O abrigo humanitário de Rio Branco atende hoje apenas seis imigrantes. Mesmo com o fluxo migratório dando sinais de que está no fim, o governo afirma que vai manter a estrutura que recebe os estrangeiros. O aluguel da Chácara onde funciona o abrigo custa R$ 22 mil e o contrato que encerra no dia 31 de dezembro será renovado.
O comerciante senegalês Abdu Lahat Lo chegou ao Brasil através da fronteira do Acre no início do fluxo migratório de haitianos, senegaleses e dominicanos. O processo iniciou em 2010, e permanece até hoje, mas parece que já perdeu o fôlego.
Abdu, como um dos primeiros, conseguiu se consolidar no país, abrindo um pequeno comércio de eletrônicos no bairro Tancredo Neves. Hoje, já tem o próprio carro e desfruta de uma vida mais confortável. Ele frequentemente visita o abrigo humanitário de Rio Branco.
Na chácara, está um amigo dele, El Hadiy que chegou em 24 de setembro, mas até agora não conseguiu engrenar no comércio. Por sinal o ofício de vender eletrônicos e bijuterias é a principal escolha de subsistência da maioria das famílias do Senegal.
Abdu já se familiarizou com o português, tanto que ajudou nossa equipe na entrevista com o amigo El Hadiy.
O jovem de 27 anos sabe que não será fácil, afinal chegou num período em que o país está em crise. “Estou aguardando pra ver pra que cidade eu vou. Tenho que esperar para não passar por dificuldades”, disse El Hadiy.
Abdu também sente a crise econômica que o país atravessa, mas mesmo assim, não vai retornar ao Senegal. “Antes os senegaleses, haitianos chegavam e já arrumavam trabalho. Agora tem senegaleses que estão há cinco, seis, sete meses esperando trabalho. Todo Senegal está sabendo disso”, explica.
El Hadiy é um dos seis imigrantes que estão abrigados na Chácara Aliança. É o único senegalês do grupo. Os outros cinco são haitianos, sendo três homens e duas mulheres.
Não vai fechar!
Na época de maior pico no alojamento dormiram 1500 imigrantes, agora o espaço é utilizado para a realização de cultos religiosos daqueles que ficam. As seis pessoas atendidas pelo abrigo estão em situação mais confortável, podem dormir em quartos separados. Mas semana que vem a movimentação deve aumentar um pouco, por que está prevista a chegada de mais 50 imigrantes.
Mesmo com o número reduzido de estrangeiros o governo não pretende desativar o abrigo. O aluguel da chácara é de R$ 22 mil reais por mês. O contrato que vence no dia 31 de dezembro será reajustado e renovado por mais seis meses. “O abrigo vai ser mantido para que em qualquer eventualidade possamos dar o apoio necessário”, respondeu o Secretário de Justiça e Direitos Humanos, Nilson Mourão.
Segundo o secretário, ainda é cedo para alugar um espaço menor por que é preciso avaliar como o fluxo migratório deve se comportar nos próximos meses.
“Se permanecer uma estimativa que não ultrapasse cinquenta imigrantes por mês, nós temos que necessariamente mudar de lugar. Mas isso a gente tem que ter certeza absoluta. Os índices tem que se manter por oito, nove, dez meses seguidos”, disse.
A Sejudh avalia que foram três acontecimentos que propiciaram a redução do fluxo migratório. Primeiro houve o incentivo ao ingresso legal, com emissão de vistos e outros documentos nos países de origem. No Equador, ponto de encontro dos imigrantes, os critérios de ingresso de outras nacionalidades ficaram mais rígidos e por fim, o desemprego no Brasil, que desestimulou a vinda de imigrantes.
As informações são da agazeta.net