Idaiane Monteiro Oliveira, de 29 anos, moradora de Brasiléia, no interior do Acre, cobra respostas das autoridades estaduais após o atropelamento e morte de seu esposo, José Saldanha, de 33 anos, na noite de 9 de janeiro. O acidente ocorreu no quilômetro 203 da BR-317 e envolveu uma caminhonete oficial da Secretaria de Estado de Saúde do Acre (SESACRE).
Grávida e enlutada, Idaiane publicou uma carta aberta em suas redes sociais, relatando o episódio e pedindo esclarecimentos. Segundo ela, José foi atingido enquanto parava para entregar um documento a um colega de trabalho. O veículo, de placa QWM7H68, era conduzido por um motorista que, segundo informações, estava de férias e não deveria estar em atividade no momento.
“Até agora, a família não recebeu nenhuma comunicação oficial, esclarecimento ou suporte por parte das autoridades competentes. Estamos vivendo um luto agravado pela falta de respostas claras do Governo do Estado e da SESACRE”, desabafou Idaiane.
Embora tenha afirmado inicialmente que não recebeu apoio, Idaiane reconheceu, em declaração a meios de comunicação que a direção do Hospital Regional do Alto Acre ofereceu assistência psicológica e suporte assistencial, mas reforçou sua indignação pela sensação de impunidade: “Mesmo sendo um acidente, o motorista precisa responder pelo ocorrido”.
Veja a carta aberta publicada por Idaiane Monteiro:
Ao Excelentíssimo Senhor Governador Gladson Cameli e à Secretária Estadual de Saúde,
Eu, Idaiane Monteiro Oliveira, viúva enlutada do senhor José Saldanha, venho por meio desta carta, com o coração repleto de tristeza e indignação, solicitar esclarecimentos e providências sobre o trágico acidente ocorrido no dia 09 de janeiro de 2025, entre as 19:00 horas, na rodovia BR-317, quilômetro 203.
Na ocasião, meu esposo, um homem solidário e trabalhador, parou para entregar um documento ao seu amigo e colega de trabalho. No entanto, enquanto desempenhava esse ato de altruísmo, foi brutalmente atropelado por um veículo pertencente à Secretaria Estadual de Saúde. Placa QWM7H68
O que torna essa tragédia ainda mais alarmante é o fato de que, segundo informações preliminares, o veículo era conduzido por um motorista que segundo as informações o mesmo se encontrava de férias não estando, portanto, em condições regulares de exercer essa função no momento do ocorrido.
Até o presente momento, eu, como esposa Grávida e mãe de família, não recebi nenhum tipo de apoio, comunicação oficial, esclarecimento ou suporte por parte das autoridades competentes. Estou vivendo um luto doloroso, agravado pela falta de respostas e de um posicionamento claro por parte do Governo do Estado e da Secretaria Estadual de Saúde.
Diante disso, apelo encarecidamente às autoridades:
1. Que sejam tomadas as medidas necessárias para esclarecer os fatos e apurar eventuais responsabilidades;
2. Que sejam prestadas as devidas explicações sobre as circunstâncias em que o acidente ocorreu;
3. Que a família do senhor José Saldanha receba o suporte e a assistência que nos são devidos, tanto emocional quanto juridicamente.
Por fim, rogo por justiça e que essa fatalidade não seja tratada com descaso. Meu esposo perdeu a vida de maneira trágica enquanto trabalhava, um gesto que deveria ser lembrado com respeito e dignidade, e não com omissão.
Veja a nota do Governo do Acre:
O Governo do Estado do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde, vem, com profundo respeito e pesar, esclarecer os fatos envolvendo o acidente ocorrido no dia 9 de janeiro de 2025, que resultou no falecimento do senhor José Saldanha, e reafirma seu compromisso com a transparência, com a verdade e, acima de tudo, com a solidariedade à família da vítima neste momento tão doloroso.
Esclarecemos que no momento do acidente, o condutor prestou assistência imediata à vítima, aguardando a chegada da ambulância e do apoio das autoridades competentes. Quando a Polícia Federal chegou ao local, todas as providências necessárias foram tomadas, incluindo a realização do teste de alcoolemia, que não apontou qualquer irregularidade. O motorista permaneceu no local até que a situação fosse devidamente avaliada, com toda a documentação entregue à Polícia Federal, que autorizou a liberação do motorista e do veículo. Na manhã seguinte ao acidente, a Direção do Hospital Regional do Alto Acre entrou em contato com a família da vítima para oferecer apoio psicológico e assistencial, por meio de profissionais especializados. Lamentavelmente, a família decidiu não aceitar o suporte oferecido.
Reforçamos que todos os esforços estão sendo feitos para que o ocorrido seja devidamente apurado pelas autoridades competentes. Reiteramos nossa solidariedade à família da vítima e nosso total compromisso com a verdade.
Confiamos nas autoridades competentes envolvidas na investigação deste triste episódio e seguimos solidários com os familiares neste momento de dor.
Ana Cristina Moraes
Secretária Adjunta de Atenção à Saúde da Secretaria de Estado de Saúde do Acre