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Iteracre inicia processo de regularização da área onde fica o túmulo do Mestre Irineu
Em uma ação inédita, o governo do Acre iniciou, na comunidade do bairro Irineu Serra, em Rio Branco, o processo de regularização da área, que fica na parte alta da cidade e que é considerada o berço do Daime – patrimônio histórico, cultural e religioso do Acre, conhecido mundialmente pelo uso do chá da ayahuasca.

Túmulo do Mestre Irineu vai receber título definitivo da terra pelo Iteracre. Foto: Cosmo Lima de Souza
O sonho nutrido por toda comunidade agora passa a se tornar realidade. O governo do Acre, por meio do Instituto de Terras (Iteracre), iniciou, na terça-feira, 9, o georreferenciamento da área, para a entrega dos títulos definitivos aos moradores. Agora, o processo está na etapa de confecção de mapas e memoriais descritivos dos lotes.
O trabalho na região é feito por dois programas, Minha Terra de Papel Passado e Igreja Legal, que destinam recursos e reúnem esforços para avançar na regularização fundiária do estado e aumentar a segurança jurídica dos moradores.
Túmulo do Mestre Irineu
Serão beneficiados centros religiosos, igrejas e o Túmulo do Mestre Raimundo Irineu Serra, local de peregrinação de pessoas do mundo inteiro.
“Vamos fazer o georreferenciamento da área onde se encontra o Túmulo e muito breve retornaremos com essa área regularizada para fazer a entrega dos títulos definitivos. Essa foi uma determinação do governador Gladson Cameli, para que o programa Igreja Legal atenda o maior número de entidades religiosas possíveis do estado”, destacou a presidente do Iteracre, Gabriela Câmara.
O secretário de Governo, Alysson Bestene, também participou da agenda e enfatizou o simbolismo de o poder público chegar ao local após 53 anos de espera. Para ele, isso mostra o comprometimento do governo estadual, tanto na legalização dessas terras como no respeito à identidade cultural do estado acreano.
“Percorremos os lugares sagrados da doutrina e fomos recebidos pela matriarca, a madrinha Peregrina Gomes Serra, viúva do Mestre Irineu. Quero agradecer a hospitalidade da comunidade e fico feliz de poder, cada vez mais, ajudar as pessoas a se regularizarem e, com isso, terem acesso a benefícios que só uma terra legalizada pode ter”, frisou.
A previsão da entrega dos documentos é até o fim de março.

Trabalho marca atuação inédita do Estado na área. Foto: Anderson Oliveira/Segov
Alcance social
Altino Machado, integrante do Centro de Iluminação Cristã Luz Universal (Ciclu) – Alto Santo, diz estar feliz em ver a regularização em andamento. Segundo ele, foi a primeira vez que uma gestão abraçou a causa da comunidade.
“A regularização desse espaço onde o Mestre Irineu escolheu ser sepultado é uma obra; quem conhece sai daqui encantado com a beleza desse túmulo. Foi a primeira vez que o Iteracre conseguiu chegar aqui; enviou uma equipe, que se instalou na escola para atender a todo mundo que queira regularizar a sua propriedade, então foi um trabalho marcante, que merece reconhecimento de toda coletividade por conta do alcance social que isso tem.”
Outros 70 lotes, que estão sob responsabilidade do Estado, devem ser beneficiados também. O local também contempla uma área de proteção ambiental (APA), sob a administração da Prefeitura de Rio Branco, com quem o governo tenta firmar um termo de cooperação.
A presidente da associação de moradores do bairro, Joana D’arc Melo, disse que esse é um passo importante para que, futuramente, todas as famílias possam comemorar o título definitivo de suas terras, além das cem já cadastradas.
“Em um momento que vemos a imprensa mundial falando da importância da preservação ambiental, é importante que o poder público priorize nossa região, que é o único cinturão verde na área urbana de Rio Branco”, disse.

Além de centros religiosos, programas alcançarão mais 70 lotes. Foto: Brandão Oliveira/Iteracre
Quem foi Mestre Irineu
Raimundo Irineu Serra experimentou o chá ayahuasca, bebida ancestral produzida a partir da junção do cipó mariri e da folha chacrona, pela primeira vez no início do século passado, quando era membro da Comissão de Limites do governo federal. A instituição era responsável por delimitar as fronteiras entre Acre, Bolívia e Peru.
