O governador Tião Viana não quer saber de economia quando se trata de oferecer aos seus convidados almoços ou jantares ‘à francesa’ para até 650 pessoas e café da manhã que podem chegar a R$ 60 ‘por cabeça’. Informação publicada no Diário Oficial do Estado do Acre (DOE), na última quinta-feira (21), revela que a ‘boca livre’ oficial vai custar aos contribuintes R$ 1.019.997,50. O contrato tem validade de 12 meses, apesar de restarem apenas nove para o fim do segundo mandato do petista.
Segundo o DOE, os recursos sairão da Casa Civil. A empresa AFA Hotéis e Turismo foi contemplada com quase R$ 680 mil para fornecer almoço ou jantar à francesa, jantar-buffet, coquetéis e serviço de locação de espaço físico com capacidade para acomodar até 300 convidados. O valor das refeições varia entre R$ 110 e R$ 151 cada uma. Já os 500 coquetéis encomendados pelo governo custarão entre R$ 72 e R$ 80 por pessoa.
Detalhe: o termo ‘à francesa’ remete aos costumes da França, cujos cidadãos são reconhecidos pela elegância, sofisticação e formalidade em eventos nos quais os convidados se sentam de frente uns para os outros.
A segunda contratada pela Casa Civil, a empresa Célio Pereira, terá de fornecer ao governo cafés da manhã, coffee breaks e break sucos, em valores que variam entre R$ 29 e R$ 60 a unidade. Vai embolsar R$ 340 mil pelos serviços.
A prodigalidade do anfitrião Tião Viana, demonstrada em sua preocupação de receber com requinte convidados do governo para palestras, seminários, simpósios e congressos, entre outros eventos oficiais, contrasta com a sua renitente pregação de austeridade nesses tempos de crise econômica.
O exemplo mais recente dessa contradição é a redução do horário de funcionamento da OCA, de 8h para 6h, anunciada como medida de contenção de gastos.
Com empresas e fornecedores reclamando da inadimplência estatal e um contingente estimado em mais de 88 mil famílias a viverem de Bolsa Família no Acre, o governador do PT se comporta como a rainha da França, Maria Antonieta, à qual se atribui uma frase que, de tão célebre, atravessou os séculos.
Bela, caprichosa, atrevida, cínica e superficial, Maria Antonieta passeava certa feita com seu cocheiro quando perguntou a ele por que todos que via tinham a aparência tão lastimável. “Majestade, eles não têm pão pra comer”, disse o cocheiro, ao que ela retrucou: “Se não têm pão, comam brioche”.
Por aqui, com Tião Viana no poder, não faltarão brioches. Pelo menos para os seus convidados.
ARCHIBALDO ANTUNES
