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Dossiê denuncia invasão e abertura de estrada ilegal em terras indígenas do Acre e Peru
Documentos mostram desmatamento com abertura de estrada e foram encaminhados às autoridades brasileiras e peruanas. No Acre, mais de 2,3 mil indígenas devem ser afetados, além da Reserva Extrativista Alto Juruá.

Imagens mostram avanço do desmatamento na fronteira do Acre e Peru – Foto: Arquivo pessoal
Por Tácita Muniz
Entidades indígenas do Acre e do Peru encaminharam às autoridades dos países um dossiê que alerta para o avanço do desmatamento na fronteira e que ameaça as comunidades indígenas e moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá, no interior do Acre.
O documento intitulado: “Uma grande ameaça para os povos indígenas do Yurua, Alto Tamaya e Alto Juruá” é assinado pela Associação Ashaninka do Rio Amônia (Apiwtxa); Comissão Pró-Índio do Acre (CPI-Acre) e Organização dos Povos Indígenas do Rio Juruá (OPIRJ), além de mais oito entidades indígenas peruanas.
Nas denúncias, os indígenas falam sobre abertura ilegal do trecho da estrada UC-105 que vai de Nueva Italia a Puerto Breu, no Peru, por empresas madeireiras e outros grupos. O dossiê também expõe uma série de documentos oficiais, mapas e falas das lideranças, que mostram o risco que este empreendimento representa para os povos indígenas e comunidades tradicionais da região.
A comunidade Breu fica na fronteira com a cidade de Marechal Thaumaturgo, município isolado acreano. Segundo as associações, essa estrada foi aberta há alguns anos para transporte de madeira, porém, se mantinha fechada. Agora, estão reabrindo a estrada sem nenhum projeto ou trâmite burocrático. Nesta semana, os invasores se aproximaram da terra dos ashaninkas. Segundo eles, são madeireiros e grupos que agem de forma ilícita na região.
A reportagem teve acesso à denúncia do povo Sawao, do Peru, que protocolou um documento alertando às autoridades responsáveis pelo Meio Ambiente no país no dia 11 de agosto. O documento já revela maquinários e invasões nas terras indígenas do país.
Os sawaos então acionaram os ashaninkas para falar sobre o problema. Vídeos, divulgados pela associação, mostram a evolução desse desmatamento. Eles também encontraram indícios de acampamento e maquinários usados para as derrubadas.

Indígenas encontram estrada aberta e temem invasão nas comunidades Foto: Arquivo pessoal
“No começo de agosto de 2021, o Comitê de Vigilância da Comunidade de Sawawo (Hito 40) confirmou à Associação Ashaninka do Rio Amônia – Apiwtxa, que à frente de abertura da estrada UC-105 (Nueva Italia-Puerto Breu) já se encontra a aproximadamente 11,3 km da fronteira com o Brasil, às cabeceiras do Rio Amônia, ameaçando inclusive a soberania nacional brasileira. No início de agosto de 2021, o Comitê de Sawawo realizou uma expedição no rio Amônia para verificar as ações ilegais das madeireiras na região e identificar o tamanho do impacto, quantidade de máquinas, qual empresa é responsável e quantos trabalhadores há no local”, destaca o dossiê.
Francisco Piyãko, liderança Ashaninka da Apiwtxa, diz que a reabertura dessa estrada deve acabar interferindo no aumento de crimes na fronteira, além do impacto ambiental nas comunidades nativas.
“O impacto disso será muito grande, com a migração de grupos ao longo desta rodovia, trazendo para próximo da nossa fronteira e para a cabeceira dos nossos rios, extração de madeira ilegal, tráfico de drogas e outras ações ilícitas”, destaca.
Uma comissão de organizações de apoio aos povos indígenas do Peru esteve no local, nesta segunda-feira (16), segundo Apiwtxa, e apurou os relatos de invasão da última semana.
“É possível ver o caminho aberto pelas máquinas, de forma ilegal, pelo território do povo Ashaninka da comunidade Sawawo Hito 40. As organizações constataram que o grupo de Sawawo já está sofrendo ameaças e o trânsito de tratores por seu território está ocorrendo sem eles poderem impedir”, pontuou a organização.

