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Empréstimo consignado tem reajuste após aumento de benefícios do INSS

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Com o aumento dos benefícios do INSS, consignado tem reajuste
MARCELLO CASAL JR/AGÊNCIA BRASIL-29/07/2022

Com os novos valores, que começam a ser pagos nesta quarta (25), a margem que pode ser comprometida também muda

Com o aumento das aposentadorias e pensões do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), que começam a ser pagas a partir desta quarta-feira (25) (veja calendário abaixo), o valor do limite para o empréstimo consignado também teve correção.

O piso dos benefícios passou de R$ 1.212 para R$ 1.302, reajuste de 7,43%. Já o aumento para quem recebe acima do salário mínimo foi de 5,93%, baseado no INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) de 2022.

Com isso, a margem consignável para os beneficiários também aumentou. Atualmente, é de 35% para crédito consignado, 5% para cartão consignado e 5% para cartão de benefício, o que totaliza 45% no máximo.

Uma pessoa que recebe o piso atual de R$ 1.302 vai poder comprometer até R$ 585,90 da renda, sendo R$ 455,20 no empréstimo consignado, R$ 65,10 no cartão consignado e R$ 65,10 no cartão benefício. Antes do aumento, o limite era de R$ 545,40.

“Na prática, isso quer dizer que quem estava com margem consignável negativa, sem possibilidade de novos empréstimos, terá valor extra para utilizar; e aquele que tinha margem terá acréscimo ao limite anterior”, explica Gustavo Gorenstein, CEO da BX Blue, marketplace de crédito consignado online.

A modalidade é concedida a quem tem salário, aposentadoria ou pensão creditado em conta-corrente. Pelo fato de o valor ser descontado diretamente na folha de pagamento ou na aposentadoria do cliente, é uma opção de empréstimo fácil e com juros baixos. A taxa-limite é de 2,14% ao mês para o empréstimo pessoal consignado e de 3,06% ao mês para o cartão de crédito.

Risco de endividamento

Ou seja, a medida permite comprometer até 45% da renda com um empréstimo. Com isso, a orientação é redobrar os cuidados para se beneficiar caso seja necessário, mas sem aumentar o endividamento das famílias.

“O risco maior é para as famílias que já estão hoje com um grau de endividamento e vão se comprometer ainda mais, porque vão ser assediadas pelos bancos para fazer uso desse que seria um recurso a mais da disponibilidade da renda, só que elas olham para isso como uma oportunidade de novo crédito”, alerta Ione Amorim, economista e coordenadora do programa de Serviços Financeiros do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

Ela explica que, frequentemente, os bancos refinanciam a dívida que o consumidor já tem com o consignado, considerando o contrato vigente, o saldo que ainda vai vencer e atualizando o valor presente ao empréstimo para estabelecer qual é a nova margem. A partir daí, refinanciam o saldo, considerando essa diferença que vai se converter no que é chamado de “troco”, que é a diferença do saldo que foi comprometido anteriormente, juntamente com esse novo patamar de margem.

Por exemplo, a diferença para quem recebe o piso será de R$ 40 em relação à margem anterior. Supondo que a pessoa pegue novo crédito só a partir dessa difrença, ela terá um crédito de aproximadamente R$ 1.400, se financiar com taxa máxima, que é de 2,14%, e no prazo máximo, de 84 meses.

Baseado nesse cálculo, a pessoa vai ter um adicional em torno de R$ 2.000 nesse novo refinanciamento. E isso vai fazer com que ela volte a dever por mais 84 meses, explica Ione, do Idec.

“A cada ano, quando tem a mudança do valor, esse efeito acaba se refletindo nos contratos. Muitos são renovados pelo período máximo. Essas famílias vivem continuamente com toda a renda disponível para a margem de consignação comprometida”, afirma a economista.

Isso vai fazendo com que as pessoas percam a capacidade de se administrar financeiramente. “Alguém que ganhe R$ 1.302 e retenha 45%, ou aproximadamente R$ 600, para fazer o pagamento das parcelas do consignado vai passar a viver com R$ 700. Isso é insuficiente para a pessoa grantir o pagamento das contas de água, luz, alimentação e moradia. Então, essas famílias acabam retornando ao mercado de crédito e pegando o crédito mais caro, como os cartões, cheque especial, crédito em financeiras que praticam juros muito elevados”, avalia.

