Grávida que ficou em coma emociona a internet ao deixar hospital no AC curada de Covid-19: ‘segunda chance’

Grávida é aplaudida em hospital no AC ao receber alta após ser curada da covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

Foram 18 dias internada, sendo cinco dias na UTI. Amanda teve alta nesta terça-feira (12) do Hospital Santa Juliana, em Rio Branco.

Por Iryá Rodrigues

Após 18 dias internada com Covid-19, a professora Amanda Maria Rufino da Silva, de 26 anos, teve alta nesta terça-feira (12) em Rio Branco. E foi ao som da música Trem Bala, de Ana Vilela, e muitos aplausos que funcionários do Hospital Santa Juliana se despediram da paciente que está grávida de quase seis meses da primeira filha.

Um vídeo que mostra o momento da saída de Amanda do hospital foi postado na página dela nas redes sociais. As imagens emocionaram os internautas, que fizeram questão de compartilhar centenas de vezes o vídeo.

“Entrei ali sem saber o que iria acontecer comigo. Durante o isolamento, a gente só fica com Deus, não podemos ficar com mais ninguém. Então, por tudo que passei, tudo que enfrentei, aquele momento foi de muita emoção e gratidão a Deus pela segunda chance de vida que ele deu a mim e à minha filha. Ele cuidou tanto de mim, como dela”, declara a gestante.

A professora contou ao G1, nesta quinta (14), como foram os sintomas e cuidados até a cura. Grávida de quase seis meses, Amanda explica que os primeiros sintomas começaram no dia 20 de abril, com a febre e em seguida veio a tosse e falta de ar.

Com medo do que pudesse acontecer com a bebê, ela só procurou o hospital três dias depois para se consultar. Como os sintomas persistiram, no dia 24 de abril ela foi internada em um leito de isolamento no Hospital Santa Juliana.

“Senti muito medo, meu pensamento só era na minha bebê. Até demorei a procurar atendimento com medo de ir para o hospital e me encherem de remédio que pudesse ter algum efeito para ela. Além de muita preocupação com minha família, principalmente pensando se tinha contaminado alguém. O que vem na nossa cabeça é isso, que ninguém passe pelo que estamos passando”, conta.

Professora Amanda Maria Rufino da Silva, de 26 anos, está grávida de quase seis meses e comemora cura de Covid-19 — Foto: Arquivo pessoal

Parada cardíaca

Com a piora do quadro, no dia 29 de abril, ela precisou ser entubada ainda no leito do hospital. O estado de saúde da professora ficou ainda mais crítico e ela chegou a ter uma parada cardíaca.

Foi quando teve que ser transferida para a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do pronto-socorro na madrugada do dia 2 de maio, onde ficou internada por cinco dias. Destes, ela ficou em coma induzido por três dias. Depois disso, ela voltou para o leito do Hospital Santa Juliana.

“Um desespero, a gente fica querendo a presença de alguém da família para cuidar da gente, até porque você tem consciência de que está a cada dia piorando. Mas, por outro lado, você tenta ser forte porque não quer que ninguém da sua família se contamine. Então, me apeguei muito com Deus, porque não é fácil” lembra.

Após voltar da UTI para o leito do hospital, os primeiros dias foram de adaptação, já que a professora ainda estava bastante debilitada. Mas, no terceiro dia, enquanto comia uma uva, ela percebeu que estava melhorando.

“A gente perde totalmente o paladar e o olfato com a Covid-19. E quando eu senti o gosto da uva foi uma felicidade tão grande, foi quando comecei a perceber que estava me recuperando, que eu tinha passado por tudo aquilo e estava na fase final da recuperação”, conta a gestante.

A gestante voltou para casa onde está com o marido, em isolamento durante a quarentena. Ela diz que foi orientada de que o momento ainda requer cuidado e prevenção.

“Meu esposo sai para trabalhar e quando volta tem todos os cuidados e eu só fico em casa. Além de eu ter passado pela Covid-19, estou grávida, então o médico disse que o cuidado precisa ser redobrado. Tenho que estar usando máscara e álcool a todo momento. Essa foi a recomendação, permanecer em isolamento”, concluiu.

Coronavírus no Acre

Nesta semana, os casos de Covid-19 no Acre têm aumentado e avançado para quase todas as cidades do estado. Em 24 horas, o estado atestou mais 104 pessoas com a doença, fazendo os números saltarem de 1.590 para 1.694. Os casos novos foram registrados em oito cidades do estado.

O último boletim da Secretaria Estadual de Saúde (Sesacre), divulgado nessa quarta-feira (13), confirmou ainda mais uma morte por Covid-19 em Cruzeiro do Sul. A primeira morte pela doença na segunda maior cidade do estado fez o número de vítimas fatais da doença chegar em 52. Em todo o estado, 832 pessoas ainda aguardam o resultado de exames.

Das 52 mortes registradas em todo o estado, 46 foram em Rio Branco; três em Plácido de Castro; uma em Acrelândia, outra em Tarauacá e mais uma em Cruzeiro do Sul. O Acre tem letalidade de 3,1. O boletim mostra ainda que quase todo o estado já possui casos confirmados da doença.

Apenas Manoel Urbano, Jordão e Porto Walter ainda não registraram a doença.

O aumento no número de casos concretiza as projeções feitas pela Universidade Federal do Acre (Ufac), que apontavam que o pico da pandemia em Rio Branco ocorreria na segunda quinzena de maio.

Comentários

Compartilhar
Publicado por
G1 Acre