem citar nomes específicos, Viana destacou deficiências em logística, infraestrutura e conectividade que isolam comunidades e dificultam investimentos.

O ex-governador (2003-2010) defendeu um novo modelo de desenvolvimento para o Acre, baseado em sustentabilidade, economia florestal e integração regional. “Precisamos resgatar a capacidade de planejamento de longo prazo e atrair investimentos que valorizem nossa biodiversidade”, afirmou. A fala ocorre em meio às especulações sobre sua possível candidatura ao Senado em 2026, embora o tema não tenha sido explicitamente abordado no evento.

“Logo o nosso Acre, que sempre teve muito protagonismo em todas as fases da história, hoje vive uma completa ausência de lideranças com voz nacional. Quando estava-se lutando contra a ditadura, o Oscar Passos, presidente do MDB, era eleito pelo Acre. Flaviano Mello, Nabô Júnior, para citar alguns do nosso Acre. Figuras importantes. Mas faz falta uma Perpétua lá no Congresso”, afirmou Viana.

Viana disse ainda sentir de forma pessoal o impacto da atual situação. “Eu nunca sofri tanto na minha vida como é andar nas ruas de Rio Branco, visitar os municípios, conversar com as pessoas. Obras como o Teatrão, que foi símbolo cultural, estão abandonadas, e até a Biblioteca da Floresta, uma das mais bonitas do país, foi destruída. Essas pessoas não construíram uma casa sequer em sete anos”, criticou.

Viana lamentou que o governo de Gladson Camelí não tenha feito uma casa sequer nos últimos sete anos. Foto: captada 

Viana também relembrou a trajetória de união das forças progressistas no Acre nos anos 1990, que resultou em conquistas eleitorais marcantes e consolidou uma presença política forte no Estado.

“Naquela época, nós entendemos que era preciso colocar os interesses coletivos acima das disputas internas. O resultado foi a eleição de deputados como Marina Silva, Nilson Mourão e o saudoso Taboada, além da minha ida ao segundo turno para governador. Essa unidade nos levou a governar o Acre por cinco mandatos, eleger seis senadores e dezenas de deputados”, disse Jorge.

Ao ampliar sua análise para o cenário nacional, o ex-governador comentou o julgamento e a condenação de militares e civis envolvidos em planos golpistas contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outras autoridades. Para ele, o Brasil atravessa um momento de acerto de contas com a democracia.

“Eles estavam organizando o assassinato do presidente Lula, do vice-presidente e de ministros do Supremo. Agora estão sendo punidos. Não é perseguição, são fatos”, destacou.

Viana relembrou ainda sua presença em Brasília nos episódios de dezembro de 2022 e janeiro de 2023, quando ocorreram ataques à democracia. “Eu vi Brasília sitiada no dia da diplomação do presidente e, no dia 8 de janeiro, vi os insanos descendo pela rodoviária rumo à destruição dos Três Poderes”, contou.

A fala reforça especulações sobre sua pré-candidatura ao Senado em 2026, embora o tema não tenha sido explicitamente abordado. Viana evitou ataques diretos a adversários, mas deixou claro que vê a atual gestão como ausente nas pautas estruturantes do estado.

A Conferência do PCdoB do Acre tem como objetivo eleger a nova Direção Estadual para o biênio 2025-2027, discutir as propostas para o 16º Congresso Nacional do partido e definir diretrizes para o projeto eleitoral de 2026.

Jorge Viana destacou que a maioria da classe política hoje do Acre sequer sabe uma estrofe do Hino Acreano. Foto: captada 

Comentários

Publicado por
Marcus José