Refém do crédito

Para Ione, o problema vira um ciclo, porque a pessoas fica refém do uso do crédito e não conseguem terminar esses contratos, que acabam ficando permanentes na vida dessas famílias. Ela conta que trabalha com alguns casos em que as famílias já estão há 15 anos renovando os contratos de empéstimo.

Desde que foi criado, a margem já aumentou de 30% para 35%, e agora para 45%. O prazo, que começou com 60 meses, foi para 72 meses, e hoje é de 84 meses. “Do ponto de vista do planejamento financeiro, esse arranjo vai complicando, vai tirando dessas famílias a capacidade de se planejar dentro de sua realidade, que ainda é bastante escassa em termos de recurso”, analisa a economista.

A orientação para o consumidor que precisar fazer o consignado ou o refinanciamento é ir reduzindo o prazo para conseguir concluir o pagamento. Além disso, sempre fazer simulações para ter previsibilidade e planejamento.

“Procure não se levar pelas linhas disponíveis nos bancos. Procure refletir e pegue o necessário para resolver o problema, mas não fique perpetuando essa condição. Precisa ter muito cuidado com o consignado. Mesmo o crédito barato também gera endividamento quando é usado de forma não planejada”, conclui a coordenadora do Idec.

Confira os cuidados na hora de contratar o empréstimo

• Não realize nenhum tipo de adiantamento nem pagamento para obter o empréstimo;

• Pesquise e compare as taxas de juros e as condições oferecidas por outras instituições. Em especial, repare no Custo Efetivo Total (CET), que resume, em um único indicador, o preço da operação;

• Verifique se a instituição financeira está autorizada a funcionar pelo Banco Central e se está conveniada a sua fonte pagadora; por exemplo, no caso dos empréstimos consignados para aposentados e pensionistas do INSS, se a instituição está conveniada ao INSS;

• Nunca assine um contrato nem uma proposta de contrato em branco;

• Não aceite a intermediação de pessoas com promessas de acelerar o crédito;

• Não forneça o cartão magnético nem a senha do banco a terceiros;

• Lembre-se de que esse tipo de operação representa dívidas que poderão afetar a administração da renda pessoal e familiar futura, em razão do comprometimento mensal dos benefícios com o pagamento do empréstimo;

• Caso haja interesse em realizar a portabilidade do contrato, será importante ler atentamente as informações sobre portabilidade de crédito.

Fonte: Banco Central

Calendário de pagamento do INSS

Para quem recebe um salário mínimo, os depósitos referentes ao primeiro mês do ano serão feitos entre os dias 25 de janeiro e 7 de fevereiro. Já os segurados que têm renda mensal acima do piso nacional terão os pagamentos creditados a partir de 1º de fevereiro.

Atualmente, mais de 37 milhões de aposentados e pensionistas recebem benefícios do órgão.

Reprodução/INSS

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Haddad e Gleisi chegam à reunião com líderes do Congresso sobre alternativas ao IOF

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Na noite deste domingo, integrantes do governo Lula e líderes da Câmara e do Senado vão se reunir na Residência Oficial da Câmara para discutir propostas levadas por Motta e Alcolumbre

Encontro acontece na Residência Oficial da Câmara dos Deputados. Foto: internet 

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou às 18h05 deste domingo (8) na reunião com líderes do Congresso Nacional para discutir alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Ele chegou à Residência Oficial da Câmara dos Deputados junto com a ministra da Secretaria das Relações Institucionais (SRI), Gleisi Hoffmann.

Na noite deste domingo, integrantes do governo Lula e líderes da Câmara e do Senado vão se reunir na Residência Oficial da Câmara para discutir propostas levadas por Motta e Alcolumbre para compensar um eventual recuo no aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF).

Como mostrou o Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado, entre as propostas postas à mesa, estão a imposição de uma trava na complementação da União ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), taxação de criptoativos e bets, alterar a metodologia do Preço de Referência do Petróleo (PRP) e a revisão de benefícios fiscais para diminuir montantes com gasto tributário.

