Por Edgard Matsuki - Brasília
A semana de 11 a 17 de outubro de 2020 começou com um fim de semana “prolongado” e foi recheada de celebrações a crianças, mulheres rurais e professores. Nesta segunda-feira (12), a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, é homenageada.
O Dia de Nossa Senhora Aparecida é o único feriado nacional em homenagem a um santo.
O 12 de outubro é dia da Nossa Senhora Aparecida porque, aproximadamente nesta data, em 1717, pescadores encontraram uma imagem da santa nas margens do Rio Paraíba do Sul (em São Paulo).
A história da santa é contada nesta matéria da Agência Brasil de 2017 (ano em que a aparição da imagem completou 300 anos) e em reportagem da TV Brasil abaixo:
No mesmo dia, é celebrado o Dia da Criança. A data, também comemorada pelo comércio, deve, de acordo com previsões do setor, aquecer o comércio eletrônico neste ano de pandemia. Na TV Brasil, programas especiais são destaques na data. No ano passado, por exemplo, o grupo Violúdico foi atração.
Um dia antes do Dia das Crianças, no dia 11 de outubro, o mundo celebra o Dia das Meninas. A comemoração foi instituída pela ONU em 2011 como forma de promover o direito das meninas. Em 2018, o Viva Maria relembrou a data com um cordel recitado por uma garotinha de 8 anos:
A semana também é marcada por outras datas como o Dia Internacional das Mulheres Rurais e Dia do Professor (ambas no dia 15 de outubro). A data em homenagem aos professores, criada em 1963, foi relembrada no ano passado por uma poesia do cordelista Bráulio Bessa (que pode ser vista abaixo):
A semana também é marcada pelos 85 anos de nascimento do tenor Luciano Pavarotti (dia 12). Em 2016, a Radioagência Nacional contou um pouco da trajetória dele e, no ano passado, o programa Claquete, da Rádio MEC FM, fez uma playlist com músicas de um documentário em sua homenagem:
No dia 16, completam-se 100 anos de morte do compositor cearense Alberto Nepomuceno. Neste ano, o Theatro Municipal do Rio de Janeiro está o homenageando, como mostra essa entrevista do programa Antena MEC.
Ainda nesta semana, o resgate de 33 mineiros da mina San José, no Chile, completa 10 anos. Na época, o Caminhos da Reportagem fez um programa especial sobre a saga vivida pelos mineiros e pela equipe de buscas.
Dia da Criança
Dia da Hispanidade ou Dia de Colombo – feriado nos países de língua espanhola na América que comemora a chegada de Colombo
Dia da Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil
Aniversário do Gama (60 anos)
Nascimento da cantora e compositora paraense Leila Pinheiro (60 anos)
Criação da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (75 anos)
Dia Mundial da Alimentação – comemoração internacional instituída pela Assembleia Geral da ONU na Resolução 35/70, de 5 de dezembro de 1980, e que está oficializada no Brasil como Dia Nacional da Alimentação
Como a tecnologia faz parte dessa geração, cabe aos pais o papel de não cercear, e sim, auxiliar os seus filhos a utilizar a tecnologia com equilíbrio, defende Viviani. “Os pais podem ensiná-los a estabelecer uma relação de “usuário e consumidor consciente” dos meios tecnológicos desde cedo, pois eles impactam diretamente nas relações sociais e acadêmicas que os filhos estabelecerão por toda a vida.”
A neuropsicopedagoga explica que, devido a intensa influência tecnológica, as crianças alfa são muito inteligentes, curiosas, multitarefas e tem intensa necessidade de interagir, inventar e se conectar. “Boa parte das brincadeiras são realizadas por meio da tecnologia, ou seja, os amigos podem ser virtuais ou não, mas o meio de relação entre eles é o mesmo: a tecnologia,”
A pandemia intensificou o uso das tecnologias e a sala de aula virou a tela do computador, tablet e celular. Esse “novo normal” para as crianças pode mudar a relação delas com o mundo. “O período de quarentena vivenciado por todos nós aumentou consideravelmente o “tempo de tela” de adultos e crianças, gerando alguns problemas que são notados de perto por todos: a exposição intensa gera dificuldades de concentração, atenção, memória e irritabilidade, problemas ocasionados pelo isolamento social e também pela instabilidade do sono”, disse.
