Brasil

Dólar atinge novo recorde e fecha a R$ 6,07, com pressão lá fora e no Brasil

Os investidores continuam a monitorar a tramitação das medidas relacionadas ao pacote de contenção de gastos anunciado pelo governo federal. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com as medidas será enviada nesta segunda-feira ao Congresso

Dólar voltou a valorizar globalmente após novas ameaças de tarifas do novo presidente americano Donald Trump

O dólar subiu firme nesta segunda-feira (2) impulsionado pela valorização global da moeda, que ocorreu após o presidente eleito dos Estados Unidos, o americano Donald Trump, ameaçar impor tarifas de 100% sobre produtos importados dos países do Brics, grupo de países de economias emergentes que inclui o Brasil, caso criem uma nova moeda para rivalizar com o dólar. investidores continuam a monitorar a tramitação das medidas relacionadas ao pacote de contenção de gastos anunciado pelo governo federal

Ao final dos negócios a moeda subia 1,13%, a R$ 6,068, atingindo uma nova máxima histórica nominal. Na sexta-feira, havia fechado em R$ 6. Lá fora, o dólar subia 0,66% contra moedas pares, enquanto avança 0,12% contra o peso mexicano e valoriza 0,59% contra o rand sul-africano, moedas consideradas semelhantes ao real.

A Rússia e o Brasil sugeriram recentemente a criação de uma moeda dos Brics para reduzir o domínio do dólar no comércio global recentemente. No sábado, Trump comentou nas mídias sociais que puniria os países que criassem uma nova moeda.

Os investidores continuam a monitorar a tramitação das medidas relacionadas ao pacote de contenção de gastos anunciado pelo governo federal. A Proposta de Emenda à Constituição (PEC) com as medidas será enviada nesta segunda-feira ao Congresso. A afirmação foi feita hoje pelo ministro da Casa Civil, Rui Costa, durante visita às obras da montadora BYD em Camaçari (BA).

Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do Banco Central que assume o comando da autoridade monetária no ano que vem, foi contundente em dizer hoje que o câmbio é flutuante e o BC não vai segurar o dólar “no peito”, o que também colaborou para a alta da moeda, diz Alexandre Viotto, diretor de mesa de câmbio da EQI Investimentos. “Em outras palavras, reservas internacionais e leilões são ferramentas que serão utilizadas apenas em momento de disfuncionalidade do mercado”.

“Com isso, as esperanças do BC vir a intervir no câmbio diminuem bastante, levando o mercado a crer que o BC vai aguardar o câmbio se estabilizar ‘naturalmente'”.

Na visão de analistas do banco Inter, o anúncio de cortes de gastos totalizando R$ 71 bilhões nos próximos dois anos foi ofuscado pela promessa simultânea de expandir a isenção de IR para R$5 mil.

“O argumento do governo é que a isenção não terá impacto sobre a dívida pública, já que será compensada pelo aumento de impostos para quem ganha acima de R$ 50 mil. Contudo, deverá gerar impulso fiscal via aumento do consumo, situação que não é bem-vinda em meio a uma economia cujo desemprego já se situa em mínimas históricas e uma inflação que não dá sinais claros de convergência para o centro da meta mesmo com juros altos”.

O último pregão da semana passada teve forte volatilidade, com o dólar atingindo R$ 6,12 na primeira hora da sessão por motivos técnicos, com investidores americanos se reposicionando no mercado de futuros que abriu após o feriado de Ação de Graças. A reação aguda da moeda foi fator de consternação para o governo, e motivou discursos dos presidentes da Câmara e Senado que afirmaram compromisso com o arcabouço fiscal e que a reforma do IR só acontecerá caso as condições fiscais sejam condizentes. Isso trouxe certo alívio para as percepções de risco fiscal e limitaram a alta do dólar.

Mas o câmbio persiste em patamares historicamente esticados e significativamente acima das estimativas do Inter de equilíbrio de médio prazo, situação que deve persistir enquanto o risco fiscal não for resolvido em meio à tendência de endividamento crescente do governo federal, apontam, em relatório.

Comentários

Compartilhar
Publicado por
G1