IBGE aponta que fome atinge 58,7% domicílios acreanos. Para 12,4% a situação é muito grave

A Região Norte teve cerca de cinco vezes mais domicílios convivendo com a restrição severa de acesso aos alimentos, ou seja, com IA grave, quando comparada com a Região Sul (10,2% contra 2,2%).

No Acre a situação da fome vem sendo agravada por conta da pandemia

Pesquisa divulgada hoje pelo IBGE aponta grave risco para a segurança alimentar de quase 60% da população acreana, São esses os resultados da Pesquisa de Orçamentos Familiares, POFs com informações sobre a composição orçamentária doméstica e sobre as condições de vida da população, incluindo a percepção subjetiva da qualidade de vida, bem como gerar bases de dados e estudos sobre o perfil nutricional da população.

Em 2017-2018, a POF estimou um total de 234 mil de domicílios particulares permanentes no Acre. Dentre esses, 41,3% estavam em situação de satisfação alimentar garantida, enquanto 58,7% domicílios (521 mil pessoas) particulares restantes estavam com algum grau de insuficiência alimentar, IA,, assim dividida:

  • 32,5%, dos domicílios com IA baixa;
  • 13,8%com IA moderada;
  • 12,4% com IA grave.

Considerando o nível de IA grave como a forma mais severa de baixo acesso domiciliar aos alimentos, é possível afirmar, com base nos resultados da POF 2017-2018, que cerca de 29 mil de domicílios (12,4%), passaram por privação quantitativa de alimentos, que atingiram não apenas os membros adultos da família, mas também suas crianças e adolescentes. Houve, portanto, ruptura nos padrões de alimentação nesses domicílios e a fome esteve presente entre eles, pelo menos, em alguns momentos do período de referência de 3 meses.

Ou seja, 12,4 % dos domicílios acreanos enfrentou fome severa.

Considerando os resultados Regionais obtidos pela POF 2017-2018, as Regiões Norte e Nordeste do Brasil apresentaram as menores proporções de domicílios particulares em SA (43,0% e 49,7%, respectivamente), de modo que menos da metade dos moradores destas regiões tiveram acesso pleno e regular aos alimentos, tanto quantitativamente como qualitativamente.

Já nas Regiões Centro-Oeste (64,8%), Sudeste (68,8%) e Sul (79,3%), mais da metade dos seus domicílios encontravam -se em situação de SA. A proporção de IA leve foi observada em cerca de 1/3 dos domicílios particulares das Regiões Norte (31,8%) e Nordeste (29,8%), indicando um número elevado de moradores vivendo com a preocupação ou incerteza na manutenção do acesso aos alimentos, assumindo assim estratégias que acabam por comprometer a qualidade da dieta e a sustentabilidade alimentar da família.

As proporções de IA moderada e grave também foram maiores nas Regiões Norte e Nordeste. A Região Norte teve cerca de cinco vezes mais domicílios convivendo com a restrição severa de acesso aos alimentos, ou seja, com IA grave, quando comparada com a Região Sul (10,2% contra 2,2%). As Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do Brasil foram às áreas com percentuais mais elevados de domicílios particulares onde a fome esteve presente, com prevalências de IA grave de 10,2%, 7,1% e 4,7%, respectivamente.

Fome avança no estado a partir de 2017, depois de anos de redução

Analisando as modificações ocorridas no Acre entre os anos de 2004 e 2018, observou-se que, após a redução da exposição das famílias à fome, entre os anos de 2004, 2009 e 2013, os resultados obtidos em 2017-2018 foram marcados pela redução na prevalência de domicílios particulares acreanos que tinham acesso à alimentação de seus moradores de forma adequada (quantitativamente e qualitativamente) e, portanto, do aumento de domicílios com algum grau de fome entre seus integrantes. Isso quer dizer que a fome no estado avançou entre os anos de 2027-2018, em relação aos dois anos anteriores.

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Publicado por
A Tribuna

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