Quésia Melo, da Rede Amazônica Acre
A família de Miguel Matias dos Santos se escondeu dentro de um carro para não ser atingida pelos escombros da casa. A residência da família foi uma das que desabaram durante o temporal que caiu em Capixaba, interior do Acre, no sábado (7).
Um dos animais da família morreu durante o temporal.
A reportagem o assessor de comunicação do Corpo de Bombeiros do Acre, major Cláudio Falcão, explicou que as solicitações de atendimentos em Capixaba foram feitas por meio da Polícia Militar (PM-AC) da cidade.
Equipes de Rio Branco foram encaminhadas para o município por volta das 17h de sábado. Ao todo, os bombeiros atenderam sete ocorrências com quedas de árvores na cidade: três em residências, três em via pública e uma em fiação elétrica.
“Essa da fiação foi próximo do posto da Polícia Militar, uma torre de comunicação também caiu. Chegamos das 17 horas até meia-noite. Esta semana tivemos temporal com estragos em Cruzeiro do Sul, na terça, na quarta tivemos temporal em Rio Branco, na sexta em Sena Madureira e sábado em Capixaba”, contou Falcão.
Miguel dos Santos contou que estava dentro de casa quando começou a ventania. Após alguns minutos, a mulher dele saiu com uma das crianças para outra casa. Santos ficou na residência na esperança que a chuva diminuísse.
Após alguns instantes, o temporal se intensificou e saiu levado a cobertura da casa. Foi aí, então, que o morador correu para dentro do carro da família. Mulher, netos, nora e o filho também se refugiaram do vendaval no veículo.
“Começou o vento, a mulher já pegou o menino e saiu. Fiquei só, mas quando vi que ia cair mesmo entrei para dentro do carro e fiquei. Quando sentei, desabou”, relembrou.
Além dos bens materiais, um dos cachorros da família morreu atingido pelos destroços. Um segundo cachorro ficou com um dos olhos feridos. Geladeira, fogão, televisão e outros diversos objetos ficaram destruídos na tempestade.
O marceneiro Altemiro Bezerra estava no trabalho quando uma das filhas ligou assustada com a tempestade. Sem poder sair por causa do forte vento, o pai pediu para as filhas se esconderem embaixo da cama até ele chegar.
“Minha filha mais velha e as duas menores estavam em casa. Uma delas me ligou e falei para tentar se proteger de alguma forma porque não tinha como eu ir no vento. Esperei um pouco e saí. Quando cheguei estava todo mundo em desespero, as duas pequenas embaixo da cama com medo. Graças a Deus não aconteceu o pior, como aconteceu com a vizinha que quebrou a perna e está no Pronto-Socorro”, complementou.
O temporal arrancou 16 telhas da casa do marceneiro. O prejuízo fica em torno de R$ 300. Bezerra afirmou que, em 38 anos que mora na cidade, nunca viu algo semelhante.
“É a primeira vez que vejo uma chuva com vento tão forte, granizo caindo, destelhando e derrubando casas, virando árvores. Ficamos até nove horas da noite desobstruído a rua que não passava nada”, contou.
Vizinha do marceneiro, a merendeira Fabiana Silva Barbosa não conteve as lágrimas ao mostrar a casa destruída. Ela estava em Rio Branco, onde faz faculdade, e só soube da situação por meio de fotos enviadas por uma vizinha.
“Os colchões estão todos ensopados, quebrou máquina de lavar, fogão e a televisão. Era o que a gente tinha. A casa também, temos que agradecer a Deus, pelo menos não estávamos em casa e ficamos vivos para recomeçar”, lamentou.
O temporal também destruiu a casa da aposentada Antônia Oliveira, de 65 anos. Ela e a neta, de 1 ano e 8 meses, estão internadas no Pronto-Socorro de Rio Branco após a casa em que estavam cair sobre as duas. Antônia passou por um cirurgia e avó e neta estão estáveis.