A doutrina do Daime teve início em Rio Branco na década de 30, quando Irineu e a família moravam no bairro Manoel Julião. Em 15 de maio de 1945, Raimundo Irineu se mudou para o pequeno seringal onde hoje é o bairro Irineu Serra.
Depois da morte de Irineu, em 6 de julho de 1971, muitos dos seus discípulos que haviam aprendido a preparar o chá estabeleceram outras comunidades e religiões que também tomam a bebida. Hoje existem vários centros religiosos e terapêuticos que utilizam a ayahuasca no mundo todo.
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Mulher trans é vítima de tentativa de homicídio no bairro Seis de Agosto, em Rio Branco**
W. L. S., de 33 anos, foi esfaqueada na região abdominal e agredida com socos e chutes na madrugada desta quarta-feira (12). Polícia não foi acionada, e motivação do crime ainda é desconhecida.
Uma mulher trans, identificada como W. L. S., de 33 anos, foi vítima de uma tentativa de homicídio na madrugada desta quarta-feira (12), na Travessa Cearense, no bairro Seis de Agosto, no Segundo Distrito de Rio Branco. De acordo com relatos da mãe da vítima, dona Elizângela, W. L. S. chegou em casa ferida, pedindo socorro, após ser esfaqueada na região abdominal e agredida com socos e chutes.
A mãe da vítima afirmou que a filha, que é usuária de entorpecentes, estava bastante alcoolizada e não soube explicar as circunstâncias do crime. Desesperada, dona Elizângela acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU), que enviou uma ambulância de suporte básico ao local. Após receber os primeiros socorros, W. L. S. foi encaminhada ao Pronto-Socorro de Rio Branco, onde seu estado de saúde foi considerado estável.
A Polícia Militar não foi acionada para atender à ocorrência, e, até o momento, não há informações sobre o autor ou a motivação do crime. O caso reforça a preocupação com a violência contra a população LGBTQIA+ e a necessidade de investigações para esclarecer os fatos e garantir a segurança das vítimas.
A família aguarda por respostas e espera que as autoridades tomem as providências necessárias para identificar e punir os responsáveis pela agressão.
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Justiça decreta prisão preventiva de réu acusado de roubo de veículos de casa paroquial em Rio Branco
Emerson Alves da Silva violou regras do monitoramento eletrônico e foi preso após ser denunciado por integrar quadrilha que roubou carros e sequestrou religiosos em 2023.
O detento Emerson Alves da Silva, réu no processo que apura o roubo de dois veículos de uma casa paroquial em Rio Branco, teve a prisão preventiva decretada nesta terça-feira (11) pelo Juiz Gustavo Sirena, da Vara de Delitos de Roubo e Extorsão. A decisão atendeu a um pedido do Ministério Público do Acre (MP-AC), após o acusado violar as regras do monitoramento eletrônico em pelo menos três ocasiões: nos dias 29 e 30 de dezembro de 2023 e no último dia 9 de janeiro.
De acordo com o relatório do MP, na madrugada do dia 29 de dezembro, Emerson foi flagrado em um bar conhecido por ser frequentado por faccionados, na companhia de outros sete monitorados. O descumprimento das condições impostas pela Justiça levou à expedição do mandado de prisão, cumprido na tarde desta quarta-feira (12) por policiais do GIRO (Grupamento de Intervenção Rápida e Ostensiva) na região do Airton Sena.
Emerson foi preso pela primeira vez em 21 de março de 2023, quando integrava uma quadrilha que invadiu uma casa paroquial na Vila Betel. Na ocasião, os criminosos roubaram uma caminhonete S-10 e um carro de passeio, além de sequestrar os padres Mateus Santos e Wesley Loseph e o seminarista Edson Alves. Os religiosos foram levados para uma área de mata e só liberados após a prisão de Emerson, que tentava levar a caminhonete para a Bolívia.
Em dezembro, a Justiça aceitou a denúncia do MP-AC contra Emerson, que agora responde ao processo como réu. A prisão preventiva reforça o combate à reincidência criminal e a aplicação de medidas mais rigorosas para garantir o cumprimento das decisões judiciais.
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PF investiga fraudes ao Farmácia Popular causadas por grupo atuante no tráfico de drogas
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (13/2) a Operação Arthron, para a desarticulação e descapitalização de grupo criminoso atuante na prática de tráfico de drogas transnacional e responsável por causar prejuízos milionários em desfavor do Programa Farmácia Popular do Governo Federal.
