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Acre

Homem com perda de memória não sabe onde mora e sonha em ver filhas

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Aposentado morava em São Paulo e não sabe como foi parar no Acre.
‘Eu sei o que se passa agora, depois o passado apaga”, diz poeta.

 G1
Manoel de Oliveira não consegue lembrar onde mora e nem como chegou ao Acre (Foto: Tácita Muniz/G1)

Manoel de Oliveira não consegue lembrar onde mora e nem como chegou ao Acre (Foto: Tácita Muniz/G1)

“Morrer seria um alívio”. O desabafo é do carpinteiro Manoel de Oliveira, de 58 anos, que sofre com a perda de memória recente. Em Bujari, a 22 km de Rio Branco, onde foi acolhido por uma família há 10 anos, todos o conhecem como “Seu Bagdá” ou “poeta sem chance”.
Entre os esquecimentos e alguns lapsos de consciência, Oliveira não consegue lembrar de algumas coisas mais recentes. Ele não sabe onde está e nem como foi parar no Acre.

Devido ao problema, é difícil saber a cronologia da história do aposentado. As poucas coisas de que lembra são os nomes das três filhas, o endereço onde morava em São Paulo e que morou em Bagdá durante um tempo enquanto exercia o trabalho de carpinteiro para uma empresa do Brasil. Por isso, foi apelidado com o nome da cidade.

As memórias mais antigas não são problema para o poeta. Ele conta que estudou somente até a 4ª série e que aprendeu a falar três línguas – inglês, árabe e espanhol – através de suas andanças pelo mundo.

“O corpo está bom para trabalhar, o problema está na cabeça. Nem sei quanto tempo estou sem trabalhar. Na verdade, nem sei onde estou. Eu sei o que está acontecendo agora, depois o passado se apaga”, explica.

Apaixonado por poesia, o aposentado se diz repentista e gosta de, no improviso, declamar versos.

O diretor do Hospital de Saúde Mental do Acre (Hosmac), o psiquiatra Marcos Araripe, explica que é preciso uma avaliação para confirmar o diagnóstico da doença com ressonância magnética do crânio e exame laboratorial. Mas, destaca que há duas possibilidades.

“Existem duas doenças que causam esses sintomas. O Alzheimer, que se caracteriza com o quadro da perda da memória recente e lembra de fatos passados ou a demência devido ao abuso do álcool. O tratamento é medicamentoso”, explica.

Acolhimento
Sem documentos, Oliveira foi acolhido por uma família há cerca de 10 anos. A dona de casa Maria das Dores, de 64 anos, conta que o conhecido Bagdá e seu marido trabalharam juntos em uma fazenda em Assis Brasil. Eles conhecem o aposentado há cerca de 15 anos, segundo a dona de casa.

“O Manoel era bom e trabalhava de peão com o meu marido. Eles faziam tudo na fazenda. Mas, ele sempre gostou de tomar cachaça. Às vezes, quando bebia muito, ele desaparecia e a gente ia procurá-lo. Mas, ele era bonzinho”, conta.

Neste momento, Oliveira interrompe e, bem humorado, corrige a amiga que o acolheu. “Eu ainda sou bom, a memória é que é falha”, brinca.

Maria das Dores conta que após uma temporada em Assis Brasil, o marido decidiu ir morar em Boca do Acre (AM) e perdeu o contato com Oliveira. “A gente sabia que ele tinha sido internado em um centro de reabilitação por conta da bebida. Mas, ele fugiu”, relembra.

Ao chegar em Boca do Acre, Oliveira também passou um tempo na Vila Céu do Mapiá, uma comunidade daimista que fica na divisa entre os municípios de Boca do Acre e do Pauini, no Amazonas. A comunidade recebe a visita de muitos estrangeiros e, segundo a dona de casa, Oliveira ajudava como tradutor.

