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Brasil

Fatores ambientais influenciam nascimentos prematuros no Norte

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A assessora técnica da Coordenação-Geral de Atenção à Saúde das Crianças, Aline Hennemann, reafirma que os altos índices de prematuridade têm origens socioeconômicas

Murilo Pandora de Oliveira ficou 21 dias em leito de UTI e 10 em semi-intensiva (Foto: Rodrigo Santos/SES-AM)

No Brasil, a taxa de nascimentos prematuros é de 12% e está acima da média global. Mas, dentro do território brasileiro, há situações ainda mais alarmantes: na Região Norte, aproximadamente 35 mil bebês nasceram antes da hora em 2023, uma taxa de 12,61% dos nascimentos, a maior entre as regiões do país.

Lá estão os três estados com os piores índices: Roraima, com mais de 18% de partos prematuros, Acre e Amapá, com taxas próximas de 14%. Além disso, o Pará ocupou a oitava posição no país e também ficou acima do índice nacional, com 12,45% de partos prematuros.

A professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Pará (UFPA) Aurimery Chermont diz que esse é um problema antigo e multifatorial, relacionado com questões geográficas e sociais da região e também com a insuficiência da rede de atenção básica de saúde.

De acordo com a especialista, muitas pessoas em idade fértil não recebem educação sexual para prevenir gestações indesejadas, nem informações sobre a importância do pré-natal. Além disso, as condições sanitárias e de alimentação, especialmente em comunidades mais carentes, ou distantes das cidades, são preocupantes.

“O nosso maior problema é a educação para a prevenção. Principalmente entre as gestantes mais jovens. Elas não fazem pré-natal por um motivo simples: ignorância. O segundo motivo é que muitas vezes, elas chegam na unidade de saúde e lá não tem os exames. O terceiro motivo é que, em algumas regiões, não tem como chegar. Se eu moro numa palafita e eu tenho que pegar um barco para ir até o posto de saúde, se estiver chovendo muito, eu já não consigo chegar. E às vezes, a gestante chega, identifica algum problema, mas não tem a medicação no posto pra ela tomar, então não dá continuidade. Aí ela não faz pré-natal, ela não faz vacina, ela não faz prevenção.”, complementa a professora da UFPA.

As estatísticas nacionais corroboram as informações da professora. A Região Norte registrou, em 2023, mais de 55 mil partos de pessoas com até de 19 anos, o que representa 19% de todos os nascimentos ocorridos no estado. Ou seja, uma em cada cinco gestantes era menor de idade quando engravidou ou tinha acabado de completar 18 anos. A taxa supera a proporção nacional, que ficou em 12%. A região também tem a menor proporção do país de residências com esgotamento sanitário e abastecimento de água e, no ano passado, cerca de 30% da população estava em situação insegurança alimentar.

A assessora técnica da Coordenação-Geral de Atenção à Saúde das Crianças, Aline Hennemann, reafirma que os altos índices de prematuridade têm origens socioeconômicas, e defende que o pré-natal é a maior ferramenta à disposição da saúde pública: “A gente precisa cada vez mais trabalhar com pré-natal de qualidade. Não adianta o Ministério da Saúde colocar nas suas diretrizes que o pré-natal deve ter sete consultas se elas não foram de qualidade. Essa mulher tem que ser realmente vista de uma forma integral, avaliando também o seu ecomapa [sua relações sociais e com o ambiente em que ela vive] e o seu genograma [relações familiares], e pensando nas outras causas que podem provocar o nascimento prematuro, como algumas doenças”

De acordo com Aline Hennemann, os investimentos feitos pela Rede Alyne – nova estratégia de cuidado de gestantes e bebês, lançada pelo Ministério da Saúde em setembro – devem trazer bons resultados: “O recurso hoje é enviado aos estados para que a gente tenha uma qualificação do pré-natal. Ele teve um reajuste muito considerável e exames que antes não eram ainda preconizados, hoje já entraram nessa realização do pré-natal que é orientada para todos os estados e municípios.”

O programa também oferece benefícios financeiros para a implantação de ambulatórios para os bebês egressos de UTI neonatal, que em sua maioria são bebês prematuros. Este ano, o Ministério investiu cerca de 400 milhões de reais na Rede Alyne e a previsão é que essa quantia alcance um bilhão de reais em 2025.

Aline diz também que a pasta tem se debruçado sobre as desigualdades regionais do país, e no que se refere à Região Norte, tenta vencer o desafio de melhorar o atendimento à gestante em territórios indígenas e outras comunidades tradicionais: “Agora, por exemplo, muitos rios estão secos e com isso, muitas vezes, a gente não consegue fazer o transporte fluvial e mesmo que a gente consiga fazer um transporte terrestre, aumenta muito o tempo, o que acaba impactando também o atendimento. Por isso que a gente tem que qualificar os enfermeiros, os médicos, os agentes indígenas de saúde, os agentes comunitários para que a gente consiga fazer um diagnóstico no território”, complementa.

Um exemplo é a Terra Indígena Yanomami, nos estados do Amazonas e de Roraima, que passou por uma grave crise de saúde. Um dos maiores problemas é a desnutrição infantil que, na verdade, começava já na gestação, provocando também muitos partos prematuros.