“A tecnologia, nesse caso, nos possibilitou algumas situações que eram feitas presencialmente. A viabilização dessas situações por meio da tecnologia foi o que nos permitiu continuar, mesmo que em adaptação, algumas atividades essenciais do nosso cotidiano”, destacou a pedagoga especialista em Gestão e Docência no Ensino de EaD [educação a distância], Regina Madureira.
Para Regina, esse período de pandemia vai se refletir no futuro das crianças. “Temos que considerar as mudanças na rotina, a incerteza – não só da criança, mas dos adultos que convivem com ela – enfim, teremos impactos no futuro, que podem ser positivos ou de melhoria para os seres humanos.”
Na opinião da Elisabete da Cruz, o uso das tecnologias pelas crianças não é responsável por despertar inseguranças. “Nesse isolamento, as dificuldades, a ausência do convívio dos amigos e familiares pode gerar inseguranças, medos e até aflorar outras emoções no futuro, o uso da tecnologia não, ela faz parte do contexto desta geração alfa e para eles é apenas uma ferramenta”, afirmou.
“O que não podemos perder de vista é que somos seres humanos geneticamente sociais e apesar dos relacionamentos interpessoais se darem também por meio da tecnologia, necessitamos do afeto físico. Nossas crianças precisam ser educadas também para se relacionar de forma física. O afeto ultrapassa as telas de computadores e dispositivos móveis”, ressaltou a neuropsicopedagoga Viviani Zumpano.
Nem herói, nem vilã, as telas devem ser vistas como uma realidade, apontaram as especialistas. Mas o que muito se discute entre os pais é se limitar o tempo de tela é necessário. A pedagoga Elisabete destaca a importância da família para estabelecer regras.
“A criança não tem discernimento do que é bom para ela, a família é seu norteador, os limites são necessários para seu crescimento como ser humano. Não existe uma quantidade de horas pré determinadas, porque cada família possui sua própria rotina. Acredito no equilíbrio. Brincar, comer, se exercitar, usar o tablet ou celular, assistir a um filme, ler um livro. A vida tem nos mostrado que o equilíbrio é o caminho. Opte pelo equilíbrio e não deixe de acompanhar as atividades que a criança tem tido acesso”, aconselha.
A pedagoga Regina Madureira completa que é preciso orientar e otimizar. “O tempo precisa ser de qualidade, principalmente com os recursos tecnológicos. Não podemos só focar na tecnologia e deixar as outras atividades como brincadeiras que estimulem coordenação motora e lateralidade, por exemplo. O desenvolvimento infantil precisa ser holístico e diversos fatores precisam ser considerados para termos um processo sólido e de efetividade para facilitar esse processo das crianças.”
Para as especialistas, é necessário pensar também no conteúdo a ser acessado pelas crianças. “Estar atento, acompanhar, buscar informações sobre a programação, limitar acessos e principalmente fazer parte disto. Ser presente, se familiarizar com o que está sendo o centro de interesses da criança, participar quando possível desta experiência e oferecer também possibilidades de conteúdo”, disse Elisabete, que ainda orienta aos pais a utilizarem ferramentas de moderação.
“Hoje existem centenas de plataformas, sites, blogs, empresas de projetos educativos e outras infinidades de recursos facilmente encontrados na internet para dar este suporte, até a contratação de um profissional especializado para estas orientações.”
Construir uma relação saudável das crianças com a internet é possível, concorda Regina. “Estar junto à criança nas atividades, entender o propósito delas, se conectar com as crianças. Todos os momentos são únicos porque são momentos de orientação para o uso efetivo e consciente da tecnologia, tendo em mente o propósito dela que é ser uma ferramenta para facilitar e servir o ser humano.”
Outro conselho da pedagoga Elisabete é usar a tecnologia a seu favor promovendo atividades fora da tela, mas usando suas referências. “Frequente mais a cozinha, faça receitas encontradas nos aplicativos e coloque a criança para cozinhar com você, faça atividades manuais, brincadeiras, jogos. A felicidade está nas coisas simples, então, descomplique. Exercite o equilíbrio porque não existe receita pronta. Cada criança é um ser único, e independente de sua geração, precisa de afeto e proteção.”
Edição: Marcus José