Homicídios na Amazônia quase dobram em 20 anos com avanço do tráfico fluvial

Pesquisa aponta ligação entre aumento da violência e migração de rotas aéreas para rios após bloqueio do espaço aéreo

O número de homicídios na Amazônia quase dobrou nas últimas duas décadas, impulsionado pela expansão do tráfico de drogas pelos rios e, indiretamente, pela política de interdição do espaço aéreo contra aeronaves não autorizadas. A conclusão é de um estudo do Insper, divulgado pela Folha de S.Paulo.

A partir de 2004, com a implantação de sistemas que permitiram à Força Aérea interceptar aviões suspeitos, traficantes migraram para rotas fluviais. Essa mudança ampliou a presença criminosa em comunidades ribeirinhas, utilizadas para abastecimento de embarcações, armazenamento de drogas e apoio logístico.

O estudo aponta que municípios localizados nessas rotas registraram o maior crescimento da violência. No Amazonas — onde está mais da metade dessas cidades — a taxa de homicídios passou de 13,6 para 24,6 por 100 mil habitantes entre 2004 e 2024, alcançando o pico de 35,1 em 2021.

Entre 2005 e 2020, um em cada quatro assassinatos nesses municípios esteve ligado ao tráfico fluvial, totalizando 1.430 mortes. O fenômeno respondeu por 41% do aumento da taxa de homicídios no período, impulsionado por disputas territoriais.

De 2020 a 2024, operações policiais nas fronteiras e rios da região resultaram na apreensão de 120 toneladas de drogas, 1.792 armas e 25 mil munições, além de 3.206 prisões e prejuízo estimado em R$ 3,3 bilhões às organizações criminosas.

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Da Redação