Até que um dia, Maria das Dores e o marido descobriram que o carpinteiro estava perdido e alegava não saber mais onde estava. “Um dia, o filho do meu marido estava passando por um local e encontrou o Manoel dizendo que não sabia onde estava. Mas, ele lembrava do meu marido”, revela.

Nesse mesmo dia, a dona de casa e o marido resolveram “adotar” o aposentando, mas acreditavam que a perda de memória seria passageira. “A gente achava que seria um lapso e, como meu marido o tinha como irmão, pediu que a gente cuidasse dele. Mas, até hoje ele está com a gente e não consegue lembrar de nada”, lamenta.

O carpinteiro fica surpreso ao ver a fotos das três filhas que nã vê há quase 30 anos (Foto: Tácita Muniz/G1)

O carpinteiro fica surpreso ao ver a fotos das três filhas que nã vê há quase 30 anos (Foto: Tácita Muniz/G1)

A família
A história do conhecido “Seu Bagdá” ou “poeta sem chance” ganhou repercussão quando o policial militar Joabes Guedes postou uma prévia da história em seu perfil no Facebook. A postagem teve quase 200 compartilhamentos. “Vez ou outra ele dorme no banco do posto da PM e o levamos para casa”, conta.

Porém, a procura pela família de Oliveira é mais antiga. Morando em uma cidade com pouco mais de 8 mil habitantes, o poeta é velho conhecido dos moradores. E foi há dois meses que Natalina Lima, na época secretária de assistente social da cidade, iniciou as buscas pela família de Oliveira.

Ela gravou um vídeo onde ele falava as poucas coisas que lembrava, como o endereço, nome da ex-mulher e das três filhas. Natalina entrou em contato com o Centro de Referência da Assistência Social da prefeitura de São Paulo e obteve a resposta do que procurava nesta quarta-feira (16), mesma data em que a história de “Bagdá” foi publicada no Facebook.

“Em setembro mandei e-mail e a primeira resposta foi que não tinha encontrado ninguém. Já neste segundo e-mail, me passaram o relatório completo com os nomes das filhas e os contatos”, explica.

Oliveira para por muitas vezes e se concentra em cada frase. E parece tentar força a memória para lembrar de algo. Ao final, sempre completa: “É uma situação mesquinha que não desejo para ninguém”, destaca.

Conhecido como Seu Bagdá, ele chora ao se dar conta que não tem memória recente (Foto: Tácita Muniz/G1)

Conhecido como Seu Bagdá, ele chora ao se dar conta que não tem memória recente (Foto: Tácita Muniz/G1)

Quase 30 anos sem ver a família
Andarilho pelas ruas de Bujari, Olivera conta que gosta de andar para ver se “as coisas se encaixam”. Das filhas, ele tem a lembrança de todas pequenas. A história concreta do carpinteiro foi um mistério até mesmo para o casal que o acolheu por uma década.

Parte da história pôde ser revelada pela ex-mulher do aposentando. Maria Aparecida tem 49 anos e conta que Oliveira sempre teve problemas com o álcool. “Ele bebia muito e, com três filhas pequenas, acabei separando dele. Foi quando ele foi embora com um amigo dizendo que iria para um garimpo”, conta.

O único documento que o carpinteiro tem hoje é uma folha com alguns dados dele que foi tirada na Polícia Civil em 2004 para que ele pudesse receber a aposentadoria. Nem ele mesmo sabe o que aconteceu com os documentos.

Não vejo a hora de ver meu pai e agora os dias passam como se fossem anos”
Jaqueline Oliveira, filha do aposentado

Maria Aparecida diz que ainda é casada no papel com o aposentado. Durante esses quase 30 anos sem ter notícias de Oliveira, ela revela que sempre foi cobrada pelas três filhas para saber onde o pai estava.

“Eu perguntava para os irmãos dele, mas foram quase 30 anos sem saber notícias”, conta.