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Acre segue tendência nacional e bate recordes em transplantes pelo SUS

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A coordenadora do Serviço de Transplantes da Fundhacre, Valéria Monteiro, reforça: “Esse avanço não é só técnico, é humano. Por trás de cada transplante tem uma história de superação, de dor e de esperança

Estado realiza transplantes de rim, fígado, córnea e, agora, osso. Foto: Neto Lucena/Secom

Com a união de esforços entre governo do Estado e Ministério da Saúde, o Acre vem transformando vidas por meio dos transplantes. Nesta semana, a Fundação Hospitalar Governador Flaviano Melo (Fundhacre), em Rio Branco, realizou o primeiro transplante de tecido ósseo da sua história.

O Ministério da Saúde divulgou que a saúde pública nacional bateu recordes ao realizar mais de 30 mil transplantes em 2024, o maior número da história do Sistema Único de Saúde (SUS). No Acre, apenas em 2024, esse número chegou a 62, e já soma mais 16 transplantes em 2025, até o momento.

Dados do Programa de Transplantes da Fundhacre apontam que, desde o início dos procedimentos no Acre, foram realizados 543 transplantes, sendo 105 de rim; 333 de córnea; 103 de fígado e 2 de tecido ósseo.

O governador Gladson Camelí destacou os avanços que o Estado tem alcançado na área da saúde, com ênfase especial no serviço de transplantes. Segundo ele, o governo tem investido de forma contínua em estrutura, capacitação de profissionais e parcerias estratégicas, o que tem resultado em recordes históricos no número de procedimentos realizados. “Nosso compromisso é salvar vidas e oferecer um atendimento cada vez mais digno. Temos mostrado que, com o empenho de todos, gestores, técnicos e o apoio da nossa população, é possível alcançar ótimos resultados”, afirmou Camelí.

Governador Gladson Camelí parabenizou equipe pessoalmente. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

O secretário de Estado de Saúde, Pedro Pascoal, afirma: “O governo tem investido de forma séria e constante para garantir que a população do Acre tenha acesso a procedimentos de alta complexidade aqui mesmo, sem precisar se deslocar para outros estados. Os números mostram isso: estamos salvando vidas, qualificando nossos profissionais e fazendo com que o Sistema Único de Saúde funcione na ponta”.

Transplantes por ano: saltos recentes

O 100º transplante de fígado foi registrado em abril de 2025, consolidando o Acre como referência na Região Norte. Nos últimos dois anos, os resultados mostram um crescimento expressivo:

  • Transplantes de rim: 4 em 2024 e 5 em 2025 (até junho);
  • Transplantes de córnea: de 6 em 2023 para 42 em 2024, com 2 em 2025, até o momento;
  • Transplantes de fígado: 18 em 2023, 16 em 2024 e 7 em 2025, até o momento.

“Cada transplante realizado representa uma vida transformada. É um trabalho que exige muita articulação, preparo técnico e sensibilidade. Para nós, da Fundhacre, participar dessa conquista histórica é motivo de muito orgulho. Ver que o Acre está alcançando patamares tão importantes na área de transplantes mostra que estamos no caminho certo”, destacou a presidente da Fundhacre, Sóron Steiner.

Primeiro transplante ósseo do Acre

No dia 3 de junho de 2025 a equipe da Fundhacre realizou o primeiro transplante de tecido ósseo do estado. A cirurgia, considerada de alta complexidade, teve apoio técnico do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (Into) do Rio de Janeiro. O segundo transplante ósseo foi realizado no mesmo dia, comprovando que a equipe local está pronta para seguir avançando nesse tipo de procedimento.

Primeira equipe de transplante ósseo no Acre celebra marco histórico. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

A primeira paciente contemplada foi Nerian Brito, de 45 anos, vítima de um grave atropelamento em 2014. Desde então, ela enfrentava dores crônicas, mobilidade reduzida e uma longa espera por uma chance de voltar a andar. Mãe de dois filhos, formada em Pedagogia, costureira, servidora da P e estudante de Direito, Nerian nunca parou; mas também nunca pôde caminhar com a filha mais velha.

Nerian foi a primeira, mas não será a única. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

“A minha filha não vê a hora de caminhar comigo. O sonho dela é caminhar comigo, porque eu nunca pude… Quando eu soube que faria a cirurgia aqui mesmo na Fundação, eu chorei de emoção. Vai mudar a minha vida. Vai melhorar a minha rotina. E eu disse pra minha filha que a gente vai realizar esse sonho dela: de caminhar, de pedalar junto”, contou a paciente, que segue em plena recuperação.