Mais de 100 policiais dão cumprimento a 106 ordens judiciais expedidas pela Justiça Federal em Goiás: 6 mandados de prisão, 26 mandados de busca e apreensão, 28 medidas restritivas de direitos, além de medidas de constrição patrimonial que abarcam o sequestro de bens móveis e imóveis. Ainda foi determinado bloqueio de mais de R$ 39 milhões dos investigados. Ações ocorrem no Distrito Federal e nos estados de Goiás, Paraíba, Mato Grosso, Acre e Minas Gerais.
A investigação teve início em 2022, após a prisão em flagrante de dois indivíduos que estavam transportando grande quantidade de cocaína com destino a Luziânia/GO. Apurou-se que a droga seria destinada a um traficante da região que, inclusive, chegou a ser candidato ao cago de Vereador nas eleições municipais do ano de 2024.
A investigação ainda apontou que os envolvidos eram responsáveis pela internalização de grandes volumes de substâncias entorpecentes, provenientes, sobretudo, da Bolívia, Colômbia e do Peru. As drogas eram revendidas, principalmente, a traficantes do entorno do Distrito Federal que, nos termos dos elementos indiciários coletados, possuem vínculos com facções criminosas de repercussão nacional.
O rastreamento das movimentações financeiras operadas pelas pessoas já identificadas permitiu a identificação de sistemática rede destinada a ocultar e ou dissimular a proveniência ilícita dos valores obtidos a partir das condutas ilícitas perpetradas. Identificou-se a constituição de diversas empresas do ramo farmacêutico que, posteriormente, eram utilizadas para fins de obtenção de vantagens indevidas junto ao Programa Farmácia Popular do Governo Federal.
Os valores obtidos a partir das atividades fraudulentas, posteriormente, foi utilizado por parte dos investigados para fins de financiamento ao tráfico de drogas. Foram identificadas ao menos 28 pessoas jurídicas diretamente utilizadas pelo grupo para fins da prática dos referenciados atos de estelionato em desfavor da União.
Como funcionava as fraudes em desfavor do Programa Farmácia Popular do Governo Federal?
O Programa Farmácia Popular do Brasil – PFPB é um programa do Governo Federal que visa complementar a disponibilização de medicamentos utilizados na Atenção Primária à Saúde, por meio de parceria com farmácias da rede privada. As fraudes ocorriam assim:
i) Os investigados adquiriam empresas que estavam licitamente cadastradas no PFPB, mas que haviam encerrado suas atividades;
ii) Faziam as alterações societárias pertinentes e, na maioria dos casos, vinculava as Pessoas Jurídicas a pessoas interpostas;
iii) As alterações societárias e os ajustes junto ao PFPB eram intermediados por Investigada que, aparentemente, atuava como espécie de “despachante” junto aos órgãos públicos atuantes no programa;
iv) Realizadas as alterações, ocorria aumento do número de lançamentos de medicamentos comercializados por meio do Farmácia Popular, seja na modalidade gratuidade ou subsidiada;
v) Liberação dos pagamentos em favor dos envolvidos que se valiam de diferentes tipologias voltadas a dificultar a identificação dos reais beneficiários.
Para a operacionalização das fraudes, eram realizadas vendas simuladas de medicamentos que, na prática, nunca chegaram a ser fornecidos ao beneficiário declarado. Os investigados lançaram dados de consumidores que, sequer, possuem conhecimento quanto a utilização indevida de suas informações de qualificação.
Ressalta-se que, em sua maioria, as empresas utilizadas pelo grupo não possuíam existência fática e ficavam localizadas em estados totalmente diverso do domicílio dos sócios declarados. Notou-se que, durante o funcionamento lícito dos estabelecimentos, os repasses mensais do PFPB não ultrapassavam R$ 5 mil e que, após o início das fraudes, cada farmácia passava a receber valores que giravam em torno de R$ 60 a R$ 90 mil por mês.
Diante desse esquema criminoso, além dos ganhos provenientes das atividades ilícitas relacionadas ao tráfico de drogas, as medidas de constrição patrimonial também englobam uma estimativa de prejuízos gerados em desfavor da sociedade o que implicou na majoração dos valores de bloqueio para fins de imposição de Dano Moral Coletivo.
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