‘Achava que ele estava morto’, diz filha
Quando o pai sumiu, Jaqueline Oliveira tinha apenas 1 ano de idade. Hoje, após saber onde o pai está, ela fica emocionada e diz não ver a hora de encontrá-lo. O G1 flagrou o momento em que o pai fala com a filha. (Veja o vídeo acima).

No vídeo, o carpinteiro conta à uma das filhas que não sabe onde está e que a memória recente simplesmente apagou. “O que acontece, depois que passa, apaga”.

O desafio agora, após a procura pelo pai, é achar uma forma de levá-lo até São Paulo. As filhas do aposentando são humildes e ainda buscam uma forma de revê-lo. “A gente não tem condições financeiras. Mas, todos esses anos foram marcados por uma sensação muito ruim porque, para mim e para minhas irmãs, ele estava morto. Não vejo a hora de ver meu pai e agora os dias passam como se fossem anos. Tudo que a gente quer é trazer ele para podermos cuidar melhor e recuperar o tempo perdido”, finaliza.

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Acre

Polícia Civil realiza atendimento domiciliar para emissão de documentos a pessoa com autismo grave no período noturno

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Equipe do Instituto de Identificação de Cruzeiro do Sul, foi convidada a realizar o atendimento no momento em que a pessoa vai dormir. Foto: cedida.

Na madrugada de sexta-feira, 26, o governo do Acre, por meio da Polícia Civil do Acre (PCAC) realizou uma iniciativa inovadora e de grande sensibilidade, o atendimento para a emissão de Identidade em domicílio para pessoas com autismo grave, durante o período noturno, na cidade de Cruzeiro do Sul.

Esta ação, coordenada pelo Instituto de Identificação da PCAC, foi uma resposta às dificuldades enfrentadas por pessoas com autismo grave, que muitas vezes resistem a sair de casa durante o dia.

O serviço especial, ocorreu por volta das 23h de quinta-feira, 25, concentrou-se no Bairro Miritizal, especificamente na Avenida Juruá, em Cruzeiro do Sul. Durante a operação, foi realizado o atendimento para a emissão da Carteira de Identidade Nacional (CIN).

Em meio a essa demonstração de comprometimento e cuidado, o delegado-geral de Polícia do Acre, Henrique Maciel, destacou a importância dessa iniciativa para garantir que todos, sem distinção, tenham acesso aos serviços essenciais. “Estamos empenhados em atender às necessidades da nossa comunidade, especialmente daqueles que enfrentam desafios adicionais devido a condições especiais, como o autismo grave”, declarou.

Equipe levou todo aparato para atender o cidadão em sua residência. Foto: cedida. Foto: cedida.

Por sua vez, o Diretor do Instituto de Identificação, Júnior César da Silva, ressaltou a relevância do serviço oferecido e agradeceu à equipe pelo empenho e dedicação. “É fundamental que o Estado esteja presente para garantir os direitos de todos os cidadãos, e estamos orgulhosos de poder oferecer esse serviço diferenciado, adaptado às necessidades específicas das pessoas com autismo grave”, afirmou o diretor.

Essa ação exemplar da Polícia Civil do Acre reflete o compromisso do governo do Acre em promover inclusão e acessibilidade, demonstrando que, mesmo durante a noite, os serviços públicos estão disponíveis para atender às demandas da comunidade.

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Prefeitura de Rio Branco oferece serviços para pessoas em situação de rua no Centro Pop

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O Município de Rio Branco, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social e Direitos Humanos (SASDH) e do Consultório na Rua, promoveu nessa sexta-feira (26), uma ação integrada no Centro POP, destinada exclusivamente à população em situação de rua.

Durante a atividade, os participantes foram beneficiados com uma variedade de serviços essenciais. Destaque para os cortes de cabelo feminino e masculino, além do design de sobrancelhas, oferecidos pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac). A equipe do Consultório de Rua, da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), realizou testes rápidos para tuberculose, HIV, hepatite e sífilis.

