Por Jefson Dourado, Jornal do Acre 2ª Edição — Rio Branco
Uma semana depois de ter recebido alta da UPA do 2ª Segundo Distrito, em Rio Branco, o aposentado Raimundo Barreto de Souza, de 75 anos, morreu na tarde desta terça-feira (19) sem conseguir um leito de UTI. No mesmo dia, o governo informou que o sistema de saúde estava entrando em colapso.
No último dia 12, a Rede Amazônica no Acre mostrou o momento em que o idoso recebeu alta da UPA após ficar internado por alguns dias. Muito emocionado, ele comemorou a volta pra casa.
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Antes disso, ele contou que ficou assustado com a doença. “Era como algo tivesse comendo meus pulmões, era de se desesperar. Não gosto nem de lembrar”, contou em reportagem exibida no dia 12.
Cinco dias depois, no dia 17, ele precisou voltar à unidade de saúde na ambulância, cansado e debilitado.
Desde domingo internado e à espera de um leito de UTI, o aposentado não resistiu e morreu na tarde de terça. A filha dele, Francisca Souza, chegou a gravar um vídeo emocionado fazendo um apelo pedindo o leito para o pai.
“Eu estou, por meio desse vídeo, pedindo encarecidamente que nos cedam um leito. A vida do meu pai depende disso. Nós precisamos desse leito, pelo amor de Deus, consigam esse leito para o meu pai”, pede entre lágrimas.
Mesmo com o apelo da família, não houve tempo para a transferência. Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre) informou que o quadro da vítima evoluiu muito rápido e que havia sido liberado porque não não tinha critérios para internação.
“Justamente por não estar necessitando permanecer internado, ele foi pra casa, uma vez que a unidade não tem como manter pessoas que não estão em situação grave”, diz a nota.
A Sesacre alegou ainda que o idoso seria levado à UTI do Instituto de Traumatologia e Ortopedia no Acre (Into-AC) ainda na noite de terça. Um levantamento da Sesacre mostra que em todo o estado há 39 leitos de UTI.
Deste total, quatro estão no PS, 28 no Into e sete no Hospital do Juruá. Dos 39 leitos de UTI, 34 estão ocupados, sendo que há cinco vagas apenas no Into.
A reportagem tentou ouvir a família, mas foi informado que todos estão ainda muito abalados e resolvendo as questões burocráticas do enterro.