Dólar opera em alta e chega a R$ 5,41

Na segunda-feira, moeda dos EUA subiu 1,33%, a R$ 5,3078.

Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 5,4134 – nova cotação nominal recorde durante os negócios.

Por G1

O dólar opera em alta nesta quarta-feira (22), na retomada dos negócios após o feriado da véspera, após dois dias de forte aversão a risco nos mercados globais devido ao ‘crash’ dos preços do petróleo, enquanto os investidores voltavam as atenções para possíveis medidas de estímulo para mitigar o impacto econômico do coronavírus, e à medida que sinais crescentes de problemas econômicos decorrentes do surto do novo coronavírus alimentavam a demanda pela segurança do dólar.

Às 14h52, a moeda norte-americana era vendida a R$ 5,4083, em alta de 1,89%. Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 5,4134 – nova cotação nominal recorde durante os negócios. Veja mais cotações.

Mais cedo, dados mostraram que a arrecadação do governo federal teve queda real de 3,32% em março na comparação com o mesmo mês do ano anterior, no dado mais fraco para o mês desde 2010.

O Banco Central realiza nesta quarta-feira leilões de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento em setembro de 2020 e janeiro de 2021.

Na segunda-feira, o dólar fechou em alta de 1,33%, a R$ 5,3078, com os preços do petróleo dos Estados Unidos desabando.

Mesmo sentido das emergentes

A moeda brasileira, em sintonia com os mercados emergentes em geral, também enfrentava saídas contínuas devido à aversão desenfreada ao risco, provocando uma corrida à segurança do dólar.

“Os investimentos do portfólio permanecerão sob a pressão do sentimento global de aversão a risco ao longo dos próximos meses, que manterá o real pressionado durante o restante do ano”, escreveram os economistas da TS Lombard, Wilson Ferrarezi e Elizabeth Johnson.

O banco central do país (Banxico) divulgou na terça-feira um pacote de estímulo de US$ 31 bilhões de dólares e inesperadamente cortou os custos dos empréstimos, em sua medida mais decisiva até agora para combater o vírus.

“A decisão do Banxico é menos surpreendente quando se considera a rápida deterioração da atividade econômica, que contrasta fortemente com a reação relativamente moderada do governo vista até agora”, escreveu Gustavo Rangel, economista-chefe para a América Latina no ING.

O BC mexicano projeta que a economia do país, já vista como fraca antes do surto, retraia mais de 5% no primeiro semestre de 2020.

Petróleo

Os preços internacionais do petróleo para entrega em junho operam novamente em queda nesta quarta. Na terça-feira, os contratos futuros do Brent para entrega em junho recuaram 24%, para US$ 19,33 por barril, no menor valor desde fevereiro de 2002. Já o petróleo dos EUA caiu 43%, a US$ 11,57.

Nas últimas semanas, o mercado de petróleo já vinha registrando o seu menor nível de preços em quase 20 anos. Bloqueios e restrições de viagens em todo planeta têm um forte impacto na demanda.

A crise aumentou depois que a Arábia Saudita, membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), iniciou uma guerra de preços com a Rússia, que não integra o cartel.

“Essa queda bastante violenta do preço do barril mostra, para mim,(…) que o nível de atividade global está muito pior do que o inicialmente pensado”, disse André Perfeito, economista-chefe da corretora Necton, em live no Youtube.

No cenário doméstico, analistas destacavam as expectativas de corte de juros após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, dizer na segunda-feira que o cenário analisado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em sua última reunião mudou.

“O que falamos é que entendemos que as condições que tínhamos no Copom mudaram muito de lá para cá, inclusive as expectativas de inflação”, disse Campos Neto. Na ocasião da última reunião do Copom, o colegiado cortou a Selic em 0,50 ponto percentual e avaliou que tanto uma redução maior no juro quanto afrouxamentos monetários adicionais poderiam se tornar “contraproducentes”.

O corte da taxa básica de juros a mínimas recordes sucessivas tem sido fator de pressão sobre o real, uma vez que reduz rendimentos locais atrelados à Selic, tornando o cenário brasileiro menos atraente para o investidor estrangeiro. Esse contexto é ainda agravado pela pandemia de coronavírus e conflitos olíticos recentes entre Executivo e Legislativo.

Variação do dólar em 2020 — Foto: Economia/G1

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