O dólar fechou em queda ante o real pelo quarto pregão consecutivo, abaixo do patamar de R$ 2,20, após investidores verem na ata da última reunião do Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) sinais de que não deve ocorrer mudanças na política monetária tão cedo, o que poderia afetar ainda mais a liquidez no mercado internacional.
A moeda norte-americana recuou 0,25%, cotada a R$ 2,1975 na venda, após passar boa parte do pregão em alta. Na máxima chegou a ser cotado a R$ 2,2198 e, na mínima, a R$ 2,1905. Veja cotação
É a primeira vez que o dólar fechou abaixo do nível de R$ 2,20 desde o fim de outubro passado e, em quatro sessões, já acumula perda de 3,72% ante o real.
A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed não trouxe referência ao “horizonte relevante” que separaria o fim do programa de compra de títulos do Fed e a primeira elevação dos juros no país, atualmente perto de zero.
No mês passado, a chair do banco central, Janet Yellen, havia atraído a atenção dos mercados ao definir esse período como “cerca de seis meses”, o que imediatamente impulsionou as cotações do dólar em nível global. Juros mais altos nos EUA poderiam atrair recursos atualmente aplicados em outras economias.
Após a reunião, a chair do banco central, Janet Yellen, havia atraído a atenção dos mercados ao definir esse período como “cerca de seis meses”, o que imediatamente impulsionou as cotações do dólar em nível global. Juros mais altos nos EUA poderiam atrair recursos atualmente aplicados em outras economias.
“O mercado entendeu que vai demorar para o Fed subir juros. As moedas lá fora passaram a se valorizar frente ao dólar e o real seguiu essa esteira”, disse à Reuters o estrategista-chefe do Banco Mizuho, Luciano Rostagno.
Antes da divulgação do documento, a moeda norte-americana operava em alta, num movimento de correção após três quedas consecutivas que levaram-na a testar o patamar de R$ 2,20.
Atuação do Banco Central
Alguns especialistas no mercado avaliam que, apesar de ajudarem no combate à inflação, as cotações mais baratas desagradariam o governo, prejudicando as exportações. Apesar disso, o BC tem atuado pesadamente nos mercados de câmbio.
Pela manhã, a autoridade monetária deu continuidade às intervenções diárias vendendo a oferta total de até 4 mil swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares. Foram 1,5 mil contratos para 1º de dezembro deste ano e 2,5 mil para 2 de março do próximo, com volume equivalente a US$ 197,8 milhões.
Além disso, também vendeu a oferta total de até 10 mil swaps para rolagem dos contratos que vencem em 2 de maio. Com isso, a autoridade monetária já rolou cerca de 23% do lote total para o próximo mês, que equivale a US$ 8,733 bilhões.
Mais cedo, dados divulgados pelo BC mostraram que a autoridade monetária vendeu menos da metade da oferta nos dois leilões de venda de dólares com compromisso de recompra para rolagem que promoveu em março.
No mês de março, a entrada de dólares no país uperou a retirada de moeda estrangeira no país em US$ 2,3 bilhões. Foi o maior ingresso de recursos, para um mês fechado, desde novembro do ano passado, quando a quantia foi de US$ 2,54 bilhões.