Jorge Natal
ndios de várias etnias do Acre, Sul do Amazônia e Noroeste de Rondônia fecharam a BR-364 nas proximidades do Ceasa, em Rio Branco. O protesto, que aconteceu na tarde desta sexta-feira (23), é para denunciar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 215, que quer transferir para o Congresso Nacional as atribuições das políticas indígenas.
“Essa PEC é um retrocesso, pois retira direitos constitucionais históricos”, disse o líder indígena Sabá Manchinery.
Por ironia, os índios ficaram ao lado de caminhões carregados com torras de madeira, supostamente oriundas de planos de manejo.
“Estamos cientes de que a presidente Dilma e o Congresso estão a serviços dos poderosos”, declarou o índio Ninawá Huni Kui, que também culpa o governo estadual pelo “descaso e omissão” com a causa indígena.
Munidos de faixas, cartazes e entoando cantos de guerra, os índios liberaram a rodovia depois de quase uma hora de protesto.
“Isso mostra a união dos nossos povos em todos os quatro cantos do país”, disse a coordenadora regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Maria Evanízia dos Santos.
Articulada pela bancada ruralista, as terras indígenas e comunidades quilombolas estão ameaçadas. O projeto conta com o apoio da grande imprensa, do agronegócio, dos evangélicos, das mineradoras e dos megaprojetos, que defendem um tipo de “desenvolvimento”, que será danoso não só aos povos indígenas e outras comunidades tradicionais, como também ao meio ambiente e, ao longo prazo, à população brasileira.
“A bancada forte no Congresso Nacional responde pela junção das letras BBB (Boi, Bíblia e Bala)”, disse Huni Kui.
O movimento indígena defende uma Funai estruturada, dotada de todas as condições para cumprir a sua missão, que é estar ao lado dos povos indígenas na luta pela demarcação de suas terras e ascensão político-cultural na sociedade brasileira.