Com mais de 200 atendimentos, a união entre instituições foi fundamental para o sucesso e eficácia dessa ação em prol do bem comum que contou com a colaboração de diversos parceiros, incluindo o Senac, a Associação de Redução de Danos do Acre (Aredacre) e grupo Boticário.

De acordo com Suellen Araújo, secretária da SASDH, o objetivo principal da iniciativa foi facilitar o acesso dessa parcela da população a serviços básicos de assistência social, saúde e bem-estar.

“A ação é fruto de uma cooperação entre várias entidades que compartilharam o propósito de contribuir para proporcionar o mínimo de dignidade a essas pessoas, uma vez que esse tipo de vulnerabilidade dificulta bastante o acesso a serviços básicos de beleza, bem-estar e principalmente, diagnósticos de saúde”.

Fonte: Prefeitura de Rio Branco – AC

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Gladson pede de volta máquinas novas que foram sucateadas por prefeituras e vai responsabilizar gestores

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Governador não descarta responsabilizar os prefeitos por negligência e cancelar os convênios de cessão de máquinas

O governador ordenou que o Deracre avalie a situação, recolha as máquinas, as conserte e não as devolva para as prefeituras que as deixaram em mau estado/Foto: A Tribuna

Com Victor Mano

Máquinas de um lote de 90 equipamentos cedidos a prefeitos do interior do estado serão recolhidos pelo Governo do Estado. Gladson Cameli ordenou, na última sexta (26), que o Deracre recolha imediatamente as máquinas que estão paradas, muitas delas em péssimo estado e sem manutenção pelas autoridades municipais.

Na época governador frisou que à entrega do maquinário garante direito de ir e vir da população rural e contribui para o aquecimento da economia. Foto: Diego Gurgel/Secom

Com investimento de R$ 47,7 milhões, a aquisição foi realizada em junho de 2021, pelo governo do Acre e Ministério do Desenvolvimento Regional, por meio da Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia (Sudam). Parte dos recursos foram oriundos de uma emenda de bancada dos parlamentares federais acreanos que fizeram parte da legislatura passada, entre eles, o então senador Gladson Cameli.

Oficialmente foram 90 máquinas pesadas entregue à Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) e cedidas ao Departamento de Estradas de Rodagens do Acre (Deracre). entre elas 4 escavadeiras hidráulicas, 18 motoniveladoras, 18 pás carregadeiras, 18 retroescavadeiras, 8 tratores de esteira, 18 caminhões basculantes, 2 cavalos mecânicos, 2 semirreboques basculantes e 2 semirreboques com dois eixos, todos padronizadas e o diferencial foi a pintura, das tradicionais tonalidades utilizadas neste mercado. O pedido foi feito pelo próprio chefe do Poder Executivo, para assegurar transparência e coibir o uso indevido do bem público.

Os equipamentos foram cedidos a pedido de prefeitos de municípios sem escritório regional do Deracre e ficaram sob responsabilidade desses municípios, que nunca realizaram qualquer revisão ou manutenção.

O governador confirmou a denúncia recebida sobre a situação do equipamento e decidiu intervir para resolver o problema. Ele não descarta responsabilizar os prefeitos por negligência e cancelar os convênios de cessão de máquinas.

Sem volta

Cameli ainda está pagando pelo financiamento das máquinas. Durante a cerimônia de entrega de 19 casas populares na sexta, o governador expressou preocupação com o abandono desse patrimônio estadual, que deveria estar sendo mantido pelas autoridades municipais.

O governador ordenou que o Deracre avalie a situação, recolha as máquinas, as conserte e não as devolva para as prefeituras que as deixaram em mau estado.

Com investimento de R$ 47,7 milhões, Gladson Cameli entrega 90 máquinas pesadas para manutenção de ramais em junho de 2021

“O povo do Acre está recebendo um presente. Entendemos que investir nos ramais é investir na produção. Esse é mais um compromisso da bancada federal com os nossos produtores rurais“, pontuou.

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