A coordenadora do Serviço de Transplantes da Fundhacre, Valéria Monteiro, reforça: “Esse avanço não é só técnico, é humano. Por trás de cada transplante tem uma história de superação, de dor e de esperança. A nossa missão vai além da cirurgia, é acolher famílias, preparar equipes e fazer com que cada etapa aconteça com segurança. O primeiro transplante ósseo no estado foi um marco, mas também é o começo de uma nova fase”.

Logística envolveu Banco de Tecidos do Into-RJ, Central de Transplantes e Fundhacre. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

Avanços em transplantes no Brasil

O avanço no Acre acompanha uma tendência nacional. Segundo o Ministério da Saúde, o Brasil realizou mais de 30 mil transplantes em 2024, o maior número da história do SUS. Isso representa um crescimento de 18% em relação a 2022.

Entre as novidades anunciadas pelo governo federal estão a Prova Cruzada Virtual, que ajuda a encontrar compatibilidades com mais rapidez; a nova divisão regional de distribuição de órgãos, para dar agilidade às cirurgias; e o ProDOT (Programa Nacional de Qualidade em Doação para Transplantes), que prepara as equipes para lidar melhor com os familiares dos doadores.

Doação ainda enfrenta resistência de famílias

Mesmo com o progresso, a taxa de recusa familiar para doação ainda é um obstáculo. Em 2024, das 88 famílias abordadas, 44 recusaram, o que representa 50% de negativas. Quando a família não autoriza a doação, os órgãos não são retirados. Por isso, é necessário comunicar aos familiares o desejo de ser doador.

Cada transplante mobiliza uma rede enorme de pessoas. Em média, 30 profissionais participam diretamente da cirurgia, e até 300 atuam de forma indireta. Tudo isso mostra o tamanho do empenho em fazer a saúde pública funcionar de verdade. O governo do Acre, por meio da Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre) e da Fundhacre, segue investindo em melhorar vidas e trazer procedimentos de alta complexidade para mais perto da população.

O que antes só era possível fora do estado, agora é realidade no Acre. Foto: Gleison Luz/Fundhacre

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IOF: Entenda o controle de capitais e a rejeição do mercado à medida

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O professor de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Elias Jabbour, destacou a Agência Brasil que o controle de capitais é fundamental para reduzir a volatilidade da moeda

O decreto do governo federal que elevou alíquotas do Imposto de Operações Financeiras (IOF) gerou fortes críticas do mercado financeiro, por interferir na entrada e saída de recursos do Brasil. O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, revelou ter receio de que os investidores interpretassem a medida como controle do fluxo de capitais. 

O controle de capitais é a forma de o governo direcionar a entrada ou a saída do país de recursos estrangeiros ou nacionais, como investimentos e empréstimos, podendo ser usado para reduzir riscos à estabilidade da moeda local ou para políticas de industrialização.

A entrada ou saída de recursos tem impacto no valor da moeda de um país porque aumenta ou diminui a demanda por conversões para outras moedas. Quanto maior a demanda pela compra da moeda nacional, maior o seu valor, enquanto o contrário também ocorre. Por exemplo: quando crescem as trocas de dólares por reais, os dólares são vendidos em maior quantidade, o que gera uma maior oferta e, consequentemente, uma queda em relação ao real. Já os reais passam a ser comprados em maior quantidade, o que aumenta seu valor em relação ao dólar.

A China é um exemplo que costuma ser lembrado de país com forte controle de capitais, interferindo mais na entrada e saída de recursos do país, e consequentemente, nas convesões entre o yuan [moeda chinesa] e o dólar. O economista Pedro Faria explicou à Agência Brasil que esse instrumento é usado para limitar, direcionar e selecionar os capitais que se quer privilegiar e aqueles que se quer evitar, desencorajando ou impedindo determinadas operações.

“Normalmente, é muito voltado para o controle dos fluxos mais especulativos, que entram para ficar pouquíssimo tempo no país ou saem para ficar pouquíssimo tempo fora do país, com objetivo de construir um investimento especulativo de curtíssimo prazo”, disse.