Outra estratégia utilizada pelo ministério, de acordo com a assessora, é a qualificação dos profissionais selecionados pelo programa Mais Médicos, já que muitas cidades não contam com serviços especializados em obstetrícia e esses médicos acabam sendo os únicos disponíveis.

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Brasil

Governo vai propor isenção de energia para até 60 milhões de pessoas

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Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil

O governo federal deve enviar ao Congresso Nacional, ainda neste semestre, um projeto de lei de reforma do setor elétrico brasileiro. Entre as propostas, está a ampliação da tarifa social, que hoje oferece descontos no pagamento da conta de energia para indígenas, quilombolas, idosos que recebem Benefício de Prestação Continuada (BPC) e famílias inscritas no Cadastro Único (CadÚnico) do governo federal com renda até meio salário único.

A ideia é que haja uma isenção de pagamento de tarifa de energia elétrica para essas populações caso elas consumam até 80 kWh por mês, o que chegaria a 60 milhões de pessoas no país.

Atualmente, a isenção completa do pagamento em caso de consumo de até 50 kWh vale para indígenas e quilombolas, enquanto os idosos com BPC e as famílias do CadÚnico têm direito a descontos escalonados de até 65%, caso o consumo seja menor que 220kWh.

“Mais de 60 milhões de brasileiras e brasileiros serão beneficiados com a gratuidade de energia do consumo até 80 gigawatt por mês. Isso representa o consumo de uma família que tem uma geladeira, um chuveiro elétrico, ferro de passar, carregador de celular, televisão, lâmpadas para seis cômodos”, disse o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em evento no Rio de Janeiro.

O ministro não explicou sobre o que será feito em relação aos descontos escalonados que hoje são aplicados para consumos até 220 kWh. Segundo ele, a ideia é subsidiar a política através da correção de “distorções internas do setor”.

“Se você vê o projeto como um todo, você vai ver que estamos fazendo ali uma completa e possível justiça tarifária, corrigindo as distorções dentro do setor. E isso não impacta praticamente o restante dos consumidores”.

Uma das distorções, de acordo com Silveira, é o pagamento sobre a segurança energética.

“O pobre paga mais que o rico na questão, em especial, da segurança energética, para se pagar Angra 1 e 2 e as térmicas. Só o pobre paga. Boa parte do mercado livre não paga por essa segurança energética ou paga pouco. Então, estamos reequilibrando essa questão do pagamento por parte do pobre, do mercado regulado e da classe média”.

Outra proposta do projeto de lei, que deverá ser encaminhada à Casa Civil da Presidência ainda este mês é dar mais liberdade de escolha para o consumidor, inclusive residencial, em relação à origem da energia que ele irá consumir.

“O cara vai poder comprar energia como compra em Portugal ou na Espanha. Ele escolhe a fonte energética que ele quer comprar, pelo celular. Ele vai poder escolher a fonte, o preço e ele vai poder pagar da forma que ele quiser. Pode pagar tanto através da distribuidora quanto pode emitir um boleto direto ou pagar pela internet”

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Brasil

Casa Branca esclarece que tarifas sobre a China chegam a 145%

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REUTERS

Produtos vindos da China para os Estados Unidos agora estão sujeitos a uma tarifa de pelo menos 145%, esclareceu a Casa Branca nesta quinta-feira (10).

A tarifa “recíproca” de 125% anunciada pelo presidente Donald Trump sobre a China na quarta-feira se soma à tarifa de 20% que já estava em vigor.
Não estava claro na quarta-feira se as tarifas eram aditivas. A Casa Branca afirmou na quinta-feira que sim.
Trump vinculou essa tarifa de 20% à imigração ilegal e ao fluxo de fentanil para os EUA, nos quais ele acusa a China de ter um papel.
Além disso, Trump também aumentou as tarifas sobre produtos com preço inferior a US$ 800 vindos da China para 120% a partir de 2 de maio.

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Brasil

Maior apreensão de cocaína em 15 anos no Tocantins: 565 kg escondidos em caminhão de melancias

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Operação conjunta prende 5 suspeitos de tráfico internacional e apreende armas e dinheiro; droga teria entrado no país por via aérea

Em uma das maiores operações contra o narcotráfico no Norte do país, a Polícia Federal e a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO/TO) apreenderam 565 kg de cocaína escondidos em um caminhão que transportava melancias. A ação ocorreu nesta quarta-feira (9) em Fátima do Sul, região central do Tocantins.

De acordo com as investigações, a droga teria entrado no Brasil por via aérea antes de ser ocultada na carga de frutas. Além da cocaína – maior apreensão do tipo no estado em 15 anos -, os agentes encontraram:
• Dinheiro em espécie
• Veículos usados na logística do tráfico
• 5 armas de fogo (incluindo pistolas e carabinas com numeração raspada)

Cinco suspeitos foram presos em flagrante e encaminhados à Superintendência da PF em Palmas. Eles responderão por tráfico internacional, associação ao tráfico e posse ilegal de armas, com penas que podem somar mais de 47 anos de prisão. A identidade dos envolvidos não foi divulgada.

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