Cotidiano

Genial/Quaest: preocupação com corrupção cresce em meio a crises no governo Lula, ao escândalo de desvios no INSS

Houve uma inversão em comparação com o levantamento de agosto de 2023, quando o maior temor da população era a economia

O governo Lula é visto como “principal responsável” pelo desvio de dinheiro no INSS por aproximadamente um terço (31%) da população — índice quatro vezes maior do que o da gestão de Jair Bolsonaro (PL), que teve 8%.

Por Luis Felipe Azevedo — Rio de Janeiro

O temor do brasileiro com a corrupção cresceu cinco pontos percentuais desde agosto de 2023 e repetiu o maior patamar neste governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), atingido em outubro, segundo pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, dia 4,. No levantamento de maio deste ano, 13% da população definiu o tema como a maior preocupação em relação ao Brasil atual, na esteira do escândalo de desvios no INSS.

O estudo mostra que o temor com a violência lidera o ranking, correspondendo à resposta de 30% dos brasileiros. Houve uma inversão em comparação com o levantamento de agosto de 2023, quando a maior preocupação da população (31%) era a economia — que aparece com 19% em maio deste ano, atrás de questões sociais (22%). Em seguida, aparecem os temas Saúde (10%) e Educação (6%).

O patamar atingido pelo tema violência em maio foi o maior da série histórica. Já o percentual dos que têm a economia como principal preocupação manteve a estabilidade no valor mais baixo até aqui.

A Quaest entrevistou pessoalmente 2.004 pessoas entre os dias 29 de maio e 1 de junho. A margem de erro é de 2 pontos percentuais e o nível de confiança é de 95%.

Crise do INSS

O governo Lula é visto como “principal responsável” pelo desvio de dinheiro no INSS por aproximadamente um terço (31%) da população — índice quatro vezes maior do que o da gestão de Jair Bolsonaro (PL), que teve 8%.

A sede do INSS em Brasiléia, Mais da metade da população afirmou ser “importante” que o Legislativo abra uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS”— Foto: arquivo

Para 14% da população, o próprio INSS é o principal responsável pelo desvio. As “entidades que fraudaram a assinatura dos aposentados” e o governo Bolsonaro atraíram 8% das respostas, cada. Já 1% afirmou que foram os “aposentados que não conferiram os descontos antes” os principais responsáveis pelo episódio. A Quaest mostra que 12% responderam que o principal responsável pelo desvio seriam “outros”. Já 26% não sabiam ou não responderam.

Segundo o estudo, 82% dos brasileiros ficaram sabendo do escândalo na autarquia vinculada ao Ministério da Previdência Social, contra 18% que não ouviram falar sobre o episódio. A crise, na análise do diretor da Quaest, Felipe Nunes, foi um dos fatores responsáveis por manter alta a desaprovação do governo, em 57%, mesmo diante de “sinais positivos” percebidos na economia. “Entre as notícias negativas mais lembradas espontaneamente está o caso do INSS, que reaproximou a corrupção do governo”, avaliou o estrategista político em um post no X após a divulgação dos resultados do levantamento.

Os pesquisadores também questionaram qual deveria ser a prioridade do governo Lula para lidar com a situação. Para 52% dos entrevistados, a gestão petista precisa “devolver o dinheiro desviado apenas com os recursos que forem bloqueados das entidades investigadas”. Por outro lado, 41% responderam que o Planalto deve “devolver o dinheiro desviado dos aposentados, mesmo que tenha de usar recursos públicos”. Outros 7% não sabem ou não responderam.

Instalação de CPI

Mais da metade da população afirmou ser “importante” que o Legislativo abra uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do INSS. Já 43% dos entrevistados disseram que a investigação da Polícia Federal é “suficiente” e a oposição “só quer desgastar o governo”. Outros 7% não sabem ou não responderam.

Como mostrou a reportagem, sondagens feitas pelo Palácio do Planalto indicavam que a crise envolvendo os desvios nas aposentadorias interromperia a tentativa de recuperação da aprovação de Lula. Agora, a CPI deslocará parte da atenção da articulação política e do núcleo duro do governo em um momento em que o Planalto precisa acelerar o passo na aprovação de projetos — o semestre legislativo até agora mostrou pouco avanço para a agenda de Lula.

O entendimento da necessidade da abertura da CPI é 20 pontos percentual maior entre os que votaram em Bolsonaro em 2022 do que entre os que apoiaram Lula.

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Publicado por
G1