Os trechos que não estavam inseridos no decreto de emergência também passaram por manutenção com serviços convencionais com asfalto.
Os trechos que não estavam inseridos no decreto de emergência também passaram por manutenção com serviços convencionais com asfalto. Foto: captada
No último dia 8 de agosto, no entanto, a situação aparenta se encaminhar para sua resolução. É que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou o investimento de mais de R$ 800 milhões para recuperação da rodovia que corta o estado.
A BR-364 no Acre liga municípios importantes como Rio Branco, Bujari, Sena Madureira, Manoel Urbano, Feijó, Tarauacá, Rodrigues Alves, Mâncio Lima e Cruzeiro do Sul.
Ao todo, a rodovia abrange mais de 634 mil pessoas, o equivalente a mais de 70% da população do estado.
Cada metro recuperado das estradas representa mais do que obra de infraestrutura: é a garantia de acesso a bens básicos e a chance de desenvolver a economia.
O Acre possui duas rodovias federais estratégicas:
Historicamente, os trechos dessas estradas sofrem com os impactos das chuvas amazônicas, que transformam a pista em lamaçal durante o inverno.
Em 2016, por exemplo, o problema já era evidente com tráfego interrompido. Naquela época, o Dnit já previa o custo de mais de R$ 1 bilhão para a restauração da rodovia. Desde então, a BR-364 passa por projeto de restauração. Contudo, o problema não era resolvido.
“A situação ainda está precária, a buraqueira é terrível, questão de horário atrasa muito, passageiros reclamam e está um caos, na verdade. Ônibus quebra, mola quebra, aí a gente acaba prejudicando as viagens do passageiro, né?,” disse o motorista Wheneson Dias, que trabalha com ônibus que fazem as linhas intermunicipais.
Em 2023, a superintendência regional do Dnit declarou situação de emergênciaem alguns trechos do km 620 ao km 682 entre o Rio Gregório e o Rio Liberdade, que ficam entre as cidades de Tarauacá e Cruzeiro do Sul.
BR-364 entre Rio Branco e Cruzeiro do Sul tem buracos ao longo da rodovia. Foto: Reprodução/Rede Amazônica
Desde a publicação do decreto de emergência, esses trechos críticos passaram por serviços paliativos, com os buracos sendo tapados com pedras e pó de pedra para garantir a circulação dos veículos na estrada.
Os trechos que não estavam inseridos no decreto de emergência também passaram por manutenção com serviços convencionais com asfalto.
Todas estas problemáticas influenciam no deslocamento até a segunda maior cidade do Acre. As más condições da estrada maltratam quem precisa dela para se locomover.
A viagem que durava entre 8 a 12 horas de ônibus, pode chegar a ultrapassar 20 horasde duração e, dependendo da época, até 24 horas.
Já de avião, as passagens, se compradas entre o final de agosto e início de setembro, podem chegar a mais de R$ 5 mil.
Em fevereiro de 2023, os prefeitos de cinco municípios interligados pela BR-364 assinaram um documento que pede a recuperação da rodovia e alerta para o impacto econômico na região.
Com os investimentos anunciados por Lula na última semana, as obras irão acontecer nos lotes 1, 2, 7 e 8 da rodovia. Ao todo, serão mais de 318 km de estrada. O governo federal vai investir cerca de R$ 870,9 milhões nesse projeto. As obras vão acontecer em dois trechos principais da rodovia.
Más condições da BR-364 prejudica economia e o direito de ir e vir da população acreana. Foto: Bruno Vinicius/Rede Amazônica
Lotes 1 e 2 – Esse trecho vai da divisa do Acre com Rondônia, passa por Rio Branco e chega até Bujari.
Lotes 7 e 8 – Ficam no Vale do Juruá, entre Feijó e Rio Gregório.
Trecho da divisa de Rondônia com o Acre até o município de Bujari — Foto: Reprodução/Google My Maps
Trecho da BR-364 no Vale do Juruá, entre Feijó e Rio Gregório. Foto: Reprodução/Google My Maps
Durante a solenidade foi assinada a ordem de serviço que autoriza o começo das manutenções. As obras na BR-364 são importantes para ajudar no transporte da produção local, melhorar a mobilidade das pessoas e fortalecer a ligação do Acre com outros estados.
A expectativa é que os investimentos dos próximos anos consolidem o Acre como parte fundamental da integração entre Amazônia e mercados internacionais.
Projetos de duplicação de trechos e a construção da 6ª ponte sobre o Rio Acre, em Rio Branco, fazem parte dessa estratégia.
“Sabemos o que significa pro estado ter uma estrada ruim. Estamos aqui para dizer ao povo acreano que depois de [fazer] obras sem respeitar as técnicas, porque o dinheiro não dava, faremos uma estrada que suporte o inverno amazônico”, disse Renan Filho, ministro dos Transportes, em evento no Acre.
Evento na Cooperacre reúne autoridades federais e estaduais no último dia 8 — Foto: Renato Menezes/g1