Governo usou até dinheiro de loteria para pagar pedaladas

Detalhamento mostra que União buscou várias fontes para pagar débitos com bancos públicos

Estadão Conteúdo

Quase um mês depois do anúncio da quitação das dívidas atrasadas com os bancos públicos e o FGTS, o governo detalhou nesta segunda-feira, 25, as fontes do Orçamento de onde retirou o dinheiro que pagou as “pedaladas fiscais”.

Em 2015, o governo pagou R$ 72,4 bilhões a bancos públicos, dos quais R$ 55,8 bilhões foram quitados em dezembro. Para o pagamento, o governo editou a MP 904, permitindo que recursos do chamado superávit financeiro fossem utilizados para outros fins que não a destinação original da fonte. O superávit financeiro é formado por “sobras de caixa”, de recursos em fontes que tinham destinação específica e não foram totalmente utilizados.

De acordo com os dados do Tesouro Nacional, foram pagos R$ 27,1 bilhões com recursos do superávit financeiro. Desse montante, R$ 21,1 bilhões vieram do “colchão da dívida”, composto por recursos de emissão de títulos. Outros R$ 5,9 bilhões eram recursos do FGTS que estavam retidos no caixa do Tesouro e voltaram ao fundo. Também foram utilizados R$ 94 milhões da remuneração da conta única e R$ 54 milhões de loterias.

Outros R$ 43,8 bilhões pagos aos bancos públicos vieram de recursos do exercício de 2015, segundo o Tesouro, de diversas fontes. Foram R$ 11,5 bilhões, por exemplo, da remuneração dos recursos depositados na conta única ao longo do ano e outros R$ 30,6 de recursos ordinários, de tributos pagos por empresas e pessoas físicas. Mais R$ 1,2 bilhão eram de recursos devidos ao FGTS no exercício, mais R$ 180 milhões de operações oficiais de crédito.

Além disso, o governo emitiu R$ 1,5 bilhão em títulos diretamente para o Banco do Brasil.

“Não foram utilizados recursos do resultado positivo do Banco Central para pagamento de passivos, nem foram utilizados recursos de royalties para pagamentos dos passivos”, afirmou o secretário interino do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, mais cedo.

A engenharia montada pelo governo para quitar as pedaladas está sendo criticada por economistas. Eles questionam, por exemplo, o uso do superávit financeiro para esse fim.

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Publicado por
Alexandre Lima