A suspensão ocorreu por questões ambientais, já que o traçado previsto passaria pelo parque. Foto Art
O governo federal descartou incluir a polêmica rodovia que ligaria Cruzeiro do Sul (Acre) a Pucallpa (Peru) no Plano de Integração Sul-Americana, conforme revelou reportagem da Folha de S. Paulo. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) confirmou que o projeto está suspenso desde 2023 por decisão judicial, mesmo após recursos do governo. O principal obstáculo é ambiental: o traçado cortaria áreas protegidas, incluindo territórios indígenas.
A obra é defendida por políticos acreanos e setores empresariais como estratégia para fortalecer o comércio regional. Em maio de 2023, o secretário de Indústria do Acre, Assurbanípal Mesquita, argumentou ao lado do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) que a rodovia impulsionaria a economia fronteiriça.
Por outro lado, indígenas e ambientalistas pressionam contra a construção. Nesta semana, lideranças da Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (Opirj) estiveram em Brasília para alertar sobre os riscos:
“Essas estradas trazem doenças, violência e destruição. Não podemos aceitar isso em nome de um suposto progresso”, afirmou Francisco Piyãko, coordenador da Opirj e líder Ashaninka.
O Ministério dos Transportes não anunciou planos para retomar o projeto, indicando que a prioridade atual são obras já em andamento no país. Com a decisão judicial mantida, a estrada permanece paralisada indefinidamente, deixando o debate entre desenvolvimento e preservação sem solução a curto prazo.
Enquanto isso, comunidades da região seguem em alerta, temendo que pressões políticas reativem a proposta no futuro. O impasse reflete um conflito maior na Amazônia: como conciliar infraestrutura com a proteção de povos tradicionais e ecossistemas únicos.
Uma reportagem assinada pela jornalista Raquel Lopes, na Folha de São Paulo, revela que o governo Lula não tem interesse de integrar a estrada que ligaria Cruzeiro do Sul, no Acre, até Pucallpa, no Peru.