Maquinários foram encontrados pelos sawos na fronteira do Acre com o Peru – Foto: Arquivo pessoal
Perigo à Resex e aos indígenas
As lideranças acreanas informaram que mais de 2,3 mil indígenas devem ser afetados, já que a estrada deve afetar todas as cabeceiras dos rios e, consequentemente, todas as terras indígenas de Marechal Thaumaturgo.
Moradores da Reserva Extrativista do Alto Juruá, que está localizada no extremo oeste do estado do Acre, no município de Marechal Thaumaturgo, também devem ser afetados com a estrada ilegal. Ao longo do último século, a população local tem se ocupado com atividades de subsistência (agricultura, caça, pesca, e artesanato), e com atividades comerciais (borracha). Com o declínio do comércio da borracha na década de 80, a agricultura ganhou força.
“Como coordenador da OPIRJ, nós estamos percebendo que esta região do Juruá, além da estrada, representa um processo de construção sem levar em conta os cuidados, sem consulta às comunidades, sem estudo prévio. Tudo isso representa uma ameaça para nossa população. O que pode gerar um empreendimento como esse? É a abertura para muitas coisas ruins para uma região como essa. Nós estamos em uma região que estamos precisando fazer um debate coordenado, articulado com várias intuições e comunidades locais para pensar qual o desenvolvimento desta região que é necessário fazer. Quando se abre uma estrada, isso a gente conhece, ela não traz benefício para as comunidades locais. Isto está mais do que claro. Ela traz uma oportunidade para que os interesses de fora consigam acessar as riquezas locais. Ela transforma as comunidades locais em mão de obra. Vai destruir o modo de vida das comunidades”, enfatiza Piyãko.
Atualmente, segundo informações do governo federal, a unidade de conservação tem mais de 528 mil hectares e 18,4 mil habitantes.
“O que ameaça uma região dessas é essa aproximação de fora para cá, com outros modos de vida, com outros valores, com outras coisas que vai querer sobrepor esse jeito de viver aqui, e esse talvez seja o lugar do mundo que tem uma qualidade que está tão pura, que não tem o mercúrio, que não tem nenhuma contaminação. A água é pura, você pode beber, você pode andar, você pode vir e comer peixe, a caça”, pontua Piyãko no dossiê.