Um exemplo de abertura do controle de capitais citado pelo especialista, e tomada no governo anterior, foi o fim da obrigação do exportador no Brasil manter no país os recursos obtidos com a venda no exterior. Quando os recursos obtidos com a exportação não retornam ao país para ser convertidos para o real, há menos demanda pela moeda brasileira, explica o economista:

“Você mantém esses recursos lá fora e isso gera menos demanda por reais aqui no mercado de câmbio local, desvalorizando o real. A desvalorização do real tende a causar mais inflação, o que pressiona o Banco Central a aumentar juros para atrair mais capitais”.

Estabilidade da moeda

O professor de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), Elias Jabbour, destacou a Agência Brasil que o controle de capitais é fundamental para reduzir a volatilidade da moeda ─ isto é, movimentos abruptos de queda ou de alta em curtos períodos de tempo.

“Com um maior controle de capitais, o preço do dólar em relação ao real não varia tanto de forma a não prejudicar expectativas futuras de investidores privados. Ele também blinda a política monetária, permitindo uma taxa de juros mais adequada com cada momento, sem nos preocuparmos tanto com o fluxo de entrada e saída de dólares”, disse.

Segundo a consultoria MoneYou, o Brasil tem a terceira maior taxa de juros real do mundo, ficando atrás apenas da Turquia e da Rússia. Os juros altos são criticados por reduzir os investimentos em produção e contraírem a economia. Já o BC defende a atual taxa para conter a inflação.

Mercado financeiro

Os agentes do mercado financeiro – representados por empresas de investimentos, de gestão de ativos e de fundos que trabalham nas bolsas de valores – rejeitam qualquer controle no fluxo desses recursos e pressionam o governo contra medidas como a que aumentou o IOF de 0% para 3,5% de investimentos de fundos brasileiros sediados no exterior.

O professor de Economia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Elias Jabbour, afirmou que o mercado financeiro ganha muito com o livre fluxo de capitais, em especial, com a especulação cambial, que é o lucro obtido com compras e vendas de curtíssimo prazo de real e dólar, aproveitando o sobe e desce do valor da moeda brasileira em relação à norte-americana. As compras e vendas motivadas por essa busca impactam o próprio valor da moeda, aumentando a volatilidade.

“Evidentemente, existem questões ideológicas, pois o mercado financeiro defende que o fluxo livre de capitais é melhor para o Brasil se manter como exportador de commodities [matérias-primas brutas]. Isso porque o controle de capitais é instrumento de política industrial e o mercado financeiro é contra política industrial porque demanda intervenção do Estado na Economia”, avalia.

Poucas horas após o anúncio do aumento do IOF para fundos no exterior, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou atrás após críticas do mercado financeiro.

O especialista Pedro Lima, por sua vez, ponderou que o mercado financeiro não gosta de restrições, “da mesma forma que motoristas não gostam quando você impõe uma restrição de velocidade e não veem que isso pode ter um benefício de longo prazo”.

Para o economista, o IOF poderia ser usado para conter fluxos de capitais especulativos de curtíssimo prazo. “Isso é um tipo de restrição à atuação desses agentes, mas, a meu ver, tem ganhos públicos para o país”, disse.

As mudanças no IOF foram amplamente rejeitadas pelas lideranças do Congresso Nacional, que deram prazo para o governo apresentar alternativas, o que pode afetar gastos sociais em saúde, educação e assistência social.

Industrialização

O controle de capitais costuma ser utilizado também para induzir a industrialização do país. Especialista no desenvolvimento econômico chinês, Elias Jabbour contou que o Estado asiático usou o controle de capitais para que os investimentos estrangeiros estivessem vinculados à produção de bens e serviços.

“A abertura do controle de capitais é um chamativo para que um país como o Brasil se transforme num paraíso fiscal de dimensões continentais, enquanto que o controle de fluxos capitais induz investimentos produtivos em detrimento da especulação. Ele é um instrumento para políticas industriais”, comentou.

O economista Pedro Lima destacou que o Brasil, hoje, pratica a tributação e o registro de entrada de capitais, o que representa algum controle, mas avalia que a situação atual é “bem mais aberta que o adequado, tanto que temos uma taxa de câmbio muito volátil”.

“Temos que ter mais restrições para capitais de curtíssimo prazo. Tem que incentivar a permanência de capitais aqui, mesmo que isso venha ao custo de a gente não atrair tantos capitais de curtíssimo prazo. A gente dá preferência para capitais que vêm para serem investidos em produção, na compra de ativos de longo prazo”, defendeu.

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