O número de candidatos registrados para concorrer nas eleições municipais de 2024 caiu em relação a 2020, segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A queda é a primeira desde 2008.
Às 19h30 desta quinta-feira (15), após o fim do prazo de registro de candidaturas, havia 453.302 registros de candidatos a prefeito, vice-prefeito e vereador, segundo o site do TSE. Em 2020, foram 557.678 candidatos, de acordo com os números da Corte.
O prazo para registro de candidaturas pelo sistema online do TSE terminou às 8h e a entrega presencial na Justiça Eleitoral, às 19h. Como essas últimas demandam mais tempo para serem incluídas nas contas, o número de registros deve mudar, mas não o suficiente para mudar o cenário de queda. No cenário atual, a queda em relação a 2020 é de 19%.
O registro da candidatura é um dos passos para um candidato concorrer na eleição de 2024. Agora, a Justiça Eleitoral deve analisá-las e definir quais estão aptas a constar da urna.
Os dados atuais indicam que houve queda nos 3 cargos disputados em 2024:
Em relação aos partidos, Novo (1.108%), DC (41%) e PMB (40%) foram os que tiveram o maior crescimento proporcional de candidaturas e Cidadania (-72%), PCdoB (-71%) e PV (-62%), as maiores quedas.
Em 2022, o Cidadania formou, com o PSDB, uma federação, pela qual as duas legendas atuam como uma só durante, pelo menos, 4 anos uma federação com o PSDB. O PCdoB e o PV fizeram o mesmo com o PT.
Para a doutora em ciência política Vera Chaia, professora de Política da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de São Paulo, descrença na política, custo das campanhas eleitorais e limitações impostas por coligações às legendas que as compõem são hipóteses para explicar a queda.
“[É preciso] Ver a relação entre os partidos políticos com as regiões e candidatos. Isso porque quem escolhe os candidatos são os partidos e preferem aqueles que possuem maior capital político, que tragam rendimentos políticos para os partidos”, analisa a especialista.
O cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Jairo Nicolau afirma que o país passa por um processo de compactação do quadro partidário (o fim das coligações, por exemplo, reduziu o número de partidos que conseguiram eleger vereadores em 73% das cidades em 2020), o que diminui a margem para erro das legendas.
“Se eu lanço um candidato a prefeito, por exemplo, numa cidade média. Se não tem dinheiro, se ele não é competitivo, você está perdendo tempo. Vários partidos passaram a fazer essa conta porque o cenário agora é de restrição”, aponta.