Francisco Piyãko, do Povo Ashaninka e coordenador da OPIRJ, diz que estrada não traz benefícios para as comunidades – Foto: Eliane Fernandes
As terras indígenas afetadas são:
- Terra Indígena Kampa do Rio Amônia: Povo Ashaninka
- Terra Indígena Apolima-Arara do Rio Amônia: Povo Apolima-Arara
- Terra Indígena Jaminawa/Arara do rio Bagé: Povo Jaminawa/Arara
- Terra Indígena Kaxinawá/Ashaninka do Rio Breu: Povo Huni Kuī e Ashaninka
- Reserva Extrativista do Alto Juruá: Povo Kuntanawa, extrativistas e ribeirinhos dos rios Breu, Tejo, Juruá e Arara
Os documentos foram encaminhados tanto para a Fundação Nacional do Índio (Funai), como para autoridades peruanas. O G1 entrou em contato com a fundação e aguarda resposta. Já o consulado peruano em Rio Branco disse que não tem conhecimento do documento.
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Ação rápida: Investigadores da DHPP prendem acusado de homicídio em Rio Branco
Lucas Cauã de Lima Oliveira de 19 anos, estava em via pública e armado com um revólver, quando foi preso por investigadores da Delegacia de Homicídios.
Ciborgue, como é conhecido, ainda teria tentado uma reação, mas acabou rendido pelos agentes da DHPP.
Ele, estava com a prisão preventiva decretada, por ter rompido a tornozeleira eletrônica. Lucas Cauã cumpria pena por roubo.
No momento da ação dos investigadores o acusado portava este revolver calibre 38, munições e drogas.
Com a prisão de Lucas foi possível também elucidar um homicídio, ocorrido na semana passada, em Rio Branco.
Quando foi interrogado pelo Delegado Cristiano Bastos, Ciborgue confessou, que foi o autor do assassinato de Ricardo Leite de Araújo, de 42 anos.
A vítima, que era usuária de drogas, foi assassinada a tiros, na noite a última quinta-feira, 21.
O crime aconteceu no Ramal Bom Jesus, região da Vila Acre.
De acordo com informações da polícia, a vítima estava em casa, quando foi chamada por um desconhecido, mas ao chegar no portão acabou executado a tiros.
Lucas declarou ao delegado, que a vítima tinha uma dívida de drogas, além de ser suspeita de executar furtos na região, por isso acabou assassinada.
A Delegacia de Homicídios agora terá o prazo de dez dias para finalizar o inquérito do caso.
Matéria relacionada:
Foragido da Justiça é morto a tiros na região da Vila Acre, em Rio Branco
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Presidente da Câmara de Brasiléia e vereadores acompanham Programa Mais Saúde em Ação Itinerante Rural
O Presidente da Câmara Municipal de Brasiléia, Marcos Tibúrcio, acompanhado dos vereadores Elenilson Cruz e Leonir de Castro, estiveram presente em mais uma edição do Programa Mais Saúde em Ação Itinerante Rural, realizado na manhã deste sábado, 16.
O evento aconteceu no quilômetro 59 da BR 317 (Estrada do Pacífico), com mais 53 quilômetros de ramal, no seringal Pacuara, na residência do Senhor Zima, proprietário da Colônia 5 Irmãos.
Com a oferta de diversos serviços de saúde para a população em geral, os locais receberam atendimentos médicos, psicológicos, palestras, atendimentos odontológicos, vacinas contra a Covid-19, vacinas de rotina, distribuição de medicamentos, testes rápidos de hepatite, sífilis, HIV e PCCU.
Também esteve presente na atividade, o deputado estadual, Tadeu Hassem; o secretário de saúde, Francélio Barbosa; a secretária de educação, Francisca Oliveira; a representante do OPM, Suly Guimarães; o secretário adjunto de agricultura, Mário Jorge; profissionais de saúde e a comunidade local.
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Pastor é indiciado por estupro de vulnerável contra 9 vítimas no Acre

O acusado, de 46 anos, negou os crimes – FOTO: REPRODUÇÃO/ILUSTRAÇÃO
Por Sandra Assunção
Um pastor evangélico foi indiciado por estupro de vulnerável e importunação sexual contra nove crianças e adolescentes na Comunidade Bagé, zona rural de Marechal Thaumaturgo.
O acusado, de 46 anos, negou os crimes e disse à polícia que a denúncia parte de uma mulher que frequenta a sua congregação e estaria perseguindo-o.
“Foram nove vítimas ouvidas, mas tem mais. A gente mandou intimação via rádio, lá é um lugar de difícil acesso, mas não compareceram. Ele abusava das fiéis, chegava nas casas quando os pais não estavam, algumas são crianças, praticava alguns atos libidinosos, agarrava à força. Em alguns casos, chegava alguém na casa e flagrava”, contou o delegado responsável pelas investigações, Marcílio Laurentino.
A autoridade policial já descartou que as denúncias sejam fruto de perseguição, já que as vítimas identificadas não têm relação umas com as outras. O pastor aguarda agora as ações do Poder Judiciário, que deve decidir sobre o prosseguimento do processo e a possível prisão do acusado.
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