Direita dividida e ofensiva do PT: tudo o que você precisa saber sobre a eleição no Acre

Governador eleito no primeiro turno em 2018 durante onda bolsonarista enfrenta dificuldade no páreo para tentar a reeleição

Na onda bolsonarista que dominou as eleições em 2018, um dos resultados mais marcantes ocorreu no Acre: após cinco vitórias consecutivas do PT, Gladson Cameli (PP) foi eleito governador no primeiro turno. Quatro anos depois, no entanto, o cenário mudou, e Cameli terá um caminho mais difícil para conseguir a reeleição. De um lado, a coligação que o elegeu se fragmentou e ele terá que enfrentar antigos aliados; de outro, disputará também com o ex-governador Jorge Viana (PT), que tenta retomar o domínio petista no estado.

Cameli, que quatro anos atrás estava na metade de seu primeiro mandato de senador, foi eleito com 53% dos votos válidos. Na disputa ao Senado, emplacou os aliados Sérgio Petecão (PSD) e Márcio Bittar (na época no MDB, hoje no União Brasil).

O raio x da disputa no Acre — Foto: Arte

O raio x da disputa no Acre — Foto: Arte

Agora, tanto Petecão quanto Bittar lançaram-se candidatos contra Cameli. Além disso, o governador ganhou um rival interno: o próprio vice, Major Rocha (MDB), que rompeu com o titular e articulou a candidatura de sua irmã, a deputada federal Mara Rocha (MDB), ao Palácio Rio Branco. Cameli, no entanto, minimiza os rompimentos:

— Vejo com tranquilidade. Nós não obrigamos ninguém a estar conosco. E, infelizmente na política, alguns estão mais preocupados com os interesses políticos do que com o compromisso de melhorar a vida das pessoas.

Além dos ex-aliados, o governador ganhou, de última hora, um concorrente competitivo na esquerda. Viana, que já foi governador por dois mandatos, pretendia concorrer ao Senado, na chapa ao governo de Jenilson Leite (PSB), atual deputado estadual. Entretanto, Leite resolveu disputar o Senado, e o PT lançou a candidatura de Viana em 5 de agosto, último dia do prazo.

— Parecia que a gente tinha saído (da disputa), e a gente encontrou a melhor alternativa — afirma Viana, que ressalta a divisão dos adversários: — Quem mais faz oposição ao governador é o vice, Major Rocha. Quem mais faz oposição ao governador é o Petecão, que foi um grande eleitor dele.

A família Viana é uma das mais tradicionais no estado. Jorge e seu irmão, Tião, já foram governadores por dois mandatos cada um, além de terem sido senadores. Em 2018, contudo, Jorge não conseguiu se reeleger ao Senado, ficando em terceiro lugar.

Márcio Bittar articulou para que sua ex-mulher, Márcia Bittar (PL), fosse a vice de Cameli. Entretanto, o governador convidou o deputado federal Alan Rick (União Brasil) para o posto.

Bittar, que é presidente do União no estado, destituiu Rick da vice-presidência da legenda e decidiu lançar-se ao governo, também no último dia do prazo. Rick será candidato ao Senado, oficialmente na chapa de Bittar, mas já avisou publicamente que segue apoiando Cameli. Márcia Bittar, por sua vez, concorrerá ao Senado, mas na chapa de Mara Rocha.

— A direita do Acre precisa tentar dialogar melhor. Mas são coisas da política. Às vezes, os interesses não se alinham — afirma Rick, ressaltando que mantém o apoio ao governador apesar da decisão do partido.

Comentários

Compartilhar
Publicado por
O Globo